A canção começava assim e era uma espécie de cartão de visita para aquela que foi sem dúvida um dos mais populares nomes da música portuguesa, na década de sessenta, digo eu, independentemente de poder ter começado antes, que o que recordo são aqueles anos da minha infância e adolescência, com um país a vibrar com ela, Simone, Calvário e Artur Garcia. Eram os reis da rádio, da televisão e do espectáculo, e sobretudo no que diz respeito à Madalena até do cinema nacional, que fazendo par romântico com António Calvário, em “Sarilho de Fraldas “ e outros, arrebatava corações e multidões. Em dia de estreia no “Condes” a polícia era chamada para controlar a emoção de quantos queriam ver e abraçar tão dilectos artistas. Num país fechado e cinzento, sem grandes ofertas culturais, o festival RTP da Canção era um acontecimento mobilizador, as ruas ficavam desertas e as famílias reuniam-se em casa ou no café frente à caixa mágica torcendo pelo seus cantores favoritos. Assim foi em 66, com Madalena interpretando um tema de Carlos Canelhas, o célebre ”Ele e Ela”, que tantas versões veio a conhecer ao longo dos anos e que ainda hoje escutamos com agrado. As boas canções são eternas! Seis anos depois Madalena Iglésias seria, de novo, protagonista de um outro acontecimento igualmente merecedor de cobertura jornalística e mesmo de honras de Telejornal: o seu próprio casamento, no Mosteiro dos Jerónimos. O amor levá-la-ia para longe dos seus fãs incrédulos, para a Venezuela, deixando assim toda uma carreira que estava no auge. Muitos anos depois vim a conhecê-la e a entrevistá-la, anfitriava eu o “Praça da Alegria”. Naquela manhã estreava-se o “Manhãs de Sofia” na TVI, uma primeira tentativa da estação para ocupar o mesmo horário com um programa de companhia. O “Praça” era ganhador confortável face às investidas, até da SIC, mas isto nunca fiando perante as novidades da concorrência, por isso nos artilhámos face à estreia da Sofia Alves e da nova proposta televisiva com produção da Teresa Guilherme. Madalena vivia já em Barcelona e há muitos anos que não aparecia na televisão, por isso, desde que aceitasse o convite, não tínhamos dúvidas do sucesso da sua vinda. Lembro-me que no mesmo programa acrescentámos uma conversa, também em estúdio, com a senhora minha mãe, que ficou encantada por dividir atenções com a “menina” bonita da canção. Mais importante que a audiência avassaladora que então se obteve, o que ficou daquele programa tão especial foi a simpatia e generosidade com que a artista se apresentou à plateia presente e a este, agora escrevedor, ainda tão em início de ofício. Recordo os seus olhos cor do mar e o sorriso com que desfiou memórias dos tempos em que era Madalena e a todos encantava com o seu cantar.
Madalena Iglesias morreu esta manhã … a Vida passa depressa, felizmente que a sua não foi assim-assim.
(Foto de Fernando Corrêa dos Santos)
Madalena Iglesias … sem dúvida que permanecerá para todo o sempre na memória de milhoes de pessoas!
Mais um vitima da maldita doença… o cancro leva-nos os artistas todos, quer dizer a minha mãe não era artista e também se foi… Que Deus a tenha em eterno Descanso.
Linda a Madalena e lindas as suas palavras! Ela partiu, mas, as suas palavras calaram fundo, no meu coração. Eu vivi todos esses tempos. Era uma jovem, cheia de sonhos, nessa altura. Continuei, sempre a acompanhar o seu percurso, Manuel Luís. A sua cultura e a sua maneira de se exprimir pela escrita, fascina-me.
Tenha um bom dia.
Os bons Artista estão a desaparecer tenho muita pena é os cantores e atores tudo vai mas nunca ficam esquecidos para nos lembrar como eram olhamos para o Ceu e as estrelas cintilantes vai fazer-nos recordar desses maravilhosos Artistas
l
Bonito a forma como descreveu a D. Madalena, ela tinha um ar muito doce e elegante, partiu e viveu a sua vida como quis ou como a deixaram, obrigada
tristeza