Nem sei por onde começar, tanto lhe quero contar sobre este dia inesquecível. Talvez o melhor seja mesmo começar pelo Museu do Bordado e do Barro, já que foram essas artes tradicionais que me levaram a querer ir a Nisa. Comecemos então pela casa que as guarda e enaltece, antiga cadeia nova, totalmente recuperada para a função (1), revelando-se muito eficaz enquanto espaço museológico, se quisermos saber o que importa sobre os usos e costumes nisenses. Dali saímos com vontade de conhecer quem ainda cumpre a tradição da olaria pedrada (2)(3)(4)(5)(6)(7)(8)(9), dos bordados e alinhavados (10)(11)(12)(13)(14) e das aplicações em feltro (15). Já não são muitos os(as) mestres (as), por isso quero acreditar que alguma coisa será feita, por quem tem a responsabilidade de o assumir, para que não se percam irremediavelmente estes e outros saberes únicos que marcam a identidade de um país.
(1)
(2)
(3)
(4)
(5)
(6)
(7)
(8)
(9)
(10)
(11)
(12)
(13)
(14)
(15)
Foi com um risonho “olá” que entrei no posto de Turismo, para colher informações, mas pelo visto soube a pouco a quem me recebeu com espevitada resposta: “para já quero um beijo!”. Depois de osculada, a Andreia, revelar-se-ia inexcedível em simpatia e eficácia profissional, mostrando comovente apego pelas artes desta terra que é sua pelo coração, já que por nascimento é de bem juntinho a Lisboa, ainda que na margem sul. “Vá ali aos barros, e depois do almoço levo-o a conhecer quem ainda faz os bordados, os alinhavados e as aplicações de feltro”. E assim foi. Comecei pela casa da olaria regional, ali na Praça da República, para logo perceber que quem me atendia, efusivamente, era Maria da Graça Louro, mulher de António, um dos três oleiros que ainda resistem. Se a eles se deve a extracção, a preparação e modelagem do barro, esse sangue da terra, é às mulheres que cabe a delicada tarefa de decorar as peças antes de elas “perderem a verdura” e serem levadas ao forno. “Os homens não sabem desenhar nem pedrar. Não têm paciência, que aquilo é tudo pedra miudinha”. É mesmo trabalho de minúcia, como quem borda o barro, com quartzo, de um branco leitoso porque também foi cozido, fragmentado em minúsculos pedaços. Riscada a peça com uma agulha de coser são as pedrinhas incrustadas a preceito, e assim toda a olaria de Nisa ganha “ar de festa” e um cunho inconfundível. (16)(17)(18)(19). Que bem que vão ficar as garrafas e cantarinha que comprei, nos quartos cá do monte, para acalmar as securas que nos possam dar pela noite.
(16)
(17)
(18)
(19)
São os bordados de Nisa de extremo gosto e criatividade. E se bem que possam ser aplicados em xailes, coberjões (cobertores), entre outras peças, usando o ponto de cadeia, de fio torcido ou pé de flor, é nos alinhavados de Nisa que eles alcançam o expoente máximo da sua qualidade artística. Mais parece filigrana de linha e linho. (20)(21)(22)(23)(24)(25)(26)(27).
(20)
(21)
(22)
(23)
(24)
(25)
(26)
(27)
Deslumbro-me ainda com as aplicações em feltro, outro dos antigos saberes típicos de Nisa, ainda que comum aos centros produtores de lã, nomeadamente da região da Serra da Estrela. E se ali se associam aos capotes dos pastores, em Nisa as aplicações estão presentes nos cobertores, nas camilhas, em centros de mesa, em cortinados, em saias e outros atavios (28)(29)(30)(31)(32)(33). Gosto particularmente desta arte, exuberante nos seus motivos e cores, até gracejo quando as vejo: “são cores à Goucha”. Não resisti a um coberjão laranja com aplicações em azul Alentejo. E logo pensei num destino a dar-lhe, que não o costumeiro: em vez de o pousar sobre a cama parece-me que dele irei fazer a própria da cabeceira. Não acha uma boa ideia?
