Saltei dos sonhos para o dia no “Pavillon de la Reine”, um hotel boutique, em plena “Place des Voges”. O seu nome evoca Ana de Áustria, rainha de França no século XVII. Já aqui havia ficado uma semana, há uns dois anos, pelo Natal, e gostado do seu sóbrio requinte e aconchego.
Depois está a dois passos da Ópera, na Bastilha, que foi o que me trouxe, uma vez mais, a Paris. Assim, aproveito melhor o tempo desta escapada.
A praça é a mais antiga e, acrescento, bonita da cidade. Foi inaugurada em 1612, aquando dos esponsais de Ana de Áustria com Luís XIII, tendo sido, então, baptizada como “Place Royale” (Praça Real). Depois de ter tido outros nomes, em 1800 passaria a ser chamada de “Place des Voges”. Aqui viveram figuras célebres como Georges Simenon, Colette e Victor Hugo, cuja casa está aberta ao público. A ela se deve em grande parte a aura que o bairro do “Marais” mantém intocável. Por ser sábado, a praça acorda mais tarde, pelo que ainda há poucas pessoas a passear no jardim. Tanto melhor para mim, que assim posso fotografá-lo em toda a sua harmonia e beleza.
Tantas vezes vim a Paris e nunca por aqui tinha andado. Impressiona todo o conjunto arquitectónico inaugurado por François Miterrand em 1995, tratando-se da maior biblioteca de França e uma das maiores do Mundo. É o depósito legal de tudo quando se publica em França, mas tem igualmente por missão a procura e difusão de conhecimento através de diversas actividades, nomeadamente colóquios, conferências, concertos e exposições. Passa a ser ponto obrigatório em outras vindas.
Levei três horas, e mais tempo tivesse, a ver a exposição celebrativa dos 100 anos de Edith Piaf. Ouço-a desde os meus doze anos, que foi quando comecei a entender a língua e as suas canções realistas, histórias da rua, a que Cocteau chamou “tragédies de poche” e as outras de amor. A sua vida breve mas intensa, a sua personalidade, a sua voz e o seu destino fizeram de Piaf um mito. O que cantou continua a encher a minha vida, tal como Brell, Aznavour, Gilbert Bécaud, Juliette Greco, Moustaki, Gainsbourg e tantos outros. Os da geração de sessenta compreender-me-ão.
Quase sempre escolho o “Hotel Meurice“, um dos mais célebres hotéis-palácios de Paris para pernoitar, quando não, como foi o caso, passo por lá para almoçar e nunca saio defraudado de tal forma a cozinha é tratada como arte. Nem outra coisa seria de esperar de um local onde a maestria de Alain Ducasse está presente.
www.dorchestercollection.com/en/paris/le-meurice
Habitualmente cheiro a citrinos: laranja sanguínea, toranja, mandarina, pomelo… tantos os que Sylvie Ganter e Christophe Cervasel trabalham junto com as matérias mais nobres da perfumaria para assim nos oferecerem toda uma gama de colónias muito equilibradas.
Conheci a marca pelas mãos do Patrick e do Dennis, dois jovens holandeses com loja posta no Chiado (SkinLife), e não mais a larguei, mas percebi agora que nas lojas “Atelier Cologne” encontro uma linha exclusiva com outras fragrâncias que também me agradam. Agora vou cheirar a hotel, porque comprei a colónia que os perfumistas criaram para o ambiente do “Majestic” de Barcelona (por acaso, também já lá fiquei uma noite).
www.ateliercologne.fr
16.00
Regresso à “Place des Vosges” para comprar alguns chás na loja “Dammann Frères”. Sou cházeiro mesmo no tempo quente, por isso há que repor o stock lá de casa e depois gosto da marca, também ela ligada, na sua origem, à história da cidade. Optei pelos verdes com aromas florais e frutados.
Sabia que a rua Turenne confluía a bem dizer com a “Place des Vosges”, só não sabia é que teria de andar um bom bocado para chegar ao 133, que é onde se abre a casa de chocolates de Jacques Genin. Podia ter bebido um chocolate quente, dizem que é de chorar por mais, mas querendo eu provar o tão afamado mil-folhas achei por bem não exagerar. Optei por beberricar um chá e ataquei forte no folhado estaladiço que ali se esbarrigava num delicioso creme de baunilha. Muito bom sem dúvida, talvez mesmo o melhor mil-folhas que alguma vez tenha provado. Não saí dali sem uma caixa com caramelos de sabores estonteantes (framboesa/macarujá, manga, cassis, gengibre, macadamia…) Já comecei no desbaste que, para que não percam toda sua qualidade, devem ser consumidos no máximo em três semanas. Ó que sacrifício! Até lhes faço o jeito e vai tudo numa semana! Será este o sabor do paraíso?
