Mais olhos que barriga!
Foi o que teve a Marta na última das provas, a da eliminação, ao querer impressionar os jurados com uma megalómana sobremesa que integrasse ou acompanhasse o gelado “Carte D’Or”. Ela bem queria fazer uma telha para esconder o gelado, e mais uma espuma e mais ainda uma gelatina de cardamomo, mas não contou com um ingrediente que acabou por a perturbar irremediavelmente: o nervosismo. Arriscou, o que é meritório e a ter em conta, mas será que vale a pena arriscar tanto neste tipo de prova, a única a ditar a saída de competição, quando pouco se tem a perder na primeira, habitualmente a da caixa mistério?
A Joana, entretanto regressada à cozinha do MasterChef através da repescagem, pelo contrário, jogou pelo seguro e se bem que não nos tenha mostrado grande rasgo na criação da sua sobremesa, a simplicidade aliada à maciez e ao sabor do seu bolo de ananás (pena não o ter ensopado) garantiu-lhe, tranquilamente, a passagem à semana seguinte.
Agora, de babar mesmo, só a proposta da Cátia, ainda por cima pretendendo homenagear a região algarvia através de um doce de ovos, massapão e um molho de laranja amarga, para além do obrigatório gelado. A confecção desta sobremesa, dado o tempo disponível para a prova, e a variedade de elementos que a compunham, terá, igualmente, implicado risco mas, desta vez, devidamente calculado, dado exigir técnicas com as quais a concorrente estava familiarizada, conforme já havia, anteriormente, mostrado. Para além disso, a Cátia sabe lidar muito bem com a pressão. Em situações que parecem perdidas, ela consegue contornar os problemas e, usando da inteligência e do humor (arma poderosa), acaba por seguir em frente. Assim tem sido até aqui, veremos, agora, até onde.
Quando se “entra no lodo” que é quando, na gíria culinária, a bagunça se estabelece na cozinha, há que ter discernimento e sangue-frio para se lidar com a situação de modo a normalizá-la. Isto exige-se a qualquer cozinheiro, pelo que uma competição como esta do MasterChef é muitas vezes um verdadeiro teste às capacidades de cada concorrente face a uma situação limite. Estranhar, por vezes, o tom das observações dos chefs jurados, confundindo-o com arrogância, é desconhecer por completo o ambiente de pressão constante que se vive numa cozinha profissional, onde os pratos são confeccionados ao minuto.
Hoje é a Marta a dominar a prosa, porque a bem dizer neste programa foi ela a estar na berlinda, a começar na primeira das provas, a que pedia aos concorrentes para fazerem uso das latas de conserva que tinham à disposição. Foi este, aliás, um bom pretexto também para se falar da indústria conserveira no nosso país, a conhecer actualmente melhores dias.
Sinceramente esperava maior criatividade e, aqui sim, risco dos concorrentes no uso do das conservas, já que exceptuando o Leonel, com o seu puré de feijão e lulas, e o Manuel, com um delicioso soufllé de mexilhão (se bem que esta preparação culinária não se compadeça com tempos de espera) os outros tiveram a lata de ignorar o sugerido. A Marta, por exemplo, fez ovos mexidos com alcachofras panadas. E a coisa nem lhe correu especialmente bem. Gosto muito de ovos mexidos, parece fácil fazê-los mas a preparação tem que se lhe diga, a começar pelo manuseio dos ovos que se querem ligados e cremosos. Há quem junte leite, quem acrescente natas. Há quem os bata com manteiga antes de os deitar na quentura da frigideira. Tantos os truques, ou antes, técnicas, cada um terá a sua, para que o resultado seja delicado. Não foi o que aconteceu com os ovos da Marta e, se bem que a concorrente tenha posto em causa a minha avaliação, não tiro uma vírgula ao que disse.
Também na prova de equipas a concorrente acusou algum desgaste e até “ameaçou” sair por não aguentar que “o trabalho caia sempre sobre os mesmos”. As coisas na equipa azul depressa se embrulharam e muito por culpa da Cátia, ao não atinar com a massa dos rissóis. Só à terceira é que foi de vez. Já o Leonel, na equipa vermelha, a dos homens, por vontade da Ann-Kristin, recorreu à receita dos rissóis da mãe, que viu fazer vezes sem conta, garantindo assim uma massa irrepreensível.