(28)
(29)
(30)
(31)
(32)
(33)
Em pedindo, será a Andreia também a mostrar-lhe a Valquiria (34)(35)(36)(37)(38)(39) concebida por Joana Vasconcelos, satisfazendo assim uma encomenda da própria Câmara Municipal. Faz sentido vê-la depois de calcorreada a vila e conhecidos os seus filhos mais dilectos, que para mim os artistas são o sal da terra, como que a celebrar todas aquelas artes tradicionais. Depois de ter andado pelos mais luxuosos salões, como os de Versalhes ou os da Ajuda, a obra está agora em exposição no Cine-Teatro de Nisa. É a tradição ao serviço de uma estética arrojada e moderna. O nome da obra “joanina” (Valquiria Enxoval) remete-nos ao tempo em que as moças casadoiras iam fazendo o seu enxoval para na véspera do casório tudo ser exposto nos quartos da casa e vendido. Era com o dinheiro que se obtinha que se começava uma vida a dois, quando não dava mesmo para comprar uma casinha. Bordados, alinhavados, aplicações em feltro, todas as artes nisenses vestem esta Valquiria, e nem a olaria pedrada foi esquecida. Confesso-me fã das obras e do talento da Joana, mas entendo o desconforto que algumas senhoras da vila sentem perante a “bicha voadora”, mais a mais ao saberem esquartejadas uma ou outra centenária toalha de rosto, que possam ter vendido , com vista à elaboração da peça.
(34)
(35)
(36)
(37)
(38)
(39)
Mas o melhor de Nisa são as pessoas. Porque são elas que nos enfeitiçam com o seu talento, a sua inspiração, a sua simpatia… a sua nobreza. Não mais esquecerei, entre tantas, aquela senhora que me saiu ao caminho para me beijar, com grande alarido, e logo reparando em quem ia ao meu lado disse alto e em bom som: “olha o senhor Rui! Também o quero cumprimentar. Dê cá um beijo!”.
Boa tarde MLG,
Desejo desde já uma boa Páscoa.
Sou proprietário de uma casa em Arez, aldeia que fica a 6km de Nisa, onde antigamente era obrigatório passar , fica mais perto da IP6 e de Amieira do Tejo que já foi aqui comentado.
Amieira do Tejo foi a terra por onde começei por procurar casa, pois encontrei um velhote no Tribunal de Cascais, com o qual meti conversa e o mesmo me disse que era de Amieira, daí um dia me pus á estrada e fui conhecer, vi as mulheres à beira do rio a lavar as tripas para fazer enchidos.
Adiante vim a fechar negócio nesse mesmo dia lá em Arez através do Sr Luís da mercearia, quem for dali sabe de quem estou a falar, hoje já falecido, assim como uma Sra chamada Lourdes, que tinha as chaves das casas dos não moradores, que era o meu caso.
Não tenho raízes lá, inclusive comprei casa por ali ao acaso, mas adoro o Alentejo.
A Praça de Touros de Nisa é a porta de entrada de Nisa de quem vem de Arez, depois de umas tantas curvas com grandes rochedos.
Tenho saudades das cavacas de azeite e do queijo comprado diretamente ao produtor.
Tenho saudades de ver as árvores com os ninhos de cegonhas em Alpalhão, assim como fazer aquelas retas alentejanas.
Este verão se Deus quiser vou até Nisa.
Já acompanho o MLG desde o programa “Olha que dois”, que era gravado na Abrunheira nos Estúdios Edipim, onde fui á gravação por várias vezes.
Estou a falar do início da carreira de apresentador.
Grande abraço MLG
Jorge Filipe
Os meus pais são de Arez, uma aldeia a 7 kms de Nisa. Em pequena passava as minhas férias nessa bela terra, que saudades desses tempos, que os guardo dentro de mim com muita saudade. OBRIGADO Manuel Luís por este bocadinho e por se lembrar de Nisa.