Em ponto (como sempre acontece quando o público respeita a Arte, os artistas e todos os que são pontuais) sobe o pano para a única ópera que Ernest Chausson compôs (“Le Roi Arthus”), nisso levando praticamente dez anos, entre 1886 e 1895, e sem que tivesse tido a oportunidade de a ver em cena. Foi uma noite gloriosa para quantos lotaram a Ópera da Bastilha, nesta “premiére” com Roberto Alagna (um dos grandes tenores da actualidade) no papel de Lancelot e o notável Thomas Hampson no do rei Artur. Num dos intervalos, ao consultar, o programa tive a grata surpresa de verificar que um jovem português faz parte desta produção da Ópera de Paris. Tiago Matos, um jovem barítono de Aveiro interpreta o papel de um dos cavaleiros. Com a facilidade que hoje permitem as redes sociais, logo procurei se tinha sítio da internet (www.tiagomatosbaritone.com) e mural no facebook, e enviei-lhe uma mensagem, dando-lhe conta do meu júbilo por ver um jovem português num dos mais importantes palcos da ópera, a nível mundial. Respondeu-me na hora e deste jeito: “Fico muito contente que seja um apaixonado por ópera como eu! Espero que goste desta produção, onde apesar de estar a dar os meus primeiros passos nesta carreira, posso ter o prazer de contracenar com grandes exemplos deste mundo”. Que me desculpe o Tiago por esta inconfidência, mas não podia deixar de registar a humildade própria de quem sabendo o seu caminho não deixa de reconhecer que é com os maiores que se aprende. Desejo-lhe todas as felicidades nesse difícil mas arrebatador mundo da Arte. E estarei atento à progressão de mais um jovem artista português a singrar no estrangeiro.
23.00
Regressei ao hotel ainda a tempo de seguir o MasterChef pela net e antes de me entregar, de novo, ao sonho, mas agora de alma cheia.
8:00 e acordar com uma foto daquelas …
Maravilhosa Manel! Que deslumbre, que bonita, que boa partilha !!!
Paris é um sonho!
Mas tem mesmo João. Exaspero-me por vê-la tão maltratada.
Um abraço e obrigado
Olá Manuel,
Que belíssima maneira de começar a semana! Acabei de ir a Paris e voltar.
As suas letras quando se juntam, transportam-me ecran dentro e acabo quase por sentir cheiros…
Adorei as fotografias…
Um beijinho e um muito obrigada pela viagem que acabei de fazer.
Boa semana.
http://ofabulosodestinodemariaamelia.pt/
Um beijo e obrigado Maria Amélia
Place des Vosges, Manuel, Place des Vosges…
Bonjour MONSIEUR « le Grand » Manuel Luìs GOUCHA,
Permettez-moi, cette fois-ci, de vous écrire dans mon langage le plus usuel et c’est de rigueur avec le lieu de votre visite. De plus, sachant pertinemment que c’est une langue que vous maniez admirablement, je sais que vous n’aurez aucun mal à me lire (je pense même que vous appréciez cette attention).
Merci, encore une fois d’avoir publié et partagé votre séjour avec des photos superbes (je pense que Franck est rendu). Comme d’habitude, j’ai encore appris beaucoup de l’histoire mais cette fois dans un pays qui est le mien. Vous êtes réellement très fort, pédagogue. Le contenu et les textes sont traités d’une forme très ludique.
Il y a encore +/-1 semaine, je visitais Lisbonne et toute la splendeur de cette ville lumineuse, mais effectivement Paris a tout aussi son charme et sa beauté.
Continuez à nous instruire de la sorte. Merci encore pour l’accueil et la sympathie que vous nous avez accordé, lors de notre passage dans votre émission quotidienne (le 8.05.15).
Je vous embrasse respectueusement.
Une fidèle admiratrice : Ana-Paula METILLON
Olá Ana-Paula
Obrigado pelas suas tão amáveis palavras. Realmente não me canso de ir a Paris, nem que seja só por um fim de semana. É a minha cidade preferida. Gostei muito de os ter no programa. Um abraço para todos e voltem rápido ou então encontrar-nos-emos por aí, quem sabe.
À bientot!
Boa noite,
Como deliro ao ler as “cronicas” do Goucha. Fico maravilhada com a sua maneira de escrever. Adoraria saber faze-lo. Como gostaria de o conhecer pessoalmente tal como a Cristina.
Nao sou uma pessoa de choros mas ha tres pessoas que, se eu tivesse o previlegio de os ver pessoalmente, me fariam chorar de emocao. E essas pessoas sao o Goucha, a Cristina e o Ronaldo. Um bem hajam para todos
Escrevo de enfiada o que sinto. Mas sim, gosto de escrever. Um beijo e obrigado Isa.
Boa noite Manuel Luís
Paris, Paris….sem duvida tanto para descobrir, tanto encanto, tanta beleza, uma imensidão de cultura…
Quero a Paris 😉
Obrigado pela partilha de tão belas imagens.
Maravilhoso tudo isto! É caso para dizer…”Je suis étonnée”
http://atualidadesbyclaudia.blogspot.pt/
Na impossibilidade de dar um “pulo” a Paris e de gozar de todo o encanto desta bela cidade, é sempre um deleite poder ler a sua publicação, bem assim, sonhar através das suas fotografias. A Língua Portuguesa tem em si um fiel defensor…
Olá Manuel Luís Goucha era só para dizer que adorei o dia de ontem adorei conhecê-lo pessoalmente não se esqueça de mandar um beijo à Cristina. Amanhã no programa de você na TV não se esqueça de mandar um beijo vou ficar à espera vou me sentir a pessoa mais importante vocés são muito importantes para mim que me alegra o coração não se esqueça mando a foto que vou guardar para sempre