É incrível mas é verdade, não conhecia a Vila de Alcochete e não fosse o MasterChef por certo continuaria na ignorância por muito mais tempo, e logo ela magnífica e a dois passos de Lisboa. Passo a explicar: as gravações do MasterChef decorreram nos estúdios da Barroca, situados na Herdade da Barroca de Alva, pertença do cavaleiro tauromáquico José Samuel Lupi, bem perto da vila, e uma vez que elas decorriam durante a tarde, tendo eu que estar no mesmo estúdio no dia seguinte, manhã cedo, achei que não fazia sentido pernoitar em casa, a uma hora de carro, quando podia ficar a cinco minutos. Foi assim que, ao escolher a “Quinta da Praia das Fontes” como unidade de turismo de habitação, acabei por descobrir uma vila carregada de história e tradição. Hoje voltei com algum tempo para a calcorrear, descobrir alguns dos seus muitos pontos de interesse e assim compreender o fascínio que exercicia em algumas figuras da corte portuguesa (reis e infantes) a ponto de a elegerem como terra de passeio e veraneio.
Comecei pelo Largo de São João, uma das salas de visitas da vila. Talvez o largo mais importante uma vez que é ali o edifício da Câmara Municipal, um antigo solar do século XVI transformado em Paços do Concelho no século XIX.
No topo do largo evidência-se a Igreja Matriz, consagrada ao santo que também o largo evoca: São João Baptista. Mais um mês, a bem dizer, e o padroeiro será, de novo, festejado em grande com devoção e muitas fogueiras, arraiais e foguetório. A fachada impõe-se gótica com um belíssimo portal de arcos ogivais e uma rosácea de doze raios, completada pela torre sineira manuelina. Lá dentro o destaque maior vai para a capela-mor rica em talha de ouro, com painéis azulejares nas paredes, representando o baptismo de São João e o nascimento de Cristo e pinturas alegóricas, no tecto, em caixotões.
Gostei de ver que há esplanadas nos vários largos (ou praças), para que munícipes e visitantes possam fruir a vila em pleno e particularmente quanto cada um exibe e evoca da sua história e gentes. Na Praça da República é a figura do salineiro que é recordada, protagonista maior de uma actividade que já foi importante para a economia do concelho. Lá vai tempo em que estes homens percorriam a pé todo o caminho entre a vila e as marinhas, para começarem a rapar o sal antes mesmo do dia acordar.
D. Manuel I aqui nasceu, a 31 de Maio de 1469, diz-se até que terá sido ali na Quinta das Praia das Fontes, um dos edifícios mais notáveis de Alcochete. O rei virtuoso está imortalizado frente ao solar que foi pertença do Marquês de Soyos, numa estátua de Vasco da Conceição inaugurada quinhentos anos após o seu nascimento (1969). Na mão esquerda a esfera armilar, símbolo de toda a gloriosa gesta dos Descobrimentos, na outra o ceptro, símbolo do poder real. O seu olhar parece perdido no horizonte, na contemplação de Lisboa e da ponte que evoca o nome de um seus mais célebres navegadores. A 21 deste mês, Alcochete receberá, em festa, o “rei” e a “rainha”, numa reconstituição histórica, com chegada ao cais pelas 16 horas, para a celebração dos quinhentos anos do foral que D. Manuel lhe concedeu (1515) emancipando assim o concelho. A propósito este será o ano de todos os festejos.
Entrar na instalações privadas da família proprietária da Quinta da Praia das Fontes não é para qualquer hóspede. Tive esse privilégio num final de tarde, terminadas as gravações, quando os senhores da casa me convidaram para um chá no magnifico salão, onde a família se reúne à conversa frente a uma monumental lareira em madeira e azulejos. Mandou a polidez que só discretamente pousasse o olhar aqui e ali, tantos são os vetustos e valiosos objectos e peças de mobiliário que espessam o ambiente. Até o soalho de tábua corrida é o original. Hoje voltei a fazê-lo e de novo me senti Manuel III sem outro dom que não seja este de tudo querer absorver.
Apesar de ter pernoitado várias vezes num dos quartos que se abrem para o pateo, nunca tinha tido tempo para entrar na quinta propriamente dita, para um passeio breve que fosse. Sempre são dois hectares de caminhos, verdura, flores e frutos, como que num cenário à parte, convidando-nos à dolência e saboreio do instante, que entre o passado que já lá vai e pouco importa e o futuro de que nada sabemos, há um presente que teimamos em desperdiçar.
