Um país ou um campo de concentração?

“Doente de 51 anos morre à espera de medicamento inovador para a hepatite C.

Mulher esteve internada sete vezes em 2014 no Hospital de Egas Moniz. Filho quer apurar responsabilidades. Unidade garante que medicamento foi pedido pela primeira vez em Julho, mas a decisão final só foi tomada em Janeiro, demasiado tarde”.

Estava-se à espera de uma notícia como esta. E quantas mais terão de morrer para que finalmente e de uma vez por todas o governo, através do seu Ministério da Saúde, se chegue à frente? Como admitir e pactuar através da nossa indiferença perante este verdadeiro atentado à dignidade humana? É disso que estamos a falar. Uma mulher de cinquenta e um anos que terá trabalhado e descontado, através dos seus impostos, para o Serviço Nacional de Saúde, tem o direito de ser apoiada na doença pelo próprio Estado. Não é atitude criminosa esta de deixar morrer quando sabemos que podemos salvar? Sabemos do estado a que o Estado chegou, por décadas de má governação e despesismo, e tão culpados são uns como os outros. Até nós que votamos sempre nos mesmos, à vez, e não criamos alternativas credíveis, que nos apontem novos rumos e nos devolvam efectivamente a esperança. Cumpra-se o défice, mas não à custa de vidas humanas. Há muito ainda onde cortar despesa. Fundações que não servem para nada a não ser alimentar interesses de quem muito sabe dos meandros, pouco claros, da política, mordomias, regalias (e todos sabemos quais)…  Ou será que para os senhores da(s) políticas somos apenas números (de contribuinte)? Afinal isto é um país ou um campo de concentração?

9 comentários a “Um país ou um campo de concentração?

  1. Maria Natália Rodrigues

    Grande Manuel Luis Goucha que tanto me tenho habituado a admirar, frontal e ‘sem papas na língua’… Não é em vão a admiração e consideração que tenho por si como pessoa e como profissional que é.
    Tem TODA A RAZÃO quando afirma que TODOS NÓS SOMOS CULPADOS no momento do voto, no momento do silêncio, no momento da indiferença! Melhor mesmo seria que, cada um de nós, nas suas atividades profissionais ou pessoais pusesse ‘o dedo na ferida’… Será pedir-lhe muito que, com o seu nível de comunicação, a sua elevada humanidade, possa ir um pouquinho mais além ?
    Obrigada por ser quem é e tudo de bom para si.
    Maria Natália

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  2. Isabel

    Olá Sr. Goucha.
    Bom Dia,
    Subscrevo na íntegra o texto acima. Muito bem redigido, conciso e incisivo. PARABÉNS!.
    Como é possível no século XXI , ter isto acontecido????? Disse e disse muito bem…esta senhora pagou os seus impostos? Para que serve a Constituição , quando ela diz que todos temos o direito à saúde?.
    Bem verdade……a culpa é nossa…….porque na altura da verdade….são sempre os mesmos!
    Fundações, Comissões, nomeações para filhos de gente que, mesmo não estando no Governo, conseguem entrar para secretários, adjuntos e o “diabo a quatro”……..e para a saúde???? Somos só números?????. Quando pensamos que temos um Estado que nos nos protege, porque é para isso que contribuímos…na hora da verdade…deixam-nos morrer…porque o dinheiro é encaminhado para coisas fúteis e desviado …sabe-se lá para onde………É estado do nosso Estado. Obrigada.

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  3. natalia

    boa noite! Queria somente comentar como se consegue acentar a cabeça na almofada e adormecer sabendo que por nossa culpa, por uma decisao nao tomada na hora certa á pessoas em sofrimento e até a morrer.que raio de ser é esse?só pode ser um bicho, nem sei se os animais nao se sentiram ofendidos com a comparaçao.porque houve tanto dinheiro para injectar em bancos que sabiam já estarem falidos e para a saude nao, será que havia outros interesses por detras dessas decisoes.é o que nos leva a pensar. Portugal o nosso povo tem que acordar para os governantes que ao longo dos ultimos 40 anos colocou no poder e ver se querer continuar na miseria a ver os seus politicos a encher os proprios bolsos e dos amigos. Acorda meu portugal!.

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  4. Luis Santos

    Boa Noite ,
    Antes de maiS concordo com Que o Sr. Manuel Luis disse.
    Na minha opinião este governo está completamente sem rumo…não sabem, nem nunca vão saber a realIdade do nosso país,enquanto olharem para números sem nunca irem ver ou vasculhar a realidade do país… Acho que até eles são apanhados de surpresa com as notícias de que á pessoas a morrer à espera nas urgências dos Hospitais portugueses… Pessoas essas que como o Manuel Luis diz, descontaram uma vida todo e mereciam um tratamento Melhor … Assim como qualquer outro ser humano. Um dia algo vai mudar!?

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  5. Fernanda Calçada

    Estou mais para “campo de concentração”, uma doente que foi contaminada com uma transfusão de sangue, que lhe deram num hospital publico… Sei que pode acontecer, mas não devia!! Neste caso a senhora foi vitima por mais de que uma vez. Primeiro teve azar na transfusão contaminado, Depois não lhe deram a oportunidade de se curar… porcaria de gente que não dá seguimento a nada a não ser para o interesse deles próprios. Enfim!!

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  6. Carla Pinto

    Olá Manuel!
    Deixe-me dizer que concordo com tudo o que disse sobre o facto de o nosso governo não ter agido mais cedo, em relação a este caso e a senhora em causa ter falecido, e também com a governação que tem existido por parte do estado.
    Mas não posso também deixar de realçar, que as farmacêuticas também são culpadas…. pois não se justifica que um medicamento custe QUARENTA MIL EUROS, o que faz com que seja insustentável que o medicamento seja disponibilizado para toda a população que necessita do medicamento em causa.

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  7. Armindo josé Queirós Ferreira

    Lamentável, o que os nossos governantes estão a fazer com o nosso País! A saúde está um caos, a justiça é só para os pobres, a economia vai mal e só não está pior graças a alguns empresários que ainda têm algum amor a Portugal e acreditam que apesar de tudo ainda é possível voltar a pôr Portugal no rumo certo.

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  8. Luís Miguel Ramos

    Isto está-se a passar com o medicamento para a Hepatite C, quando um dia houver (o que eu duvido) um medicamento eficaz para a cura do VIH, já se está a ver o que aí virá, vai haver também escrutinio sobre a quem se deve dar ou não o medicamento. Sim porque a meu ver há todo um lobby farmacêutico que não interessa curar ninguém e sim andar com tratamentos paliativos para encher os bolsos. Gente curada não dá dinheiro!

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  9. Assunção Lopes

    É verdade Manuel Luís Goucha eu sinto-me envergonhada de viver num pais assim.
    A saúde tem que estar em primeiro lugar , toda a gente tem direito a saúde.

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