Sempre soube que as andorinhas anunciam os dias mais claros e amenos, que fazem os ninhos com lama e a sua própria saliva e que na hora de irem à procura de paragens mais quentes são capazes de voar dez mil quilómetros, para no ano seguinte regressarem à casa de partida – tudo isso aprendi ainda era aluno de carteirinha. Já vê-las era outra conversa, tinha-as, em bando, na chaminé da cozinha da minha infância, em Coimbra, mas eram em cerâmica e só muito mais tarde vim a saber que talvez cópias simplificadas do modelo original de Rafael Bordalo Pinheiro, de 1891. Ao vivo, e a preto e branco, só uma ou outra num beiral da rua, mas nunca que desse para me interessar, em especial, pela ave. Até ao dia em que uma me caiu aos pés.
Foi há um ano e picos, no júbilo da Primavera, estava de férias na Toscânia e a quatro dias de seguir viagem para Roma. Caída do ninho, era mais do que certo não sobreviver longe dos cuidados dos pais. Por isso, logo se pensou numa maneira de tratar dela: água com açúcar para a hidratar, dada com um cotonete, e como proteína formigas, que era o que se podia arranjar com grande facilidade ali em pleno campo. Isto muitas vezes ao dia, que em chegando a noite era embrulhá-la numa t-shirt como se esta fosse um ninho protector e esperar pela manhã seguinte para tudo recomeçar.
Todos os dias tentávamos treiná-la no voo, para que pudesse juntar-se aos seus, mas eram tímidos os seus avanços na matéria, de tal modo jovem e frágil. Havia que tomar uma atitude: anular a ida para Roma e permanecer ali, nos dias de lazer que restavam, para que a andorinha vingasse. Em boa hora o decidimos: ganhou peso e também acabou por conquistar confiança, arriscando voar mais uns metros de cada vez, porém, ainda, não o suficiente para se autonomizar. Já era frequente, ao pequeno-almoço, perguntarem-me por ela: “come ė la rondine?”. E houve quem, rapidamente, se tenha prontificado a concluir a tarefa, após o nosso regresso a casa. E foi isso mesmo que acabou por acontecer: uma das recepcionistas do hotel cuidou dela até ao dia em que finalmente ganhou o azul. Antes da nossa partida, entre os três, baptizámo-la de “Felicità”, porque felicidade foi o que sentimos por termos salvo um ser frágil e indefeso. Gosto de olhar estas fotos e pensar que Felicità estará agora na sua Toscânia, acenando com o seu lenço de asas.
Leveza de ser*
Este post sensibilizou – me imenso Manuel Luís. Gosto da sua sensibilidade. Gosto da sua leveza do ser. Gosto da pessoa que se tornou… Ou sempre foi… Obrigada por esta belíssima partilha. Obrigada pela generosidade em fazer este blogue. Obrigada por estar sempre a favor das mulheres. Obrigada pela honestidade. Se me permite… Um abraço!
Para mim Manuel Luis Goucha é um dos melhores proficionários em qualquer programa que aparece tenho-o seguido ano após ano pode servir de exemplo para quem quiser seguir a profissão de comunicador……..um abraço……………UM ABRAÇO MARIA FERNANDES…..—-
Manuel, permita-me fazer uma observação? Estou a adorar as fotos, que me permitem viajar um pouco, por um País que espero conhecer em breve, agora ainda com mais vontade. Mas, sim há um mas… Onde está o seu belo sorriso? Sinto a falta de o ver sorrir… Continuação de boas férias. Um forte abracinho
Grande coração e sensibilidade … vindo de sim nada me espanta ! HOMEM GRANDE
Felicitá é sem dúvida uma andorinha cheia de sorte! Fico também eu feliz por saber o desfecho da história. A minha avó costumava dizer que as pessoas que cuidam dos animais, são sem dúvida, boas pessoas. É verdade. 🙂
Os animais, assim como as crianças, são o melhor do mundo!!!
Mais uma história bonita, como tantas outras que por aqui andam.
É sempre uma delícia visitar o seu blog.
Obrigada por partilhar connosco tantas maravilhas, para os olhos e para a alma.
Beijinhos,
Lucília
Lembro-me perfeitamente desse post no seu facebook e de ter comentado. Foi maravilhoso o seu gesto, é cá dos meus, também não consigo ver um animal a precisar de ajuda e ficar indiferente. Esta Primavera também cuidei de três passarinhos que caíram do ninho, mas infelizmente morreram de um dia para o outro, sem eu perceber porquê.