Para além dos rissóis de camarão que escolhemos como entrada, quisemos provar a especialidade da vila, o peixe seco ou meio seco, este também conhecido como “enjoado”.
O carapau é o mais comum, mas nos paneiros da praia é possível ver outros peixes a secar.
Agradou-me muito este desafio exterior na Nazaré, pelo ambiente que se criou em torno da prova e das gravações. Pescadores e nazarenas vestidos a preceito foram convidados a avaliar a prestação das equipas e, enquanto o almoço não saía, a alegria andou à solta entre risos, dichotes e cantorias. Foi uma festa o tempo todo.
“Morra Marta mas morra farta”
Se bem que terra “morrido” para a competição, ao sair hoje de cena, a Marta soube viver intensamente todas as etapas que foi ultrapassando ao longo das últimas dez semanas. Não terá sido entendida por uma parte do público, que assiste ao MasterChef como se de um “reality show” se tratasse, envolvendo-se emocionalmente com os concorrentes. Por isso a frontalidade das suas opiniões colhia o desagrado de muitos espectadores que a diabolizaram nas redes sociais, fazendo-me lembrar a atitude que assumiram na edição anterior com a Sónia (lembra-se?).
MasterChef é um programa de televisão e a personalidade da Marta pô-la a jeito de uma edição criteriosa, que soube afinar e evidenciar o que de mais autêntico, mas controverso, a concorrente exibiu. Muitos foram os que reclamaram por não a termos expulsado da competição bem mais cedo, como se aquilo que avaliamos não fosse o talento culinário de cada concorrente mas sim as suas qualidades de carácter. A Marta saiu à décima primeira semana de competição porque só agora nos deu motivos para isso. E os motivos apenas se prendem com a execução da prova de eliminação.
Não me atrevo a fazer juízos de carácter de quem não conheço. O que sei, nomeadamente através do que a Marta disse na cozinha de preparação, ainda ela era aspirante a concorrente, é que foi uma vítima da violência domestica e à primeira agressão, que poderia ter sido fatal (“eu seria uma das mulheres assassinadas de 2014”), teve a coragem de dizer basta. E isso merece-me todo o respeito. Desejo-lhe o melhor da Vida.
Na próxima semana
Rumo ao sul, para uma prova exigente num hotel estrelado e com um chef celebrado em vários pontos do Mundo. Um luxo! Acho que vou pôr laço!
Olá!
Mais um texto brilhante e uma qualidade fora de série nas fotografias.
Quanto ao programa, é assim mesmo, é um programa onde as pessoas fazem opções e são responsabilizadas pelas mesmas. A Marta decidiu assim, não lhe correu bem e abriu a porta da rua.
Quanto à personalidade da Marta, não me posso pronunciar, porque não vejo o programa com esse objectivo.
Penso que as pessoas são todas diferentes, penso ainda que há espaço para todos e que a bagagem que a vida nos dá, carimba os nossos comportamentos. Sem querer com isto, desculpá-la ou julgá-la, até porque não faz o meu género.
Já a sobremesa apresentada pela Cátia, deixou-me a salivar e a voar em pensamento pelas terras mais a sul.
Um beijinho e uma excelente semana.
http://ofabulosodestinodemariaamelia.pt/
Que texto maravilhoso, dá gosto de ler. Adoro o programa, espero que nunca acabe!
Eu, inicialmente até gostava da Marta, achava que a colocavam de parte, mas ao longo do programa fui percebendo que ela é uma pessoa muito negativa, nunca vê o lado bom das coisas…espero que, daqui para a frente ela aprenda que a vida, apesar de todas as dificuldades, também tem um lado bom, positivo e com cores, desejo a ela o melhor.
