… ou “quando a ignorância é atrevida”.
– Na ultima revista “Sábado”, de que sou, acrescento, fiel leitor, houve quem apresentasse este utensílio de cozinha como sendo um dispensador de “massa para bolos ou crepes – uma espécie de saco de pasteleiro rudimentar e bem mais pesado”. Dispensava-se era tamanho disparate, que o que ali se apresenta é um funil de cinco bicos, indispensável, ainda hoje, para a feitura dos tradicionais fios de ovos, mimo da doçaria conventual. Batidas que são as gemas, depois de separadas das claras respectivas, hão-de passar pelos bicos para caírem em fios numa calda de açúcar fervente, para que de imediato cozam. Depois será uma escumadeira (palavrão, pela certa, para a dita jornalista), a retirá-los de tão doce calda para que escorram devidamente.
– É frequente ouvirmos dizer, e particularmente em televisão, que fulano ou beltrano vai “cantar uma música”, como se a palavra canção tivesse pura e simplesmente sido abolida do nosso vocabulário quotidiano. Compõe-se a canção de música é certo, mas também de uma letra ou, em muitos casos e felizmente, de um poema. E é que não vai uma coisa sem a outra! Quando já se disse que a cantiga era uma arma, não seria certamente pelos seus acordes mas antes pela força das suas palavras. Também elas nos envolvem, nos arrebatam ou nos inquietam. Vivemos numa época em que bondam as letras labregas, de ouvir e deitar fora, mas felizmente que há muitas canções que resistiram e hão-de continuar a resistir ao tempo e à loucura do descartável, porque nasceram do talento de grandes poetas, como Ary dos Santos, Alexandre O’Neill, David Mourão-Ferreira, entre muitos outros… Ignorá-lo é aviltar o que temos de melhor: a nossa língua (nossa matriz) e quantos a enobrecem.
Meu querido Manuel Luís como sempre, cheio de razão. Todos os dias acompanho o seu mural no Facebook e acompanho também este seu blog e fico absolutamente horrorizada e escandalizada com a “qualidade” do português escrito da maioria dos portugueses. Parece impossível como se fala tão mal e se escreve ainda muito pior a língua portuguesa! Beijinhos e continue sempre esse ser humano tão especial <3
Sempre muito preciso, um grande comunicador continue assim a ser o como é, um ser humano fantástico.
Um Grande abraço.
Ana Paula Alves
Pode dizer onde compra as suas loiças Kg, são versáteis, com cor e de muito bom gosto…………abraço
Encontrará aqui a informação que pretende e respectiva morada.
Cerâmicas na linha
E disse tudo!
Como sempre, EDUCADO, mas sem deixar de dizer.
Sou sua fã, mas isso já deu para entender, não é?!
Um forte abraço.
Família Tomaz.
Boa tarde,
Além de muito divertido, é um ser muito agradável, não o conheci pessoalmente, minha passagem por Portugal não permitiu que recebesse esse presente.
Fiquei curiosa com a matéria, desde há muito que procuro por esse utensílio para os fios de ovos, amo fios de ovos e até inventei umas peneirinhas, mas nunca ficaram os meus fios, como os que vi em muitas docerias Portuguesas, Pode informar-me onde encontro?
Quando em Portugal procurei mas foi em vão. Desde já agradeço.
Bjs
Sua fã Rita
Por momentos, confesso, pensei que o(a) autor(a) deste artigo fosse indicar o “funil de cinco bicos”, como parte da caracterização de Jack Haley para o filme “The Wizard of Oz” (1939), no qual interpretava a personagem “Homem Lata”!
Infelizmente, e cada vez mais, há a tendência de se dar por suficiente a (des)informação que nos é prestada; deixou de existir o hábito de a aprofundar, de saber a real origem das coisas. A atesta-lo, está o seu comentário: «Depois será uma escumadeira (palavrão, pela certa, para a dita jornalista), a retirá-los de tão doce calda para que escorram devidamente.». Revi-me, por momentos preenchidos por grande sorriso, no seu comentário… Certamente, não saberá o(a) autor(a) do artigo que “espuma” deriva da palavra “escuma” e, daí, “escumadeira”: o utensílio usado para remover a escuma e/ou os alimentos do líquido onde estão sendo cozinhados.
Já agora… Como pensa o(a) autor(a) do artigo em fazer passar massa de bolos ou de crepes por estes pequenos orifícios?