Do terraço deito um último olhar sobre o Tejo que nos acompanhou em todo o passeio e penso que em breve tenho de voltar, para desta me aventurar na reserva natural do seu estuário, que dali se estende até às lezírias de Vila Franca.
Não fosse o MasterChef e eu continuaria sem saber de uma vila tão perto e com tanto para nos oferecer.
Olá Manuel
vi o seu documentário sobre Alcochete e, como lisboeta, passei a fazer desta terra o meu ninho familiar há 4 anos. Sem dúvidas foi uma das escolhas mais profundas e marcantes da minha vida e, cada dia que passa, tenho orgulho em tê-la tomado. É um lugar encantador, onde a natureza, a própria geografia da vila e as pessoas, fazem desta perola um lugar único e tão perto de Lisboa. “Felizmente” que ainda não há muita gente que a conhece…apenas param no Freeport e voltam ás suas vidas de sacos cheios. Não sou seu seguidor, raramente vejo televisão mas adorei o vosso trabalho efetuado neste local. Ás vezes temos pequenos paraísos bem à nossa porta e nem reparamos neles. Há muita coisa que falta fazer nesta vila, mas creio que virá a ser uma pequena “Cascais” da margem sul daqui a uns 20 anos
Abraço
Sou o caseiro da Quinta Praia das Fontes, o meu nome é Vitor e para além de ter uma enorme simpatia por si como apresentador e homem com H, e não sendo natural de Alcochete, venho por este meio agradecer-lhe a lição de história com que nos presenteou, digna de um catedrático, e desejar-lhe a si e à senhora sua mãe que sei que a idolatra, muita sorte e saúde, são os votos das pessoas que ainda mais o admiram do que antes, porque conhecendo-o pessoalmente como conhecemos já por diversas vezes, o Manuel permita que o trate assim é uma pessoa que se aprende a gostar facilmente.
Um grande abraço do Vitor e um beijinho da Carmo.
Obrigado Victor. Um abraço e um beijo à D. Carmo.
Foi com enorme satisfação que nós os funcionários da QPF, o recebemos, é um orgulho ter-mos privado consigo por alguns minutos. Alcochete é linda… Obrigado por divulgar esta vila maravilhosa, cheia de encantos e história.Volte sempre.
obrigado Salette. Sexta próxima conto passar no Você na TV a reportagem que aí fiz.
Com a saudade no peito deixei esta vila… Se Lisboa me tivesse empregado nunca teria deixado o sitio onde o meu coração ainda mora… a bonita vila de Alcochete. Um dia quem sabe voltarei para um cantinho à beira mar plantado. Mas para já fica um enorme obrigado pelo reconhecimento e pelo carinho com que fala desta vila tão especial.
Manuel Luís, muito bonita a forma como divulga uma terra linda que me acolheu há dez anos, fugindo da minha Lisboa que deixou de me transmitir segurança… Bela lição de história . cumprimentos
Maria João
Gostei mesmo de Alcochete Maria João. Acredito que tenha aí uma outra qualidade de vida. Um beijo
Acredite que sim, aqui encontrei paz e tranquilidade, gente afável que me acolheu muito bem.
Um beijo
A próxima vez que vier cá, tem de ir provar as nossas famosas fogaças, são maravilhosas
Não me vou esquecer Rita. Obrigado
E tanto que ainda ficou por ver Sr. Goucha… Venha mais vezes!
E da próxima não vá embora sem experimentar:
– o por do sol, acompanhado de uma bebida no bar Alcach (mesmo em frente à Qta. onde ficou alojado).
https://www.facebook.com/pages/Alcach-Bar/100611056649182
– Qualquer restaurante em Alcochete é bom, mas o Cantinho do Ti Tonho é um daqueles sítios que imediatamente passa a ser o “nosso cantinho” também…
https://www.facebook.com/oCantinhoDoTiTonho
– na Barroca, caso ainda nao o tenha feito, devia visitar a ermida e os açudes. Lá, na Barroca, tanto o pôr como o nascer do sol são algo que só vendo se percebe 🙂
– De volta à Vila, passe por qualquer padaria e peça uma fogaça das grandes, as pequenas são deliciosas, mas a grande que fica mal cozida, é divinal! 🙂
E se tiver coragem, venha fazer tudo isto e muito mais, na 1ª quinzena de Alcochete, durante as festas do Barrete Verde…
Espero vê-lo por cá em breve 🙂
Ps: caso decida pela opção corajosa, calçado confortável e fechado, e creme para as olheiras são recomendados hehehehe
Obrigado CP pelas sugestões.