Um beijo e obrigado pelo seu comentário
Linda e emocionante a sua historia,quando era pequena passou-se algo parecido comigo,só que em ves de ser andorinha ,era um pintassilgo,dele tratei e na hora certa o pus na vida dele,Um abraço Manuel Luís ,gosto muito de o ouvir
Um beijo. Obrigado pelo seu comentário
Sou sua fã desde quando fazia publicidade das latas de fermento royal! Adoro-o como pessoa! Esta história mostra o tamanho do seu coração! Já fiz o mesmo, alimentei: patinhos pintinhos e até melro! Grande abraço com os meus respeitosos cumprimentos!
Com toda a certeza, um dia, voltará para ver o homem que a salvou.
Bem-haja pela sua simpatia.
Linda história 🙂
Bem haja pela pessoa que é!
Lembro-me deste comentário nas suas férias, mas agora ao ler este post, lembrei-me da bela história do gato Zorbas e da Gaivota!
Parabéns pela forma como celebra a sua vida!
O Manuel nestes gestos transforma o quotidiano em poesia!
Penso que esse é um livro do Luis Sepulveda. Gostei muito. Um abraço e obrigado
As únicas palavras que me ocorrem dizer são: Obrigada M.L.G. pela pessoa maravilhosa que és. Que Deus te dê em dobro tudo o que dás aos outros. Um beijo do tamanho do Mundo.
Que exagero Laura ou devo dizer Laurita? Um beijo e obrigado.
Vindo do senhor nao me admira tenho. Uma grande estima pelo manuel jà viajamos no mesmo aviao Vindo de franca tive tanta vontade de lhe falar mas nao ousei vejo
Todos os dias o seu programa mais à cristina de quel gosto muito tambem
Beijinhos
Da próxima vez que vier no mesmo avião não se acanhe. Um beijo.
Sem duvida um ser humano único e fanstático
Confesso que me vieram as lágrimas aos olhos.
Um bem haja Manuel Luis.
Silvia
Até podemos dizer que não acreditamos em Deus mas, quando temos este cuidado, esta sencibilidade temos Deus dentro de nós. Feliz andorinha que “caiu” em boas mãos. Que regresse com todas as primaveras possíveis.
um bem haja.
José Pinto.
Sim,tem que ser uma pessoa mto sensível para tanto carinho com os animais. Cada vez gosto mais de si Manuel Luís Goucha!
É linda a sua história da andorinha, fez-me lembrar a minha de um pardal, depois de maior e já voar um pouco levei-o a um jardim público para o deixar com outros passarinhos. Que tudo corra bem na vida do Manuel,gosta tanto de animais como eu.
Olá Manel! Em primeiro desejo-lhe umas otimas férias. Eu agora nåo ando mt por estas coisas,pq está td avariado e estou aproveitar enquanto a tablete não se lembra de parar. Mandei-lhe outro livro do Padre Vieira,já recebeu? Ia tbm uma carta com umas linhas,qd receber mande msgm por favor ainda tenho alguns e talvez tbm mande á Cristina,como é formada em história pode gostar. Lembro.me bem da andorinha nessa altura creio k eu estava na SUIÇA. O Manel é fora de série. Um grande abraço e um bjo e seja mt feliz nas suas férias e sempre.
Olá Manuel Luis! A sua aventura com a andorinha em terras da Toscânia enterneceu-me… Tenho uma história muito semelhante com uma rola bébé que caiu do ninho numa árvore à porta da minha casa. Alimentei-a até estar suficientemente forte para voar e não só… Mesmo depois de voltado ao seu habitat natural, ainda a alimentei durante um tempo… Ela vinha posar numa árvore, esperava por mim, eu via-a da janela e levava-lhe sementes numa caixinha. Até que um dia se tornou independente e passou a procurar os alimentos. No entanto, manteve-se sempre por perto da minha casa… Talvez ande ainda por aqui… só que já não a consigo identificar no meio das outras rolas. Gostava de lhe mostrar uma das fotografias que também tenho dela, quando a alimentava na árvore… mas aqui não consigo…
Boa tarde Manuel Luís Goucha
Acompanhei a sua história há um ano e de vez em quando lembro-me dela e pergunto-me se a Felicitá terá sobrevivido. Soube agora que sim pelo que fico muito contente e agradecida a todos que a protegeram.