Não li o artigo. Desconheço quem seja o(a) autor(a) do artigo e a qualidade do seu trabalho. Não pretendo fazer uma crítica pela crítica, apenas. Porém, deixem-me que afirme uma certa irritação por o artigo, supostamente, se basear (ou retrata) numa exposição do MUDE (Museu do Design e da Moda) da autoria de David Usborne. Isto é, irrita-me o facto de o(a) autor(a) considerar este utensílio algo de tão fenomenal e “arcaico” («(…) detalhes de pastelaria num tempo em que quase tudo era feito manualmente.») apenas depois de outro, ainda para mais estrangeiro, o encontrar! É óbvio que para David Usborne, este funil de cinco bicos é algo extraordinário; para o(a) autor(a) não deveria ser…
Os “fios-de-ovos” é algo que pertence à doçaria conventual portuguesa. É algo “nosso” e do qual nos devemos orgulhar. Conhecer o “nosso” país, as suas tradições, usos e costumes, é algo sensacional. Mas, para saber divulgar este “nosso” Portugal, é preciso conhecê-lo antes… Afinal, não deveria ser assim com tudo?
Já agora, a título de curiosidade, veio-me à memória o relato de um episódio sobre uma visita de negócios. Não recordo quem a terá narrado mas, o essencial, retive.
Uma delegação de empresários japoneses terá vindo a Portugal e, para serem bem recebidos, o anfitrião, ordenou que fosse servido à refeição alguma especialidade japonesa. Ora, essa especialidade, terão sido os “fios-de-ovos”, conhecidos no Japão como “keiran somen”. Ao verem a iguaria, os empresários japoneses terão ficado muito impressionados pelo facto de o anfitrião português se ter dado ao cuidado de mandar vir, desde o “país do sol nascente”, tal repasto. E este terá sido o factor decisivo para o sucesso do acordo empresarial.
A ser verdade, ou não, o que importa aqui ressalvar é que desde o séc. XIV existem registos da actividade conventual na produção de doces com base em ovos e açúcar, aproveitando o excedente deste produto precioso. Já nos séculos seguintes, este tipo de doçaria terá sido exportado para outros territórios, ao sabor dos Descobrimentos, chegando também ao Japão.
Peço desculpa pela “usurpação” deste “território” mas sinto o S.r Manuel Luís Goucha como uma pessoa de bem e como alguém que prima pelo “bem receber”.
Um bem-haja pelo seu trabalho e pela sua pessoa, simpática, sorridente culta e educada.
Alguém escreveu: “Gosto de sorrisos que me tiram sorrisos!”
O S.r Manuel Luís fá-lo como ninguém.
Obrigado eu pela “usurpação”. Um abraço
Parabéns pelo ser Humano que é……descomplexado, brincalhão….brinca consigo próprio e publicamente….. Admiro-o muito
e a dupla com a Cristina Ferreira é hilariante.
uma maravilha.
Ana Paula
Acho mesmo, Ana Paula ,que a capacidade de brincar (porque não dizê-lo: gozar) comigo próprio é das minhas poucas (agora estou a ser modesto…) qualidades. Um beijo
Que eu saiba isto é um utensílio para fazer fios de ovos… ou a coisa agora dá para mais coisas? Até pode dar, mas sempre vi isto para os fios d´ovos, corrija-me se estou errada. Beijinhos
Claro que é um funil para fios de ovos e apenas para isso, não há massa de bolos ou crepes que passa por tais bicos. Um beijo
Boa Tarde Senhor Manuel Luis Gocha. Eu sou ou Antonio e estou no Luxembourgo.
Gosto muito de ver o Você na Tv.
Você e a Cristina Ferreira fazem um par maravilhoso. espero que o voço programma
so acabe daqui a uns bons anos. Parabens a si e a Cristina por tudo o que consegirao
Eu tinha que responder, pois também leio a Sábado, que infelizmente já nos vai habituando a diversas barbaridades, deste e doutros géneros. Falta de pesquisa creio. Um abraço Luís
Na verdade acho que o jornalismo neste pais esta cada vez pior… a falta de cultura de alguns “meninos” e “meninas” que fazem-se chamar jornalistas e de facto muito lamentável, mais acredito que por ali a muita gente culta e com muito experiência nesta matéria como e o caso de você Manuel Luís.. um grande beijo desde Aveiro.
Neste país que também é o meu, um diploma não representa conhecimento… nem podia ser de outra forma. Vivemos num mundo do “copy-paste”,do plágio e sem brio e é esse brio profissional, uma sua mais valia, que faz de si o senhor sempre atento, que tanto admiro.