Caro Manuel Luís Goucha, obrigada por este texto tão explicito , TÃO elucidativo do bom carácter que é, como o vinho do Porto , quanto mais “velho” Melhor… Tenho acompanhado a sua carreira profissional e, tenho-o visto crescer , tenho acompanhado os seus sucessos , o que me enchem a alma,a maneira como transmite as palavras certas às pessoas, sem as ferir. A Marta foi sempre uma senhora muito conflituosa,não há desculpa para a má educação dela . Teremos sempre que separar a vida “profissional” da vida particular, os problemas deixam-se em casa , devem deixar-se lá, para o bom ambiente de todos ,o Manuel soube lidar muito bem com esta participante , os meus parabéns . Até mais logo , por volta das 10 h, um bom início de semana.
Como sempre um texto digno de um Sr. Quanto à saída da Marta, confesso que fiquei contente… A dureza que a vida infelizmente a obrigou a ganhar fez com que se tivesse tornado numa pessoa arrogante e Sra da razão, tornando-a muitas vezes mal educada, como foi o caso de ontem, criticar daquela forma a opinião de um juri… Sem comentários! Parabéns pela forma como lidou com a situação MLG, pois a mim ter-me-ia saltado a tampa! Beijo
adorei o seu texto…maravilhoso!!
humildade,acima de tudo a Marta nunca teve,a vida privada dela nunca pode ser desculpa para a arrogancia e muitas vezes a ma educaçao que ela teve com o programa.
Aquela dos ovos mechidos foi a gota de agua,,manias muitas manias ….agora o programa ficara mais leve muito mais!!aquilo foi o que se viu pois faço ideia aquela pessoa em off..
Parabens pela sua postura mais uma vez nem podia ser de outra maneira vindo de si,,,é maravilhoso amigo MLG
obrigado pelo seu comentário Paula.
Não deixando de ter em conta tudo aquilo que diz ter passado, achei a que a falta de humildade e a agorrância a premiou!!!!! Confesso que j á estava um pouco insuportável. Acho ser uma pessoa que tratava os colegas duma forma malcriada, como fosse a dona e senhora do espaço. Sózinha funcionava,mas em equipa foi uma desgraça. Confesso que estava a enjoar,temos pena mas é o que sinto.
obrigado Letã pelo seu comentário.
ola boa tarde , pois já estava farta de ver a marta sempre a falar mal uns dos outros, ela nao tem espírito de grupo tudo estava mal para ela. ainda bem que foi ontem que saiu. bjs para si e um otimo programa.
obrigado Paula pelo seu comentário.
Exmos .Senhores Jurados
A expulsão da concorrente Marta ,peca por tardia .
INSOLENTE , ARROGANTE ,PREPOTENTE ,INCONVENIENTE ,MAL FORMADA ,MAL EDUCADA ,IMPREPARADA ,DESCONCERTANTE ,ETC.ETC.ETC.
Se esta é a sua maneira de estar na vida ,está no MAU CAMINHO.
HAJA PACIÊNCIA PARA TANTA ESTUPIDEZ
Com os meus melhores cumprimentos
olá MLGOUÇHA o unico comentario que quero fazer é muito simples o programa seria perfeito sem,a marta que é uma arrogante gosto muito do resto da equipa principalmente da senhora arquiteta que é uma querida beijinho
Boa tarde. Apenos quero enviar um grande bem haja ao Sr. Manuel pela simplicidade e veracidade com que se mostra sempre. Adoro, adoro, adoro.
obrigado Julieta pelas suas palavras.
Não querendo desculpabilizar algumas das atitudes da Marta, que considerei exageradas, só quem passou por uma situação problemática como a que ela passou sabe compreender que apenas uma simples fagulha possa atear um grande fogo.
As “vítimas” de violência doméstica, seja ela física ou psicológica, são-no para toda a vida, não tenhamos dúvidas.
Apesar dos anos irem apaziguando os traumas não os fazem desaparecer de todo.
Quando se consegue “dar o salto”, tornamos-nos intransigentes, impacientes, desconfiadas e muito pouco condescendentes.
