Conheci-o através da sua mulher, a querida Alice, sendo que por esta já tinha verdadeira paixão, a mesma que me levou agora, tantos anos depois, a aceitar honrado o desafio de, sobre ele, falar numa homenagem que decorreu no Teatro de São Luiz, se bem que eu prefira a palavra celebração, para aquilo que ali aconteceu.
De facto foi uma festa, entre os amigos de quem o Mário gostava muito, independentemente das ideias e opções de cada um. E se todos os que foram a palco, elencados que estavam para falar, celebraram o Mário nas suas múltiplas facetas (do jornalista ao crítico de televisão, do professor ao poeta e escritor…) e pelas mais diversas razões, traço há na sua personalidade que todos fizeram questão de sublinhar e que esbate todas as diferenças, o da ternura.
Do Mário lembro as suas críticas de televisão, lúcidas, analíticas, pedagógicas. Faço parte de uma geração de profissionais que as temia porque frontais, bastas vezes cirurgicamente mordazes. Agora que revi muitas delas a meu respeito, que por pudor não uso aqui mas que em breve tenciono fazê-lo noutro contexto, posso dizer que não tenho razões de queixa, talvez porque me habituei a lê-lo e a ouvi-lo com respeito e atenção, como quem escuta um pai que nos quer bem. Com ele aprendi como pode ser importante o nosso papel na defesa da língua, a mesma com quem ele brincava com irónica mestria, tão nossa e rica, em detrimento de desnecessários estrangeirismos, fora os atropelos a que cada vez mais está sujeita e muito por colegas de ofício; com ele aprendi que, em televisão, todos os horários são nobres atendendo a quem vê e ao que se pretenda fazer passar. Como sabeis, a propósito, tenho sido muitas vezes convidado a fazer programas no horário tido como nobre e se bem que tenha sempre aceitado os diversos desafios, grato, até porque são oportunidades de experimentar outros formatos, habitualmente de grande produção, e novos registos na apresentação, essa nunca foi uma ambição minha, porque recordo sempre uma frase que um dia o Mário me disse, cheio de ternura: “para quê mendigar à noite, se podes ser rei de manhã!”.
“…Peço pouco na hora desprendida:
fique eu em vós apenas como se
tudo não fosse mais que um sonho bom”.
São do Mário Castrim estas palavras e pertencem ao último poema que escreveu, uma semana antes de falecer. São elas que me levam a dizer que ele vive em mim e que só morrerá quando o meu coração e a minha memória se apagarem.
Foi um privilégio ter assistido a esta bela homenagem.
Ao ouvir as declarações de cada interveniente, os mais novos ficaram a saber mais sobre quem foi Mário Castrim, os mais velhos recordaram o amigo, o jornalista, o crítico de televisão, o professor, poeta, escritor…
Recomendo a todos para irem rapidamente ao Teatro Aberto assistir à peça “Toda a Cidade Ardia”. Nesta fantástica peça escrita e encenada por Marta Dias, todos ficam a saber muito mais sobre a escritora / jornalista Alice Vieira e sobre o Mário Castrim.
Verdadeiros Retratos Contados
http://retratoscontados.pt/toda-a-cidade-ardia-em-cena-no-teatro-aberto/
EX.MO SR.MANUEL LUÍS GOUCHA
OS MEUS MAIS RESPEITOSOS CUMPRIMENTOS.
APENAS QUERO DENTRO DA MINHA SIMPLICIDADE,DESEJAR-LHE RÁPIDAS MELHORAS,POIS TODOS
SABEMOS QUE O SR. É UM HOMEM FORTE, E MUITO RESISTENTE.ASSIM ME DESPEÇO
HUMILDEMENTE,E FIQUE CIENTE QUE CONTINUAREI A PEDIR AO ALTÍSSIMO, PARA O ACOMPANHAR
E LIVRAR SEMPRE DE TODO O MAL.DESEJO-LHE TUDO DE BOM,DO FUNDO DO MEU CORAÇÃO
BEIJINHOS,E ATÉ SEMPRE.
CÂNDIDA MENEZES
Até hoje não apareceu nenhum critico de televisão que se igualasse a este grande Senhor , grande profissional. Sempre o respeitei e continuo a ter saudades de o ler .
Grande Homem, Mário Castrim! Como grande Mulher, escritora, a sua viúva, Alice Vieira, que declamou o último poema do seu falecido marido, na abertura da homenagem que lhe foi prestada no Teatro S.Luiz:
Lágrimas, não. Lágrimas, não. A sério.
Enfim, não digo que. É natural.
Mas pronto. Adeus, prazer em conhecer-vos.
Filhos, sejamos práticos, sadios.
Nada de flores. Rigorosamente.
Nem as velas, está bem? Se as acenderem,
sou homem para me levantar e vir
soprá-las, e cantar os “Parabéns”.
Não falem baixo: é tarde para segredos.
Conversem, mas de modo que eu também
oiça, e melhor a grande noite passe.
Peço pouco na hora desprendida:
fique eu em vós apenas como se
tudo não fosse mais que um sonho bom.
Obrigada, Manuel Luís, por esta singular “celebração”, postada no seu blogue!
Há pessoas que deviam de ser eternas….
Manuel
Bela reportagem, belo texto, e como estamos sempre a aprender bebi algumas das suas palavras.
Frase sábia, há pessoas que nos acrescentam mesmo já não estando presentes.
para quê mendigar à noite, se podes ser rei de manhã!”.
Se tiver no seu Éden abrace os perritos, ovelhas , cavalos, árvores todos eles transmitem magia.
Algo me diz que vai começar a fazer algum exercício, tive 20 anos parada e agora não passo sem o desporto, vai ver que vai descobrir uma outra paixão. Há paixões camufladas, e quando emergem são fortes.
Abraço
Carla
Boa tarde Manuel,
Como não tenho faceboock, aproveito esta forma e desculpe se o estou a incomodar, mas penso que não!!.
Desejo-lhe que tenha toda a força do Mundo para superar estes dias menos bons. Óptimas férias. Aproveite ao máximo os seus dias e que esses sejam vividos com muita felicidade.
Aguardo o dia 14 para saber a surpresa que aí vem.
Um grande beijinho e saúde.
Maria Sousa
Como sempre excelente Manuel! Grande abraço