São estas fotos a memória da ignomínia e do terror, por isso a preto e branco. Lembrando um submundo de sombras e pesadelo. Só alguns, poucos, viram a cor da liberdade naquele 27 de Janeiro de 1945, há setenta anos, quando o campo foi libertado, e mesmo esses tiveram de aprender a começar uma nova existência. Nem todos conseguiram fugir do passado, profundas que eram as marcas do horror e da bestialidade. Só ali mais de um milhão de prisioneiros havia sido exterminado, com requintes de sadismo e crueldade. Os campos de Auschwitz revelaram-se uma eficaz fábrica de morte, respondendo à vontade de Hitler em erradicar da face da Europa o povo judeu e quantos se opunham à política do Terceiro Reich.
(Veja a reportagem completa no final do artigo)
Auschwitz evoca mais de quarenta campos de morte, só na massacrada Polónia, e toda a barbárie de que o homem é capaz. Por isso, e cada vez mais, é importante não esquecer. Os genocídios não acabaram e há quem queira quartar a nossa liberdade.
“Os piolhos, a sarna, a falta de água potável não era o pior. Não se pode calar o tormento diário, asqueroso e repugnante que eram as latrinas. Uma retrete dava serviço a milhares de mulheres”. (1)
“Assistia à entrada dos vagões e pensava que a sorte dos que chegavam se confundia com a minha. Talvez não me arriscasse a ser gaseado, mas poderia levar com uma bala na testa, se me recusasse a fazer o meu trabalho. Era uma questão de sobrevivência”. (2)
“As câmaras de gás davam a ideia de serem salas de duches. Inicialmente as pessoas não se apercebiam da verdade. Quando uns três quartos da sala estavam já cheios, aí sim, as pessoas tentavam recuar e sair, pelo que eram brutalmente impedidas pelos SS. As equipas de gaseamento eram exclusivamente constituídas por SS, nós éramos afectos apenas à cremação. Homens e mulheres despiam-se juntos, algumas pessoas procuravam cobrir-se com as mãos, mas o pudor não fazia ali grande sentido. Os deportados sentir-se-iam felizes por se lavarem e descansar, uma vez que era isso que lhes prometiam à chegada ao campo, depois de uma longa viagem num vagão de gado. Mal entravam nas câmaras de gás, começávamos a separar os seus pertences e a enviá-los em camiões para o Canadá (nome dado aos depósitos dos bens roubados às vítimas do extermínio. Canadá era sinónimo de prosperidade. Os bens eram depois triados, desinfectados e enviados para a Alemanha). Após o gaseamento, e antes da cremação, tínhamos de lhes arrancar os dentes de ouro e de lhes cortar os cabelos”. (3)
Guardas SS derretiam os metais preciosos antes de os enviar para o exterior, ao passo que os cabelos eram usados, por exemplo, na indústria têxtil. Em Auschwitz foram encontradas, à data da libertação do campo, sete toneladas de cabelos devidamente embalados e prontos a seguir para as unidades industriais.
“As latas de Ziklon B eram levadas para a câmara de gás por uma ambulância marcada com uma cruz vermelha. Os deportados, acabados de chegar, ao verem a ambulância, sentiam-se mais confiantes, julgando contar com ajuda médica”. (4)
“Em Auschwitz I, o crematório, que ainda existe, era dos mais rudimentares. Também os 4 e 5 em Auschwitz II (Birkenau) foram mal concebidos. Quando chegavam três grupos de 1000 deportados cada, num só dia, para gasear e incinerar, éramos incapazes de seguir a cadência, mesmo se fossemos três equipas a trabalhar. Já os fornos 2 e 3 eram mais modernos e eficazes. Graças a uma maior ventilação, as chamas alimentavam-se da gordura dos cadáveres e a cremação não demorava muito tempo. Quinze a vinte minutos. Quando os fornos não davam vazão, queimavam-se pilhas de cadáveres dentro de fossas de metro e meio de profundidade. As chamas chegavam a ter três metros de altura. À noite podia-se ler um livro à luz das chamas. Há sobreviventes que dizem nos identificar (aos elementos do SonderKommando) pelo cheiro. Com efeito, ficávamos impregnados pelo cheiro do fumo. Alguns de nós utilizavam cosméticos na sua higiene para o disfarçar. Eu não! Nem o mais luxuoso dos perfumes franceses seria eficaz!”.(5)
Auschwitz era o fim da linha, o fim da Vida. Mais de um milhão de judeus saíram dali em cinzas, deitadas ao rio Vístula.
