Viram a cara dos nossos concorrentes quando destaparam a caixa mistério? Salsifis?! Salicórnia?! Muxama?!… Pois esse era o desafio, cozinhar com produtos pouco, ou mesmo nada, habituais na mesa dos portugueses, porém alguns deles fáceis de encontrar em bons supermercados.
É o caso do Salsifis! Já os gregos antigos consumiam esta raiz-legume com agrado e conheciam-na como “barbas de chibo”, vê-se bem porquê. Não se conhece a sua origem, mas a sua fama foi conquistando povos ao longo dos séculos. Os franceses medievos adoravam-na e consumiam-na em diversos preparos. Com Luís XIV, que por ela não morria de amores, o seu consumo ficou circunscrito às regiões mais frias de França, como a Lorena e a Alsácia.
O Salsifis é rico em açúcares, o triplo do que habitualmente podemos encontrar na maioria dos legumes, contudo é bem tolerado por diabéticos, dado serem açúcares de fácil assimilação. É ainda interessante o seu aporte vitamínico, sobretudo em vitaminas do grupo B.
Que fazer com o Salsifis? – perguntar-me -á. Primeiro descascá-lo e depois cortá-lo em pedaços. Pode cozer em água ou assar no forno com sal, tomilho e fio de azeite. Pode consumi-lo cru em salada, ou em puré, como acompanhamento de carnes.
Salicórnia
Só o Pedro a conhecia e bem, pelo que a podemos saborear em atinada fritura. Sendo ele da Figueira da Foz, está já habituado a esta, que é também conhecida como “espargo do mar”, uma vez que cresce junto às salinas. É uma óptima erva que pode substituir o sal em saladas e outras receitas. Aquela que para muitos, ainda, é tida como erva daninha ou praga, é para os grandes chefs um produto gourmet que, com sabedoria, usam nas suas inspiradas e modernas cozinhas.
Muxama
Os do Algarve, como a Margarida (a nossa “dama de ferro”), conhecem-na. São lombos de atum salgados e secos, por isso há quem diga ser o “presunto do mar”. Curioso é saber que a receita é a mesma que fenícios e romanos faziam há dois mil anos. De sabor intenso, tem de ser utilizada com tento, não vá aquele anular todos os outros sabores escolhidos para o prato a apresentar.
O prazer da cozinha passa pela descoberta, pela pesquisa, pelo conhecimento. Esta terá sido uma das provas mais desafiantes e estimulantes para todos, jurados incluídos.
Já a prova de equipas se afigurava de maior facilidade, dado que o que tinham de cozinhar era carne, peixe e legumes, por certo habitualmente manipulados por quantos estão em competição. Pensava eu… mas redondamente me enganei, que talvez devido à pressão do tempo contado, irrepreensível mesmo só a lasanha de legumes da equipa azul. Gulosa, suculenta. De me crescer “água na boca” só de, agora, a recordar. Mérito da Cristina, diga-se em abono da verdade. Interessante será perceber ao longo do programa de que forma é que os concorrentes, que se vão mantendo em prova, vão evoluíndo. Esse é também um dos objectivos do Masterchef e para isso hão-de contribuir as Masterclasses e quanto se procura transmitir no decorrer das gravações.
Fica o facto da prova ter decorrido nos estúdios da Plural, onde é cozinhada muita da melhor ficção nacional. Usaram-se os cenários de “O beijo do escorpião”, para misturarmos ficção e realidade entre concorrentes do Masterchef e personagens da novela, como a azougada Tina Castelo que aproveitou para um discreto “empernanço” com o chefe Miguel Rocha Vieira. E algumas picardias, entre concorrentes, que sempre ajudam a temperar a acção daquele que é acima de tudo um programa de televisão.
A hora da refeição e avaliação, no refeitório da Plural, revelou-se um óptimo pretexto para rever actrizes que admiro, pelo talento e dedicação à arte maior de representar, casos de Cucha Carvalheiro, Sandra Faleiro…
Recordo ainda algo que não viu, porque já desligadas as câmaras e no rescaldo da vitória da equipa azul: a alegria incontida do Filipe, o jovem de Almada, a quinquagésima primeira colher de pau dada no Terreiro do Paço (quando só estava prevista a entrega de cinquenta) numa aposta clara do chefe Miguel. Ao ouvi-lo dizer “estou tão feliz!”, quis saber a razão do seu contentamento. Prontamente me respondeu: “estou feliz por tudo quanto estou a aprender. Estou a aprender tanto!”. O Filipe, já adorado por todos os concorrentes, ainda nos vai comover muito nesta aventura de treze semanas, mas para já é tocante, aos olhos dos jurados, a sua humildade e sede de conhecimento.