Boa noite M L Goucha, é sempre um prazer saber que gostou da visita que fez a esta linda Vila, assim como da maneira como foi recebido, as pessoas é que fazem os locais terem mais encanto.
Tudo o que está ilustrado nestas fotos é o melhor que temos em Nisa assim como unico em Portugal.
Como munícipe desse belo local o meu muito obrigado pela “publicidade”, só faltou mostrar os tradicionais e afamados queijos tão procurados e comercializados nos mais diversos pontos do nosso Portugal.
Não querendo fazer deste seu blog um local de comercio, passo a informação que a casa ilustrada nas fotos 48, 51 e 52 se encontra para venda, mas informo que jamais abandonarei este local tão aprazível, é apenas uma pequena mudança na mesma rua.
Grande abraço
PPires
Pela terceira vez estou a escrever,é a ultima. Nao sei mais o k hei-de fazer. Será k tenho k carregar tbm no partilhar? Já disse td acerca de Nisa,adorei,já conhecia um pouco dos trabalhos, só nao conheço Nisa. Aliás no Alentejo só conheço Évora e Arraiolos e agora pela mudança da vida não devo ir conhecer mais nada. Gostei da sua blusa tem um desenho fora do vulgar e gostei do conjunto onde está de verde,até no campo mostra o seu bom gosto e personalidade. Um abraço para si e Rui. Vê- se k está feliz parece estar nos 50 anos …Muitas felicidades aos dois.Onde está o erro?
Pela terceira vez estou a escrever,é a ultima. Nao sei mais o k hei-de fazer. Será k tenho k carregar tbm no partilhar? Já disse td acerca de Nisa,adorei,já conhecia um pouco dos trabalhos, só nao conheço Nisa. Aliás no Alentejo só conheço Évora e Arraiolos e agora pela mudança da vida não devo ir conhecer mais nada. Gostei da sua blusa tem um desenho fora do vulgar e gostei do conjunto onde está de verde,até no campo mostra o seu bom gosto e personalidade. Um abraço para si e Rui. Vê- se k está feliz parece estar nos 50 anos …Muitas felicidades aos dois.Onde está o erro
Numa próxima visita não deixe de visitar a aldeia de Póvoa e Meadas, que fica a cerca de 14 quilometros de Nisa. Vai ver que vai adorar.
Olá MLG
Gosto sempre das suas “reportagens”, das fotos, etc. etc.
Só posso agradecer-lhe pela partilha!
Um abraço,
Manuel Luis, que bela reportagem de Nisa, apesar de conhecer alguns locais do Alentejo, particularmente a Nisa nunca fui e adorei o artesanato e os bordados. Que bonita forma de ter tirado as suas férias e nos motrar um pouco de cada local. Muito obrigada e uma boa continuação de visitas. Um abraço para si. Luisa Capelo
Boa tarde, adorei as fotos e a arte do nosso querido Portugal.
Obrigada
MLG
Que dia tão rico…Nem sei o que diga…O meu pai era da Amieiro do Tejo e em pequena lá íamos nós à terra… Adorava os queijos frescos, feitos por uma tia e o ponto alto daqueles dias era ir à Nisa comprar uma bilha de barro…que depois trazia para casa…como éramos três manas naquela altura eram três bilhas que o meu pai comprava… Um ano parti a minha e pus os cacos no saco da minha mana e tirei a dela para mim…Ela quando viu…desatou num berreiro… Eu nunca disse nada a ninguém, mas deixava ela brincar com a minha que no final de contas era a dela….adoro essas bilhas… Beijs e obrigado por me fazer lembrar esse tempo que foi fantástico!!!!
Obrigado Paulinha. Um beijo
Viva Amigo Luis Goucha já estive no seu programa com as 24h de bateria á uns anos atrás, tive pena de não ter estado consigo aqui em Nisa, gostaria de lhe dar um grande abraço, estava em Espanha é onde nesse momento estou a tocar, numa banda de originais até que estamos em estúdio a gravar para a saída de um CD, espero que tenha tido uns bons momentos em Nisa, desejo-lhe umas boas Férias, um grande abraço e beijinhos á sua colega e amiga Cristina Ferreira.