A quinta da praia das fontes… um sitio magnífico que me foi mostrado pelo caseiro Alexandre e pela sua simpática esposa Isabel… passei aí momentos maravilhosos… um sitio lindo dentro da minha linda vila de Alcochete.
A barroca de alva outro sítio magnífico da nossa terra… Bem haja Manuel Luís por divulgar o nosso tesouro à beira mar plantado!
Como nos estando tao longe tudo se torna tão perto vendo a nossa terre a terra que nos viu nascer ser vista por este prima eu vivi nesse pátio onde o senhor luis Goucha esteve e filmou nunca vi tal beleza pois eu vivi e quando nos vivemos não temos vagar de ver tal beleza mas estou muinto feliz de a ver agora depois de 32anos que deixei de la viver pois ausenteime para a austrália a minha terra e linda sempre o soube mas fico muinto feliz de a ver assim e que as outras pessoas que não a conheciam poderem a ver e saber mais um pouco dela e um orgolho muinto grande para mim e todos os alcochetanos que estão ausentes bem aja sr:Goucha
Maria Filomena
Fico contente que tão longe tenha amaciado a saudade através do meu texto e fotos. Um beijo
E é por isto tudo que eu digo que A MINHA TERRA É LINDA 🙂 Obrigado Manuel Luís e volte sempre.
Gostei da sua narrativa!
E fez-me recordar a herdade de Barroca de Alva, onde vivi e lecionei no meu primeiro ano de trabalho a um grupo de 12 alunos..
Habitava a escola propositadamente reservada pelo sr. José Lupi para as professoras, mesmo ao lado da mercearia…
Aguçou-me o apetite para lá voltar em breve 🙂
Fique bem
Bem vindo a Alcochete e obrigado por ajudar a divulgar as belezas da nossa terra !
Muito obrigada Manuel Luis Goucha por nos presentear com a sua presença em Alcochete, mostrando culturalmente de uma forma tão sublime como é linda e cheia de história esta vila.
Adoro esta capacidade multifacetada que o Manuel Luís Goucha tem, de tratar tantos assuntos com enorme dedicação e amor.
Eu felizmente tive oportunidade de quando ainda era solteira, de viajar por Portugal de Norte a Sul e conhecer não só as cidades, mas também aldeias e até terras bem pequenas com meia dúzia de habitantes, mas onde se aspirava história e onde os habitantes eram de uma simpatia contagiante, que mesmo sem nos conhecerem, convidavam-nos a entrar nas suas casas e a comer com eles.
O meu pai dizia “enquanto não conhecermos Portugal todo, não vamos de férias, para outros países” e eu hoje agradeço-lhe isso.
Tenho história dessas vivências incríveis, que hoje recordo com carinho.
Adorei o que vi o que li e é bem verdade, não é preciso irmos muito longe, há belezas tão perto de nós mas infelizmente muitas vezes não damos por elas. Beijinhos
Mais uma vez obrigada.Quem diria k a 2 passos de Lisboa havia uma coisa tão bonita. Mas é pena k nem todos possam usufruir dessa paisagem e desse conforto maravilhoso. BJO MANEL
Muito obrigada Manuel Luis Goucha por nos presentear, e nos enriquecer culturalmente de uma forma tão sublime..! sendo uma dádiva, porque é através dos seus olhos que nos mostra a nossa tão bela historia, que por tantas vezes estando no mesmo local não a conseguimos absorver..! Atenciosamente o saúdo com os melhores cumprimentos… Ilda Gil
Obrigada Ilda pelo seu comentário.
Bem posso confessar, que enquanto estudante, nunca gostei de História! Hoje com 32 e volvidos alguns, muitos anos, digo-lhe que gosto e bastante, por isso agradeço estas suas “pequenas” aventuras pela nossa História! Obrigada por nos mostrar mais e de uma maneira tão boa de se ler! Beijinhos e obrigada!
Curiosamente Teresa sempre gostei de história. Obrigado pelo seu comentário.