“Todos os dias me recordo da incineração dos cadáveres e do arrancamento dos dentes. Para onde quer que vá, quando como, durmo, danço ou canto tenho em mim todas essas imagens. É impossível apagá-las. Elas estão no meu sangue. No meu corpo”.(6)
(1) – Nas memórias de uma prisioneira política polaca em Auschwitz: Zofia Kossak-Szcucka.
(2)(3)(4)(5)(6) – Testemunhos de Henrick Mandelbaum, deportado no campo de Auschwitz II (Birkenau), com o número 181970. Mandelbaum, judeu polaco, fez parte de um “SonderKommando” (comando da morte):”… recusar trabalhar num comando da morte seria condenar-me a uma execução imediata com uma bala na testa. Só pensava em sobreviver!”. Até ao seu falecimento, a 17 de Junho de 2008, Henrick Mandelbaum contou quanto conheceu da máquina homicida nazi, perante as mais diversas plateias e em todo o mundo.
Nota final:
Estive pela primeira vez em Auschwitz há nove anos e lembro-me de ter pensado que teria de voltar e com uma câmara. Fi-lo agora, setenta anos após a libertação dos campos de extermínio nazi. E o resultado poderá ser visto em breve no Você na TV, para que a inexorabilidade do tempo não apague a memória.
Actualização (07.12.2015) – Aqui fica a reportagem completa:
Obrigado Manuel Luís, pela sua reportagem e por estas fotografias. É dos temas que mais me interessa em aprofundar os meus conhecimentos, simplesmente para perceber o porquê do ser humano ter chegado a um ponto de crueldade para com o outro. “Se isto é um homem”.
Parabéns pelo seu maravilhoso trabalho, admiro-o como Homem e profissional.
Obrigada, beijinhos*
Sofia Pinto
MLG, admiro-o como profissional de TV há muitos anos, mas a sua educação, sabedoria e partilha, são para mim dignas de registo!
Bem haja,
Eu não conhecia este site mas estou encanto.
Este artigo e reportagem estão excelentes, mostra o que o ser humano pode ser capaz .
Eu nasci e cresci a ouvir historias do meu avo que era que era guarda fiscal numa aldeia perto de Vilar Formoso ele contava-me as estratégias que usava para não tirar pão, outras comidas, roupas e até medicamentos que não havia em portugal e as pessoas só la ião a buscar para não passarem fome não era para comercializar mas sim para matarem a fome. estas historias são mas aquilo a que ele era obrigado a fazer quando o plano corria por causa do chefe dele ou por a pessoa se atrasar alguns minutos.
Ele chegou a contar que um dia teve de tirar 1 pão a um vizinho e o chefe de seguida deitou o pão as galinhas na frente do vizinho.
Por tudo isto o dia 25 de Abril foi um dos dias mais importantes para ele e ante de morrer pediu para por sempre na cama cravos vermelhos era a melhor flor dele.
Parabéns uma grande reportagem.
Adorei ver a sua reportagem, aliás como gosto de ver tudo o que você faz! Auschwitz vai sempre ficar marcado como o “INFERNO” amava lá ir para conhecer pessoalmente, mas acho que assim que entrasse por aqueles portões dentro iria me desfazer em lágrimas só de me lembrar que muito antes de eu nascer foram ali mortas milhares de pessoas sem terem culpa de existir, mas que a Alemanha Nazi matou como se a vida humana não vale-se nada. Bem poderia ficar aqui o resto da vida a comentar tal história verídica que tanto me fascina. Assim me despeço, espero que continue durante muitos e longos anos a fazer o que, o Manuel Luís faz de melhor.
Boa noite!!
Não tenho muitas palavras para dizer…a reportagem fala por si mesmo…obrigada ao Manuel Luís Goucha por nos relembrar até onde pode ir a crueldade humana e, já agora se não se importa, faço suas as minhas palavras “para que nunca nos esqueçamos”…
A sua reportagem esta excelente como sempre, deve ter sido muito difícil fazê-la dado tudo o que a envolve…
Quanto a mim tenho a dizer que perdi 6 irmãos da minha bisavó materna nessas câmaras de gaz e antes deles foram os filhos ainda novos para que os pais ainda sofressem mais ao verem matar os seus filhos… por sorte a minha bisavó Frida Granek veio para o nosso país em 1928 com a minha avó Sarah Feldfaufer ainda com 8 anos. O meu bisavô ainda fugiu para Espanha e só mais tarde veio para cá. É uma História que me toca mesmo muito. Parabéns pela coragem que teve em pisar aquele chão . Eu nunca irei ter.
