Sim, numa pipa de Jerez lá está a assinatura do nosso Nobel e a esta outras se juntam, cada uma na sua, de inúmeras figuras igualmente maiores das artes e letras, da sociedade espanhola e não só, bem como as de príncipes, reis e estadistas.
Não é por aqui que começa a visita mas é um dos grandes momentos de todo um percurso que leva mais de duas horas e que termina num ou mais copos deste que é dos vinhos licorosos mais famosos do Mundo. Uma das salas, diz-se que arquitectada por Gustav Eiffel para receber a visita de Isabel II de Espanha, exibe, precisamente, nas barricas, as bandeiras dos países para os quais o vinho é exportado, mais de cem, e, claro, lá está a nossa, verde, amarela e rubra.
Gosto de visitar antigas caves por serem misteriosas e teatrais e onde até o cheiro nos embriaga! E estas (em Jerez de la Frontera) têm muito para contar.
A história começa em 1835 quando o jovem Manuel Maria Gonzalez Angel fundou a empresa e assim iniciou todo um apaixonante percurso de vida dedicado ao vinho. Manuel Maria encontrou no seu tio materno José Angel, o tio Pepe, todo o apoio e foi com ele que aprendeu tudo sobre o vinho fino. Em 1844 animado pelo crescimento do seu negócio, muito através da fama que o vinho vinha conquistando em mercados externos, decide associar-se ao seu agente no Reino Unido, Robert Blake Byass e assim nasceu a empresa Gonzalez Byass que vai já na quinta geração da família Gonzalez a presidi-la, tanto mais que os descendentes da família Byass decidiram afastar-se do negócio em 1988. Os filhos de Manuel Maria, os filhos dos filhos e assim sucessivamente, têm sido sempre educados no amor a este vinho.
Ventos de levante trazem a chuva generosa que alimenta a terra branca, para que os vinhedos dêem o melhor de si logo em Março, quando surgem os primeiros brotos. Em Maio já aqueles se apresentam em avassaladoras ondas de verde e depois é o sol a fazer o resto. Pisada a uva, há-de o sumo amadurecer nas barricas de carvalho americano sob o silêncio catedralíceo das caves, só perturbado de quando em vez pelos visitantes, para mais tarde abrir-se num copo, delicado e subtil.
“Quando se bebe um Jerez, está-se a beber Vida” – a frase não é minha mas para remate de prosa não poderia ser melhor. Então à sua!
Ok…
Ao final da tarde, lido umas tantas páginas de um livro, ouvindo os acordes de Paco de Lucia, um cálice de Jerez, poderá cair bem.
Fica a dúvida: qual será melhor?
O escritor, o músico ou o vinho? 🙂
Gostei da explicação do texto.
Boa tarde.
Por acaso, não encontrou uma pipa com o Vinho Madeira (“Madeira Wine”)?
É que os nossos portugueses e antigos navegadores levaram-no até à América e por esse mundo fora…
Gostei do artigo. Saramago havia de estimar essa pipa de Jerez e a Pilar faria uma festa a valer!
Ola,gosto de tudo que publica,e sou fã do seu trabalho,da Cristina,e do Rui.
Gostaria que o Pedro Crispim,estivesse mais vezes na cronica social.
Adoro todas as suas publicações…. Sou uma fá vejo todos os seus programas e da Cristina adoro os dois …sigo tudo o que fazem e o que partilham …..um abraço para si e outo para o Rui
Manel
Obrigada pela partilha que faz das duas extraordinarias viagens e experiencias que suscitam em quem o segue,uma vontade enorme de visitar tudo.
Com a sua descricao tao poetica eleva os espiritos aos ceus,para alem de dar a conhecer o que de bom ha nesta mundo.
Que forma maravilhosa de viver a vida.
Continuarei a segui lo.