Maravilhosos bordados muito lindos, mas especial o n 23 adorei e o bordado das cantarinhas linda coleção parabéns
Bem, eu fiquei-me nas cantarinhas, que jeito que dão para manter a água fresquinha nesta noites, como se usava na minha aldeia antes de chegar a eletricidade, já o meu marido haveria de trazer um carregamento industrial de queijos, o que aquele homem gosta de queijo de Nisa!
Obrigada pela viagem!
Tenho de tudo na minha casa do Entroncamento, Manuel! Mas eu sou suspeita, afinal estamos a falar da minha terra. Obrigado pela divulgação, as pessoas e a Arte fazem de Nisa aquilo que ela realmente é, a melhor.
Caro Manuel,
Como munícipe do concelho de Nisa quero expressar aqui a minha gratidão, não só pela ilustre visita mas também, e principalmente, pela divulgação da mesma.
Está mais que provado que as suas publicações conseguem alcançar muita gente, particularmente nas redes sociais, e assim sendo esta sua publicação à cerca da visitação que realizou à vila de Nisa nada mais é do que um bom cartão de visita a tantos fãs que o seguem pela Internet.
São raras as vezes em que se ouve falar deste que é o concelho mais a norte do Alentejo onde a mescla com a Beira Baixa já se faz notar, e é por isso que lhe estou tão grato. Por vezes nem os próprios residentes dão valor aquilo que têm por cá e são precisos testemunhos e opiniões afamadas para que tenham um pouco mais de orgulho naquilo que também é seu.
Tenho pena que não tenha feito uma paragem pela minha querida vila. Como já referi, sou apenas um munícipe deste concelho. A minha localidade fica 12km a sul, possivelmente terá passado por cá (se é que veio diretamente de Monforte), e é conhecida pelos seus magníficos enchidos, pelos mesmos bordados, pelas inúmeras tradições, pelas “mijoninhas” (que conheceu aquando da minha ida ao “Você na TV” em novembro de 2014), e pela pedra, que com tanta arte preenche a vila intitulada Alpalhão.
Não é um lugar deslumbrante como a maioria que nos costuma apresentar aqui no seu blog (sou sincero), mas, tal como todos os lugares, é especial à sua maneira. É certo que carece de muita informação/divulgação nem tem nenhum posto de turismo que lhe possa fornecer isso mas se um dia tiver oportunidade e desejo de aparecer por cá terei todo gosto em guiá-lo e partilhar consigo aquilo que sei e tanto gosto me dá em propagar.
Sou jovem, tagarela e estou desempregado, por isso não será incómodo nenhum. Fica o convite! 😉
Olá Rui
Neste dia falamos muito das tradições de Alpalhão que um dia haveremos de conhecer.
Um abraço
A minha terra!!!!! Obrigado!!!! O Dr. Quintino tbm é dai!!!!
Adorei relembrar estas maravilhas, os bordados, as cantarinhas, esse trabalho minucioso , q. eu conheço bem pois morei perto de Alpalhão ,e gostava muito, Já lá vão muito anos ,e só lá voltei uma vez já casada …..obrigado Manel um beiji…..
Adorei ler o que escreveu sobre Nisa. Também gosto muito desta terra!! Tenho algumas bilhas. Quando era pequena e vivia em Lisboa vinha muitas vezes à minha Aldeia Velha! Vinha de comboio até ao Barracão e era “obrigatório ” comprar uma bilha quando o comboio parava em Nisa. Havia muitas mulheres que apregoavam ” água e bilha”. Bons tempos!!!
Boa noite Manuel Luis! espero esteja a passar umas boas férias,como vou acompanhando, através do que publica,tenha mta saúde para se gozar,da sua casa alentejana…receba um beijo com carinho,e á srª sua mãe….