O Goucha é um ser humano excelente. Gosto muito de si. Bjs
Lembra-me tão bem dessa história e de seguir e esperar noticias da Felicitá(na altura ainda sem nome)e de acompanhar a sua evolução.Foi uma história tão linda e espero que por esse imenso céu azul ainda voe a nossa linda Felicitá.
Manel todos os dias o vejo na tv e cada vez o admiro mais como ser humano sigo o seu blogue e Facebook não tenho escrito nada apesar de admirar muito tudo o que la escreve mas este poste quase me levou as lágrimas só uma pessoa com uma alma enorme muda os planos de férias para salvar uma simples andorinha que a vida lhe ofereça tudo o que é bom, obrigada por ser assim.
Não há duvida que é uma pessoa como deviam ser todas. Que mais posso dizer ?
Parabéns por ser quem é!
Beijinho grande <3
Obrigado Manuel Luis pela partilha desta e tantas outras coisas da vida. Só um ser humano BOM e SÃO faria isto. Beijinho grande
Olá Manuel Luís Goucha,
Peço imensa desculpa deixar isto aqui mas como irá ver no texto que colocarei em baixo, é mais uma tentativa entre muitas que já fiz com instituições. Deixo ficar uma cópia do texto que lhe deixei no facebook, mas no outro dia ouvi-o no seu programa a dizer que não consegue ler tudo do facebook como é natural..Por isso aqui fica mais uma esperança 🙂
Um beijinho
Persistência…Persistência e esperança
Boa noite Manuel Luis Goucha,
Ja tinha escrito uma publicaçao mas penso que a apaguei sem querer.
Sei que nao tem nada a ver com isto mas como sei que tambem gosta de animais,partilho esta historia na esperança de alguem conseguir ajudar:
Estive na zona de albufeira a convite de uns amigos e deparei-me com uma cadelinha ferida numa patinha,questionei pessoas da zona para saber o que se tinha passado com a cadelinha.Soube entao que foi abandonada e acabou por ser atropelada,estava muito assustada mas com paciencia e depois de lhe por comida e agua acabou por me vir lamber as maos,a partir dai todos os dias ao fim da tarde estava à espera que lhe desse a comida.Mal me via abanava logo a cauda.Liguei para a associaçao do algarve e deixei mensagem mas nada,pedi ajuda no facebook mas nada Tive que vir embora e infelizmente nao pude traze-la pois fui c outras pessoas.Ja enviei um email p a SOS Animal mas nada ja voltei tb a colocar apelos no facebook.Este é mais um recurso que tento que de certo, queria muito ir buscar a cadelinha,todos os dias penso que esta la à espera da comida So gostaria de ajuda p ir busca-la ou alguma forma de traze-la ate mim e leva-la ao veterinario.Muito muito obrigada.Deixo o contacto 915342329 inafernandezdc@gmail.com . obrigada
Aqui não conseigo por a fotografia da cadelinha :/ Mas coloquei no seu facebook no dia 21 de agosto
So uma grande alma pode ter gestos semelhantes.
Bem haja !
Manuel Luís, cada vez que o leio mais o admiro e fico agradecida por partilhar estes episódios da sua vida.
adoro quando mostra os seus amigos de casa e hoje da andorinha sensibilizou -me, obrigada
Sem duvida um ser humano fantástico, parabéns por ser como é.
Esta história mostra o tamanho do seu coração Srº Manuel Luís, admiro-o muito desde o dia que o conheci a fazer publicidade das latas de fermento royal! É realmente uma pessoa fantástica! Já fiz o mesmo, alimentei: um patinho, melro, até pintinhos porque a mãe simplesmente o rejeitou por ter sido o primeiro a sair e a mãe galinha tinha que aquecer os restantes ovos! Adoro os seus cães e a sua piscina! Os meus respeitosos cumprimentos.
É sempre um prazer rever andorinhas. Tenho-as sempre perto de casa e vou acompanhando o desenvolvimento das pequeninas. Uma coisa é certa: fazem imensos treinos de voo e aí sim, fazem lembrar as de Bordalo Pinheiro, nas paredes antigas, em bandos de pelo menos três.