Também a prova de eliminação não foi de todo feliz. Queria-se uma tarde merengada e foi aquilo que se viu e nós provámos. Convenhamos que talvez não haja grande espaço para recriar a receita original, mas pelo menos exige-se uma massa fina e quebradiça, recheio cremoso, acídulo quanto baste e uma cobertura de merengue crescido e tisnado por vontade do grill ou do maçarico.
E lá se foi o Lobão, ou melhor, o João Duarte, que Lobão é nome de outras guerras e paixões como a da música que põe na qualidade de DJ. Para a prova de selecção preparou um
risoto de citrinos e um magret de pato que pôs um júri a “uivar” de prazer, ainda que o empratamento deixasse a desejar. Disse-nos gostar, na cozinha, dos cheiros e das texturas. E também confessou não ser dado a bolos. Viu-se como tinha razão, que desta “miou fino” com uma tarte a tramá-lo. De vez? Isso agora…
Notas à margem:
Patrocínios do melhor.
Marcas como o “El Corte Inglês” e a Smeg atiram o Masterchef para um patamar, ainda, de maior excelência.
O supermercado a que têm acesso todos os concorrentes é farto em produtos frescos, e não só, de grande qualidade. Também a oferta em áreas tão diversas como, por exemplo, a das plantas de bom cheiro e especiarias é irrepreensível. Por isso, o “El Corte Inglês” revela-se uma ajuda valiosa no momento de responder aos desafios culinários.
Smeg é sinónimo de tecnologia com estilo.
A história da marca tem 65 anos e é sustentada pela paixão e pela visão empresarial.
Os electrodomésticos Smeg são de superior qualidade, por isso ter vários frigoríficos da marca no supermercado é uma mais valia para a competição, no que toca à preservação de todos os produtos que reclamam frio e, consequentemente, à segurança alimentar.
E assim se fez o quarto programa do Masterchef.
P’ra semana “damos-lhe o arroz!”
Boa tarde Manuel Luís.Ontem á noite nao vi o Masterchefe todo.Peço desculpa mas nao tive paciencia.É compreenssível alguns concorrentes nao saberem,o que era a salicórnia,Muxama, Salsifis etc etc.Eu também nao sabia.Agora nao é admissivel cozer borredo em agua e sal para depois assá-lo.Nem fazerem um arroz como deve de ser. E depois nao cabe na minha cabeça ver um concorrente sentado nao chao frente ao forno ,batendo claras..Já é muito feio faze-lo sem estar na televisao imagine eu sentada no meu sofá assistindo áquela falta de educaçao num programa de televisao.O concorrente tem que tomar muito chá para se comportar um bocadinho melhor.Peço desculpa Manuel Luís pelo meu desagrado .Um abraço.O SENHOR é o Maior nas boas maneiras.Gertrudes
Não esqueça que estamos num país onde 90% dos restaurantes, e 100% dos mais humildes, servem salada onde só entra alface tomate cebola. Qualquer pessoa saudável (julgo que ainda haja controlo de sanidade) pode abrir negócio de restauração sem que entidades oficiais peçam diplomas de frequência básica em escolas de hotelaria ou semelhante. Acompanhamento limita-se a batata e arroz, e quantas vezes juntos. É uma pobreza dietética. Salvam-se os pratos “de tacho” de demorada confeção que honram a culinária portuguesa, servidos em doses enormes (farta-brutos)
Adoro o programa do MasterChef, versão portuguesa!
Além dos candidatos que aprendem, também nós portugueses, enquanto meros espectadores aprendemos tudo quanto é devorado em quase duas horas de programa semanal.
Obrigada por isso Manuel Luís Goucha!
Parabéns Manuel Luis!
É um bom programa.
Mas muito setressante, quando termina sinto-me cansadissima, com tanta pressão
Tiro o meu chapeu aos concorrentes, não teria a coragem deles.
Quanto ao Manuel Luis é sempre aquele Senhor cheio de presença, parabéns por isso
Gosto muito de si.
Um abraço.