Somos, sem dúvida alguma, o pior dos seres à face da terra.
Sempre me interessei por essa história, vi quase todos os filmes sobre Auschwitz, “senti” a dor e agonia que essas pessoas sentiram, senti empatia por todos eles, como houve e há pessoas assim tão crueis, tão sangues frio.
Parabéns pelo seu trabalho e parabéns por ser o único que se interessa e acha importante mostrar este tema a todas as pessoas.
Obrigada por tornar este assunto presente.
Vi os filmes praticamente todos, chorava e dizia para mim mesmo, não vou ver mais, mas chegava a hora dos filmes e era mais forte que eu, lá via e chorava ao mesmo tempo 🙁 Um horror, como seres humanos podem ser tão maus, mas não podemos esquecer o tempo da inquisição aqui em Portugal 🙁 Obrigado Manuel Luís.
Olá. Manuel Luís quero o felicitar pela pessoa que é, culta e não só, uma autêntica enciclopédia que não fica atrás, do ilustre professor José Hermano Saraiva, gostava muito de o ouvir como também gosto do Manuel Luís, na minha opinião são muito parecidos os dois pois sabem cativar o espectador pelos conhecimentos e pela maneira de exprimir as palavras e também pela boa disposição, em relação ao que me leva a escrever -lhe édar-lhe os parabéns sobre a reportagem que fez sobre o holocausto, quando vi as tristes o primeiro filme do holocausto tinha talvez 18anos hoje tenho 51anos nunca me esqueci das cenas horríveis que vi chorei do principio até ao fim fiquei tão traumatizada que para mim os alemães era um povo mau, as palavras que me vem à cabeça é não foi só Cristo que foi crucificado, Manuel Luís a famosa frase onde estava deus? Desejo-lhe um feliz natal
Após ter terminado há uma semana a leitura de “Os bebés de Auschwitz” foi como reviver tudo o que foi retratado no livro.
Excelente reportagem.
Parabéns
Foi impossível conter as lagrimas ao rever contada a Historia de Auschwitz . Desta vez por autoria do Manuel Goucha e equipa o qual felicito pelo excellente trabalho feito . Um obrigado e um Abraço de Alemanha Kaiserslautern
Manuel luis a sua reportagem foi absolutamente extrordinaria. E um tema deveras complicado para mim, sou sensivel demais para abordar este assunto. E como se sentisse na pele as atrocidades cometidas por gente selvagem , sem alma…
Nao consigo ver nenhum filme que aborde este tema. Choca me e faz me sentir mal.
Parabens pela reportagem, e pela mensagem transmitir.
E estranho manuel… nao quero esquecer, mas tambem nao quero lembrar. E como se estivesse estado em auschwitz…
Realmente não aprendemos nada com estes horrores , pois ainda há meia dúzia de anos havia campos de concentração na ex Jugoslavia , não esquecer que basta so uma oportunidade e fazem tudo de novo … ;-(
Ola Goucha….Estive em Auschwitz exactamente uma semana antes do Goucha la ter ido..E fui la porque toda a vida ” cismei” em tentar ” perceber” o que levou a….Como o ser Humano ” dito pensante” fez tais atrocidades??!!! Se ” aquela gentalha” Nazi nao tinha familia, nao imaginaria que poderiam estar a fazer aquilo aos seus…O porquê de tanta violencia ” barata”… A Terra , os Países, o dinheiro Nao é de Ninguem, morrem e Fica cá tudo….Fui lá…..e saí de lá ” vazia”….. Nada DE Nada me conseguiu explicar os porquês…Vazio…Vazio completo….atrocidades….que…mesmo ter estando la no local….nao posso nem imaginar…nem conceber…só sentir o quanto há ” seres humanos” ocos, vazios de conteudo, pior que objectos e paus mandados
Um excelente documento sobre uma das mais duras realidades da história da humanidade e que, tal como o próprio Manuel Luís referiu, se tem repetido ao longo dos anos, numa prova evidente que o homem nunca aprende o suficiente com os erros que comete.
