Não sei se lhe acontece o mesmo mas sou capaz de conhecer melhor outras cidades por esse mundo fora que esta Lisboa que me viu nascer, que isto é mesmo assim, no corre-corre do dia-a-dia acabamos sem olhar com olhos de ver o que a cidade nos oferece. Por isso cada vez mais procuro contrariar essa aparente falta de disponibilidade e digo aparente porque gerindo as oportunidades de outro jeito consigo rentabilizá-las para usufruir a cidade no que nela mais me toca. Ontem por exemplo, findo o programa, tirei uma hora para ir conversar com Maria Filomena Mónica sobre o seu livro agora editado, “Os Ricos”, sendo que o resultado dessa conversa poderá ser visto na próxima quinta-feira no “Você na TV”. Ao saber que a autora que aliás muito admiro e de quem sou fiel seguidor através dos seus livros, artigos de opinião e comentários televisivos, vivia perto da Basílica da Estrela organizei-me de modo a, concluído o trabalho, ir conhecer mais em pormenor o templo onde apenas havia estado em duas únicas ocasiões que, contudo, recordo porque marcantes. Havia sido numa Missa do Galo, há muitos anos com um querido amigo, o Fabrice, que infelizmente já partiu de forma inglória e precoce, aliás a sua morte foi mediatizada por esse mesmo motivo, e por ocasião de uma missa cantada por Maria Betânia em homenagem a Amália, que ali foi velada, dias depois do seu funeral. A Basílica aliás está muito ligada aos velórios das mais destacadas figuras da nossa sociedade, dos mais diversos quadrantes, e quase juro que ouvi o nosso Nico (Nicolau Breyner) dizer, com a fina ironia e o humor que o tornavam também por isso tão especial, que quem era muito conhecido neste país acabaria por ser “basílico” ou seja ter garantido o último adeus no templo.
Faltava-me entrar com tempo para apreciar o que a Basílica “esconde” para lá da sua imponente fachada com os seus fogaréus, estátuas monumentais e relevos alusivos ao Sagrado Coração de Jesus. Foi desta, por isso subi ao zimbório, cento e quatorze degraus que me deixaram com “os bofes de fora”, mas vale a pena para do alto vermos noutra perspectiva parte da nave única, particularmente a capela-mor com o seu retábulo. E já que estamos nos cimos podemos ali apreciar a cúpula e as torres sineiras e demorar o olhar no jardim da frente, exemplo do traçado romântico na Lisboa dos burgueses, e eis logo ali a Lapa, o bairro deles e dos “outros”, mais além o verde de Monsanto e da Tapada da Ajuda, até se consegue ver uma nesga da ponte sobre o rio.
Podemos dizer que a Basílica é um museu perfeito da arte portuguesa do Barroco tardio, de finais de setecentos, porém a precisar de alguma limpeza e restauro. Pena que a falta de luz não me tivesse deixado ver o presépio de Machado de Castro, talvez o mais monumental dos que fez para a Família Real, com as suas dezenas de peças moldadas em barro cozido e policromado. Mas não perde pela demora que à igreja basílical hei-de voltar para o ver com detalhe, logo eu devoto que sou do trabalho do conimbricence escultor. Diga-se que pode passar despercebida a sua localização, já que fica por detrás do imponente túmulo de D. Maria I, a Piedosa, a única monarca dos Bragança sepultada fora do Panteão (a São Vicente). Razão para tal encontrarei no facto de ter sido ela a fundadora da Igreja e mais do convento adjacente das freiras Carmelitas Descalças, diz-se que pela graça recebida de ter tido um filho varão.
Sim Manuel Luís, vai ter que se expressar mais vezes sobre a bela e única cidade da luz natural… O céu azul chama a que pessoas como o “Manuel Luís”, de olhares únicos e penetrantes, mentes sãs, sábias, nos deixem os comentários tão bem estruturados que nos inspiram a não perder tempo inútil, porque a vida é muito bela para não deixar passar nada sem as chamadas de atenção, dessas pessoas que tudo vêem e tudo querem partilhar com muita sinceridade.
Parabéns Manuel Luís. É um ser extraordinário, continue sempre….
Olá Manuel, sou sua fã por ser como é: autêntico, justo, trabalhador, perfeccionista e um grande ser humano e acima de tudo por ter um grande sentido de humor e se rir de si próprio o que só poucos homens o fazem pois é sinônimo de uma grande maturidade e genialidade.
Adoro a Basílica da Estrela, casei nela a 15 anos, soube que seria lá porque me apaixonei por ela quando entrei pela primeira vez, senti que queria sentir aquela magia, nobreza e esplendor no meu dia e aconteceu.
Um grande beijinho mas um maior abraço .
Susana Oliveira