O filme da minha vida

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Amanhã celebra-se o cinema, no seu dia mundial, é sempre assim a cinco de Novembro, e por isso já houve quem hoje me fizesse a pergunta sacramental: qual o filme da minha vida? A resposta nunca é fácil tantas as fitas que, ao longo do meu crescimento, me tocaram pelas mais diversas razões, mas apesar de mentalmente elencar uma série de nomes, acabo sempre por dar a mesma resposta: “My Fair Lady”. Tenho por este filme um carinho muito especial e recordo com emoção a minha primeira “soirée”, ao lado de minha mãe (a minha linda senhora!) no Teatro Gil Vicente, em Coimbra. O filme de George Cukor, inspirado na obra de Bernard Shaw, “Pigmalião”, corresponde assim como que à ascenção a um outro patamar da minha formação como espectador de cinema, tendo passado do calção pelo joelho e da gravatinha de elástico para as calças de homenzinho, dos “101 Dálmatas” para um filme para maiores de doze. Depois, era a componente musical que arrebatava em temas imortais como “Wouldn’t be lovely”, “The Rain in Spain”, “I could have danced all night”, sendo que este último continua a emocionar-me sempre que o ouço. É como que uma torrente de lembranças e emoções que quase me sufoca. Por fim, “the last but not least”, Audrey Hepburn, bela, delicada, magnífica. É, para mim, a figura superlativa em termos de elegância, de trato, de postura (sabe-se, por exemplo, que começou por declinar o convite para protagonizar “My Fair Lady”, por considerar que tal desempenho deveria caber a Julie Andrews, já que esta havia sido Eliza Doolittle mais de duas mil e setecentas vezes em cena, na Broadway. Chegou mesmo a convidar os responsáveis do estúdio a jantar em sua casa, numa última tentativa de os convencer que Julie seria a actriz certa e só se decide pelo papel quando aqueles começaram à procura de outras actrizes, independentemente da sua figura longilínea, verdadeira inspiração para mestres da alta costura, como Givenchy. Dedicada a causas humanitárias, foi como embaixadora da UNICEF que deixou uma das suas mais firmes marcas, concretamente na defesa dos direitos da criança, consubstanciados na Convenção adoptada na Assembleia Geral das Nações Unidas, em 1989. Visitou cenários dantescos de fome, guerra, destruição, nomeadamente no Sudão, na Etiópia, na Somália, dando assim a conhecer ao mundo verdadeiros holocaustos silenciosos, responsabilizando cada um de nós por tão ignóbil indiferença.

Audrey Hepburn soube ser bela no cinema e na Vida! Tenho todas as razões para redizer que “My Fair Lady” é o filme da minha Vida.

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2 comentários a “O filme da minha vida

  1. Carla

    Manuel
    Nem sabe, como admiro estas pessoas que não esquecem os mais desfavorecidos, que usam a sua voz para mexer consciências. O ser humano só é rico se for rico de espírito, aí o sucesso terá outro complemento, outro prazer.

    Por vezes sentimos que aquilo que fazemos não é senão uma gota de água no mar. Mas o mar seria menor se lhe faltasse uma gota.
    Madre Teresa de Calcutá

    Abraço
    Carla

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