Espero que este seu trabalho e da equipa que o acompanhou não se fique pelos 20 minutos desta manhã e possa ganhar uma nova vida sob outro formato num outro horário mais “nobre”. Seria mais que merecido.
Já agora aproveito para lhe fazer uma sugestão para uma visita “televisiva” ao Museu do Aljube, um pequeno mas bem organizado espaço dedicado àqueles que lutaram pela liberdade em Portugal ao longo dos 48 anos da ditadura.
Bem haja
Sandra Terenas Moreira
Seria incapaz de visitar tais lugares.Já é um imenso sofrimento saber que existiram e existem monstros disfarçados de seres humanos.Chorei. Doí saber o quanto um povo sofreu nas mãos de seres tão cruéis, desprovidos de qualquer humanidade.Foram muitos os seres que jogaram esse jogo ,uns participaram activamente e outros nada fizeram para acabar com tanta monstruosidade
-Como foi possível?-pergunto muitas vezes a mim mesma.
-Como É possível?-pergunto muitas vezes a mim mesma
Mas, sim, Sr. Manuel Luis Goucha,o Sr. está de parabéns pelas fotos, pelas palavras,pela dimensão que deu a este passado horrendo feito por seres demoníacos
Precisamos não esquecer para evitar acontecer de novo.
Uma forma de luta, as fotos, as palavras, o sentimento.
Obrigada.
OBRIGADA! Fazer lembrar a muira gente que quer esqueser ou fazer um lugar edentico…..Os “homens” maus !
Felizmente que ainda temos HOMENS com H….mas casa ves são memos. OBRIGADA MAIS UMA VEZ
Boa tarde Manuel Luís estive a ler o que escreveu sobre o campo de concentração.
Eu estive lá de visita, quando entrei dentro daquele horrível portão fiquei arrepiada.
Vi as camaras de gaz coisas horríveis inclusive eu própria tive a coragem de me deitar, dentro .
Das horríveis prateleiras onde dormiam vários, inocentes. Ainda hoje tenho isso na minha memoria. Obrigada pela reportagem que fez foi um Homem corajoso adorei , e admirei a sua coragem, Parabéns Manuel Luís
Manel acabei de ler e ver as fotos da sua reportagem, está muito bem feita e descrita maravilhosamente. Já li alguns livtos como o “Exodo, Treblinka, Mila 18, Diário de Anne Frank. E filmes também tenho visto alguns. Custa a acreditar como o ser chamado de inteligente consegue
fazer tais atrocidades, e o mais incrível é que setenta anos depois continúam a acontecer guerras incríveis, a morrer inocentes aos milhares porque os srs. líderes querem e as guerras são fomentadas, para os grandes negócios. Na minha opinião não fazemos a mínima idéia do que se passa no mundo em crimes horrendos. É muito triste que a memória seja tão curta.
Obrigada Manel
PARABÉNS Manuel Luis, está uma reportagem muio bem concebida, e assim talvez as pessoas consigam perceber o que aqueles pobres seres tiveram de sofrer até morrer.
Acho que a maioria das pessoas não se apercebe da barbaridade passada nestes campos.
Eu visitei em 2005 o Campo de Natzweiler-Struthor e chorei durante toda a vista como é possível esixtir no mundo tanta maldade nunca esquecerei a enfermaria a que eles davam o nome que se reduzia a uma mesa pedra e algumas prateleiras, outea coisa que jamais esquecerei eram as celas de castigo com 30cm de altura e outros tantos de largura e o cheiroque fica dentro de nós na roupa na alma, que o tempo não conseguiu dissipar ao fim de 40 anos tudo é de arrepiar os fornos as agulhas tudo foi a experiência até hoje mais horripilante por que passei a Deus que o mundo não volte a passar outras guerras outros campos.
Um abraço Manuel Luis Goucha e mais uma vez lhe dou os parabéns.
… que história da humanidade tão horrenda quanto bem contada e fotografada por ti.
Destacaria algumas … se calhar quase todas!
Destacaria o texto … TODO ou “todas as letras tão bem fotografadas”
A minha vénia! … e um beijo !
Parabéns Manuel Luís ! Que a humanidade nunca se esqueça do HOLOCAUSTO.
Este assunto é-me particularmente importante pois sou trineta do fundador da Comunidade Judaica de Lisboa e da respectiva Sinagoga do Rato.
