É a memória mais longínqua que tenho de um monumento português fora da Coimbra da minha adolescência. Teria uns dez anos quando entrei pela primeira vez no Palácio Nacional de Queluz e não mais esqueci a emoção que senti na sala do trono, estonteante de espelhos, alegorias, luminárias e dourados. Talvez na altura não tenha absorvido muito da história do Palácio mas com o passar dos anos fui conhecendo-a e registando na memória. Por isso quando entro agora naquela que é a maior sala de aparato logo me assalta o nome de Jean-Baptiste Robillion, gravador e decorador francês, a quem D. Pedro III, marido e tio de D.Maria I, incumbiu da decoração de alguns interiores e do desenho dos jardins superiores, tendo aquele deixado ali também a sua marca enquanto arquitecto ao desenhar o Pavilhão que leva o seu nome. O Palácio inicialmente pensado para residência de verão da família real, e seus jardins, surgem no local da outrora casa de campo e quinta adjacente do primeiro Marquês de Castelo Rodrigo, uma e outras anexadas,em 1654, à Casa do Infantado criada por D.João IV a favor do D.Pedro ainda infante.
Após o incêndio da Real Barraca da Ajuda, diz-se que assim chamada pelo próprio D.José I, por ser um palácio feito de madeira, em 1795, torna-se residência permanente até à fuga da Família Real para o Brasil, aquando da invasão das tropas de Napoleão.
Por fora o Palácio exibe um azul já meio desmaiado pela inclemência do sol, mas por muito que haja quem o tenha estranhado, habituado que era a diversidade de cores e tons no exterior, que iam do verde ao rosa, passando pelo laranja e amarelo, o azul é a cor original segundo vestígios do reboco tradicional encontrados por detrás de alguns bustos em fachadas distintas, isto nos idos de 80/90 do século passado e no decorrer de trabalhos de manutenção. Este azul pardo pode ser comprovado através de uma aguarela de 1826 guardada no Arquivo da Torre do Tombo.
O Palácio e jardins estão uma beleza, dadas as intervenções de recuperação iniciadas em 2015 pela gestora do monumento, a Parques Sintra, envolvendo milhões de euros, uma empreitada que decorre a bom mas cuidadoso ritmo, que isso exige a dignidade e importância de tão galante conjunto, representativo da estética dominante de finais do século XVIII.
Pena que a maioria dos turistas que nos visitam seja levada directamente para Sintra, já que ali se concentra grande número de inesquecíveis monumentos, sem que pare em Queluz ou melhor no Palácio, que a bem dizer a cidade nada mais de interessante e belo tem a oferecer (sejamos francos!). Cabe a nós fazê-lo e com regularidade, que há sempre coisas empolgantes a descobrir a cada ida!
Lindo, linda a nossa arquitectura palaciana…
O nosso Hermitage Português.
Belas fotos .
Adoro o Palácio de Queluz, e esta publicação lembrou-me, que tenho que regressar brevemente para conhecer o resultado das novas obras, nomeadamente o jardim botânico e as estufas dos ananases. Pena é, que não se consiga deslocar o IC19… mas isso é outra conversa.
Obrigado pela partilha e pelas fotografias magníficas.
Olá, bom dia!
Fotos magníficas – como sempre mais uma lição de história !!!!!
Bom domingo,
Bem descrito. Mas mostra algum desconhecimento.
O azul por fora é deste ano e não é amarelecido pelo sol.
Eu visitei este palácio lindíssimo. Quero voltar a visita-lo pois ha muito o que se ver. Maravilhoso.