Paris em Lisboa

Macarons! A palavra tem o mesmo efeito em mim que chocolate. Faz-me salivar de desejo. Claro que os descobri no local próprio, Paris, há um ror de anos, passando eles a fazer parte, inevitavelmente, do meu roteiro gastronómico sempre que me desloco à capital francesa, tal como o chocolate quente do “Angelina”, ou as propostas culinárias de Joel Robuchon ou de Alain Ducasse. Sou um animal de hábitos!

Confesso que me agradam particularmente os de Pierre Hermé, pela perfeita crocância da massa de amêndoa, pela maciez, suculência e até originalidade dos recheios, criados em colecção consoante o binómio de estações do ano habitualmente usado na moda (Primavera/Verão … Outono/Inverno). Cada macaron é cuidado como se fosse uma peça de alta costura. Porém é “Ladurée” a marca que leva a melhor no que toca à projecção dos macarons a nível internacional.

Tudo começou com Louis Ernest Ladurée, em 1862, quando este abriu uma padaria na rue Royale. Na época “La Madeleine” era um bairro de negócios já com os maiores artesãos do luxo francês ali instalados. Em 1871, já o barão Haussman havia transformado a fisionomia da cidade, rasgando-a em grandes e elegantes avenidas, a padaria daria lugar a uma refinada pastelaria. Para tal muito contribuiu o pintor Jules Cheret, ao usar na decoração da casa original, como inspiração, as técnicas pictóricas utilizadas nos tectos na Capela Sistina e na Ópera Garnier. Mais tarde, será a mulher de Ladurée que tem a ideia de transformar o café/pastelaria em casa de chá, uma das primeiras da cidade, um conceito muito do agrado das senhoras da sociedade, uma vez que a poderiam frequentar com total liberdade.

Hoje a marca está presente em algumas das mais importantes cidades da Europa, e não só, e Lisboa não é excepção. Já abriu, entre nós, a primeira “Ladurée”, integrada no refinado conceito gastronómico que o grupo Amorim nos propõe no edifício do Teatro Tivoli, em plena Avenida, através do seu restaurante e do seu bar “JnCquoi”, de que já lhe falei aqui e de que sou agradado cliente. Ali podemos encontrar muitos dos clássicos da superior pastelaria francesa feitos tal e qual estivéssemos na casa mãe, segundo as receitas originais, mas também há gostosas opções para refeições ligeiras. Os macarons esses ganham no pódio das preferências, de tão afamados e deliciosos que são. Não será por eles que me sentarei à hora do lanche na “Ladurée” lisboeta, que sou da opinião que há coisas que têm um sabor irrepetível no local onde nasceram, se bem que há quem diga que a verdadeira origem do bolo seja veneziana (não me imagino a querer um pastel de nata em Istambul), mas há tanto mais para me levar até lá: o serviço elegante e atencioso, o chá perfumado e confortante, e até a decoração, de gosto discutível, é certo, mas que obedecendo a uma estética própria da marca, nos faz viajar até à cidade-luz. É isso: se quiser ir a Paris sem sair da Avenida da Liberdade, já tem onde.

6 comentários a “Paris em Lisboa

  1. Antónia Marques

    Manel obrigada pela dica ! Paris mais perto de mim e… Douceur ! Bjns até 6a. Feira

    PS. Amanhã, em casa, vou assistir à decoração da nossa Árvore de Natal

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