Cumprimentos,
Ana Bela Anahory
Manuel Luis,
As suas fotografias conseguem chegar-nos como mais um dos testemunhos horrendos, perpetrados por hordes de indivíduos nutridos apenas e tão só pela malvadez atroz, que, fortunadamente, a maior parte de nós não viveu nunca.
Como já lhe escrevi, sou neta de um dos nossos três heróis desses tempos, – de entre muitos outros, seguramente. – que souberam arriscar as suas vidas, as suas famílias e as suas carreiras, para conseguirem salvar as vidas, as famílias e as carreiras de milhares de vítimas do holocausto.
Como já lhe propus, se assim for o seu entendimento, julgo ser-lhes justamente devido a lembrança dos seus nomes.
O cônsul Aristides Sousa Mendes.
O embaixador Sampayo Garrido.
O jovem encarregado de negócios, nessa altura, que foi substituir em Budapeste, o embaixador Sampayo Garrido, que se encontrava já na Suíça, Alberto Carlos de Liz Teixeira Branquinho, meu avô. Seguiu depois a sua vida profissional, como diplomata de carreira, tendo pedido a aposentação como ministro plenipotenciário, depois de ocupar o posto de embaixador um pouco por todo o mundo, em Haya, Holanda, onde tive o gosto de viver com ele durante três anos.
Como também já fiz questão de escrever ao Manuel Luis, – permita-me que o trate assim -, não quero sair do anonimato que me é tão caro, no mundo onde me sinto feliz, sem protagonismos, nem sequer por descendência de que tanto me orgulho.
No ano 2000, uma jornalista sua colega, igualmente brilhante, fez um programa muito bem “desenhado” sobre este assunto e estes protagonistas. Foi também nesse ano que tive a grata experiência de receber as condecorações , a título póstumo, em Portugal, do governo português, e do governo húngaro, e na sede das Nações Unidas, com que foi agraciado o meu avô.
Agradeço-lhe o seu tempo e congratulo- o pelo seu inexcedível percurso profissional, e pela sua postura pessoal, em muitas áreas às quais faço questão de estar particularmente atenta.
Um abraço , porque não?, com afecto.
Cristina Branquinho
O sol brilha, o céu esta azul. E eu, apaixonada pelo sol, axo isto obsceno. O sol nunca deveria brilhar num lugar destes.
Nada do que eu disser será capaz de fazer qualquer pessoa sentir o que é visitar este local. O que é sentir raiva do sol por estar a brilhar num dia tão bonito.
As paredes do prédio são forradas com fotografias: homens de um lado, mulheres de outro, todos aqueles rostos a olhar para mim. Na legenda de cada foto, três datas: nascimento, chegada ao campo de concentração e morte.
Uma das fotos chamou a minha atenção, ela quase que sorria. Acho que era dessas pessoas cuja alma não se deixa apagar, os olhos brilhavam, quase desafiadores. Ela parecia essas pessoas que são felizes e ponto. Como é possível que ela tivesse essa alegria espontânea retirada por tão cruel arbitrariedade?
Vi as câmara de gás, as marcas de arranhões de unhas dentro delas. Vi os fornos onde eram queimados os corpos, vi os prédios onde realizavam experimentos médicos. Vi o trilho que conduzia os comboios abarrotados, vi o lugar onde os prisioneiros eram selecionados, vi o lugar onde as mulheres dormiam amontoadas como animais.
“Se existe um Deus, ele terá que implorar pelo meu perdão” frase encontrada na parede da cela de um prisioneiro judeu e que define tudo o que consigo sentir neste momento… — em Auschwitz Memorial / Muzeum Auschwitz.
Parabéns, são as melhores fotos que já vi de Auschwitz, a arte a fazer homenagem aos que morreram e sofreram nas mãos das bestas nazis.
Cump.
Ao ler o que escreveu e as fotos que postou e estou mesmo deprimida.Consegui imaginar coisas que se terão passado lá…não há palavras !por muito que queiramos dizer,neste caso escrever,não se consegue.É inqualificável como pode ter existido um ser tão execrável.
manuel boa noite cresci a ver a serie que dava na tv chamada holocausto e muitas foram as vezes que chorei e me senti arrepiada com tal horror .
boa noite bjs
Vivi muitos anos na África do Sul, aonde existe uma enorme comunidade Judia. Tive o previlegio de conhecer uma familia em que ainda eram vivos um casal que esteve no Auschwitz, Vi os numeros nos braços e ouvi relatos impercionantes. Quase impossivel pensar que um homem podeesse conceber actos tão inqualificaveis e malvados. Dizia-me a Senhora Cohen uma vez, que jánão tinha lágrimas porque já tinha chorado tudo e que pior do que tudo o que viu não era possivel.