Por isso o que digo sobre a Marta. Obrigado FMJ
Adoro os seus textos, a sua postura na vida e cresci consigo!.. Não cresci só com o que aprendi de si, aprendi ao vê lo evoluir na vida.. ao vê lo crescer como pessoa e apresentador ainda na rpt.. com o seu ar altivo (nessa altura verdade seja dita, não era muito sua fã..).. mas vejo o um ser humano delicioso.. mesmo na forma frontal e direta com que opina, sem ferir as suscetibilidades.. e quando acha que o deve fazer dá aquelo toque de humor ( oh Cátia deixe a Fátima pra trás..).. senao fosse pograma tao sério, ou que implicasse os votos do público, provavelmente a marta já estava “farta” há muito tempo, mas como é um programa sério, dirigigo por profissionais sérios, julgaram só o que vos cabe julgar!.. muito bem!.. uns Srs, mais uma vez!.. Manuel, eu moro em Liboa, mas quando se candidatar à câmara de Sintra, mudo me para lá!.. pois aí tenho a certeza que serei governada com seriedade!.. 🙂 muitos Beijinhos e um continue com o seu exemplo a ensinar nos a ser pessoas melhores!.. adoro, e quem sabe um dia bebemos um chazinho na avenida de Roma?… 🙂
Concordo com tudo o que disse do Manel é um Sr a Marta se têm problemas tratasse eu ontem deixei de ver o programa .
Obrigado Elizabete pela simpatia das suas palavras. Um beijo
Humildade ” é a alma do negócio ” … é necessário humildade para se aprender, disponibiliza- nos para observar atentamente e apreender conteúdos…
Há concorrentes muito humildes cuja prioridade é aprender mais e mais e por isso avançam e destacam-se na competição.
De facto o programa avalia qualidades de cozinheiro, não personalidades! Mas quem é que quer trabalhar com alguém que vê os outros todos como idiotas!! Porque quando eram provas de equipa o espírito dela era sempre o mesmo – ” estou rodeada de imcompetentes”! É a minha humilde opinião de espectadora!
http://araparigadoautocarro.blogs.sapo.pt/
Não deixo de concordar consigo Célia, mas realmente na hora de avaliar é a capacidade culinária de cada concorrente que há que ter em conta. Há chefs insuportáveis de arrogantes que, contudo, são exímios no que fazem. E eu sento-me com prazer à ” sua mesa” . Permita-me a graçola: ” não como o chef!”
Um beijo
Atrevo.me a dizer, face ao que ontem vi no masterchef, que é pena alguns não terem o “poder de encaixe” do Manuel Luís que, não raras vezes, é alvo de críticas, oriundas de quem não tem mestria para fazer melhor, nem na vida nem na arte, e que, por assim ser, podiam suscitar revolta mas…. não apenas evocam um “aceito” ainda que embrulhado na discórdia – os gostos discutem.se e em alguns casos educam.se…
Ora foi a falta deste saber estar e a educação que tramaram a Marta…
E isso levou.a a descarrilar também na cozinha onde, aos meus olhos, ela tinha sempre um ingrediente que azeda qualquer coisa. .. a arrogância. Talvez a história dela a tornasse as sim. .. talvez…
nada justifica a falta de respeito e de educação que a marta teve para com os jurados visto estar muita gente a ver e compreencivel o sue sofrimento antigo mas acho que não e por esse motivo a marta que me desculpe mas ela tem falta de careter e da-me a sensação pelo que vi ela e um pouco egoista so ela e que sabe so ela percebe rezumindo não tem categoria de trabalhar numa cozinha em equipe
Como eu gosto do seu comentário Daniela.
Obrigado. Um beijo para si e um abraço ao seu marido.
Quando eu for a Londres, beberemos um chá ou um café.
Ai como eu gosto dos seus textos, tão ou mais deliciosos como o Master Chef, programa este que me prende ao ecran….aqui tão longe….em Londres…
O meu marido até me pede para gravar os episódios que não consegue ver, e eu, com a desculpa para ver repetido…não me importo nadinha…. beijinhos com muito carinho de mais uma familia portuguesa fora de Portugal, ma s que adora o Manuel Luis Goucha!!!!
Ass. Daniela Santos
Obrigada pelas suas palavras!! Teremos muito gosto em lhe oferecer um lanchinho!! Que felicidade se o conhecesse pessoalmente!
Um beijinho para si e outro para a Cristina!!!
Ass: Daniela, Manuel e Dinis