Cumprimentos
Maria João Cardoso
Manuel Luis um bem haja pelo teu fantastico trabalho, este e um tema mto delicado de se falar hoje em dia. lembro-me mto bem de estudar este tema na disciplina de historia, nao temos palavras para descrever o sofrimento dessa gente, aqui vai uma palavra de afeto aos sobreviventes, aos que ja partiram, que deus os acolha em seus bracos. Continua a alegrar as nossas manhas…bjs grandes a ti e a Cristina
Olá MLG.
Acabei de ler o livro bebés de Auschwitz e sinceramente foi um livro muito bom embora um pouco pesado para pessoas mais sensíveis. Por tudo o k aqueles seres humanos passaram nunca nos podermos esquecer uma ótima reportagem
Olá Manuel Luís,
tive uma altura da minha vida em que tinha uma vontade enorme de ler o” Diário de Anne Frank”, hoje não tenho coragem, assisti ao filme A Lista de Schindler; o Menino do Pijama as Riscas e A Vida é Bela.
Filmes que retratavam as atrocidades pelas quais seres humanos tiveram de passar. Seres humanos! somos todos humanos, uns de uma cor ou religião mas acima de tudo humanos!. Não consigo perceber como pode alguém fazer tamanha atrocidade, como pode haver alguém tão mau e cruel, estamos em pleno século XXI e ainda na semana passada tivemos os ataques em Paris, continuamos a ver pessoas que não tem respeito pela vida dos outros pelos sentimentos, pessoas que não tem dignidade.
Que Mundo é este! o que podemos disser aos nossos filhos, como os podemos proteger ?
Obrigada, beijo Eunice
Olá Manuel Luís!Através das suas fotografias e do seu texto,revivi novamente a visita que lá fiz em 2008….não tive coragem de tirar fotografias,não fui capaz,comprei sómente os postais de que faço coleçção …..Ficou-me na memória uma vitrine não muito grande em que tinha exposto uma boneca que sido muito brincada,chupetas,sapatinhos e roupa de bébé…..foi o derradeiro “murro no estômago”…..Concordo consigo,devia ser obrigatório uma visita a Auschwitz….e existem por aí uns “iluminados” que dizem que o holocausto foi pura invenção…..A minha sobrinha irá em Dezembro,já me fez várias perguntas…..eu já lhe disse “nada te prepara para o que irás ver”…..
Cumprimentos.
Carla Cascão
“Arbeit macht frei” “O trabalho liberta”
28 anos passados e ainda sinto a carga emotiva do campo de concentração de Auschwitz, naquela altura não imaginava a atrocidade que seres humanos pudessem ter provocado a outros seres humanos. monstruosidade é a palavra que se adapta a quem praticou tais atos. Respeito, por quem ainda está vivo e suportou tais massacres e pelas famílias que perderam os seus entes queridos. Um lugar onde quase sentimos o “cheiro” a horror, onde vemos a “cor” da humanidade, sentimos o “frio” da crueldade e vemos o que mais me impressionou o “olhar” da inocência das crianças.
RESPEITO é o que sinto por aquele lugar.
Olá Manuel Luis Goucha.
Nunca tive oportunidade de ir a Auchwitz, mas a sua escrita, a forma como conta o que viu e sentiu, era como me sentia ao ouvir a professora de história a falar. Um dos filmes que sempre me marcou muito foi sem duvida “A Vida é Bela” e “O Rapaz do Pijama as Riscas”. A camuflagem que havia até as camaras de gas, a brutalidade em meter as vidas nos vagões em direção a morte. De certa forma é também um pouco do que se passa agora. Não nos metem em vagões, mas aparecem de surpresa e radicalmente matam, e barbaramente matam, e todos ficamos sem reação a olhar para aquele (Bataclan)- que virou uma verdadeira “camara de gas”. O ser humano sem duvida que será sempre um ser complexo.
…que dor.
Se por um lado é das viagens que mais gostava de viver, por outro é com medo e dor que vejo estas fotografias…
Um blogue de uma família que decidiu poupar uns trocos e ser feliz!
http://eoeconomistasoueu.blogs.sapo.pt/
Tenho lido muitos livros sobre este tema, e é de fato infelizmente “fascinante”. Pareço que vou nos vagões ao ler os livros e sinto horrores, mas faz parte da nossa história.
Permita-me que passe um parágrafo do livro, “Auschwitz, Um dia de Cada Vez”:
“Eli Bohnen, rabino-capelão norte-americano que acompanhou os militares na libertação do campo de Dachau, no dia 29 de Abril de 1945, escreveu o seguinte nas suas memórias: «Senti-me na obrigação de ter de pedir desculpas ao cão que nos acompanhava pelo facto de pertencermos à raça humana. Quanto mais nos entranhávamos no campo de concentração e víamos os esqueletos revestidos de pele e as instalações características do extermínio, mais eu me sentia inferior ao animal, porque, como pessoa, eu pertencia à raça responsável por Dachau.» “
Boa noite
Adorei o que li, como fala de um livro pode me dizer o nome para ver se encontro?
Obrigado
Infelizmente esse foi um lugar de horror, de dor e de vergonha, do qual a humanidade não se pode orgulhar, mas também não pode esquecer….. depois de ler tal atrocidade fiquei com o coração apertado…..
Isabel Sá
http://brilhos-da-moda.blogspot.pt
sem palavras…
estive lá em Fevereiro de 2013…
é pesado, muito pesado…
No vagão uma rosa vermelho no manto branco da neve
nas latrinas também havia rosas vermelhas…
muita dor…
muita tristeza…
belo e triste post…
Mas como diz e muito bem ; não podemos esquecer!
Um beijo
Beatriz
OLá MLG
sem respirar,,,é assim que se acaba de ler o seu texto!
acho também que quem visita um sítio destes muda muito a sua maneira de ver a própria vida,ao sentir que para nascermos também, é preciso sorte… e parabéns pela sua coragem,pela humanidade…não consigo escrever com a sua arte ,mas tinha de lhe dizer que é especial,muito especial…
.
Bastante interessante como sempre, Manuel. Infelizmente, ainda hoje é necessário lembrarmo-nos de tamanha atrocidade cometida por “seres humanos” para com outros seres humanos. Alegra-me saber que, apesar de apresentar um programa que, por vezes, se manifesta mais para o lado cómico, consegue sempre abordar estes assuntos importantes, chegando a todo o público. O senhor é um ótimo exemplo de como a fama deve ser utilizada, já que aproveita sempre para transmitir, ao seu acarinhado público, os seus vastos conhecimentos. Continue sempre assim! Desejo-lhe muitas felicidades!
Li e reli cada palavra do testemunho do senhor Henrick Mandelbaum, “senti quase” na pele o que todas estas pessoas inocentes sofreram. Felizmente a mente humana evoluiu, ainda que a meu ver está um pouco aquém do que os nossos tempos “obrigam”. Fiquei com vontade de ler um pouco mais deste relato que fez Sr. Manuel Luís Goucha. Continue a fazer o óptimo trabalho que faz pois realmente neste mundo podem ser poucos, mas esses valorizam e apreciam realmente o seu trabalho.
Obrigado por partilhar connosco as suas experiências. Para quem não tem a oportunidade de ir e sentir, este artigo ajuda-nos a viajar a sermos humanos (que pensam) . Obrigado Manel.
Arrepiante!
Boa Noite, Manuel Luís!
Aos 15 anos, no liceu vimos o filme A Lista de Schindler com o grande actor Liam Neeson. Nesse mesmo ano, fizemos uma visita de estudo a vários pontos da Alsácia (Colmar, Estrasburgo…) e fomos até Friburgo. Mas o que mais nos marcou a todos, foi visitar um campo de concentração: Natzweiler-Struthof. Nunca esqueci a entrada nem 1 objecto dentro duma redoma de vidro: um candeeiro feito de…pele humana. Passaram-se 20 anos, 35 anos e apesar das fotos bonitos dos locais da Alsácia, gravado na memória, a maldade humana em forma de candeeiro e portão de arame farpado…
Cumprimentos
Helena Teixeira
Só quero dizer ao M.L.G. o quanto admirei a sua reportagem. OBRIGADO…..do coração. Bem haja.