Eu e o(s) Baile(s) da Rosa

Sábado passado houve Baile da Rosa e se este foi o oitavo eu fiquei-me pela metade.

2011
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O primeiro a que fui decorreu na Cadeia da Relação, belíssimo edifício do século XVI reedificado quase duzentos anos depois e onde hoje está instalado o Centro Português de Fotografia. Dos presos que ali cumpriram pena Camilo Castelo Branco, condenado por adultério, terá sido o mais célebre. Essa é uma característica bem interessante do evento, sempre organizado pelo Daniel Martins, a de nos dar a conhecer locais emblemáticos da cidade do Porto. Tive por missão entregar um troféu ao Tony Carreira. Fi-lo com todo o gosto, que há muito admiro a sua perseverança, o seu profissionalismo e o respeito que tem pelo público que o idolatra. Mas aquela noite haveria de ficar marcada pela Lili Caneças ter “pegado fogo”. Bem, isto sou eu a exagerar, mas que a cauda do vestido ficou chamuscada, lá isso é verdade. Tudo por causa das velas que ladeavam a passadeira vermelha e a rabona ser mais do que muita. Logo surgiram as piadas do costume, que o português é dado à graçola, se bem que sentido de humor seja outra coisa.


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(smoking Dolce e Gabanna)

2012
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No ano seguinte foi a vez da Estação de São Bento receber o evento. Uma das mais belas estações ferroviárias do Mundo, assim classificada pelos painéis azulejares, de Jorge Colaço, que lhe vestem a gare, com cenas da nossa História  e outras, etnográficas, da região duriense.
E lá fui, feito entregador-mor, falar da Cristina, minha companheira de inúmeras manhãs, e entregar-lhe o prémio que lhe coube, pelo seu inegável talento e ousadia. Ia radiosa num vestido rendado que fez furor na passadeira vermelha, entre o ribombar dos bombos e o aplauso do locais.

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casaco de gala estampado (criação da Dielmar)

2014

foto8No ano passado regressei, não tinha como recusar, uma vez que as senhoras da cidade, embaixadoras do evento, que tem por incumbência escolher dos nomeados os galardoados, se decidiram por mim como personalidade do ano. Fico todo fornicoques  só de pensar na pomposidade do epíteto,  que nada fiz para receber qualquer distinção que seja, apenas tenho um ofício de grande visibilidade, mas seria falta de polidez não aceitar o mimo. Tudo aconteceu na Casa de todas as Músicas, a obra contemporânea mais icónica da cidade.

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smoking com tecido comprado na Mood (Nova Iorque) e executado pelo costureiro José Maria Oliveira

2015

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Este ano bisou-se o local, a Sala 2 da Casa da Música guardada para eventos do género. Julgava ir entregar o prémio de personalidade televisiva à Teresa Guilherme, até tinha o discurso alinhavado, o que é fácil dado o muito que já partilhámos, quando fui pego de surpresa, cabendo-me entregar o troféu maior a Júlio  Isidro. Confesso que foi o respeito que tenho pelo profissional a ditar as minhas palavras, já que não tenho com ele outro tipo de relação. Mas era mais do que suficiente quando ali estávamos para celebrar cinquenta e cinco anos de uma vida dedicada à televisão com superior brilhantismo e criatividade.  Se há nome incontornável na história da televisão em Portugal é o dele. E deve ser tido como referência maior pela sabedoria e talento com que enfrenta todo e qualquer desafio televisivo, mesmo que inesperado. Pensar que hoje em dia bondam os oficiantes que apenas papagueiam o que outros pesquisam e escrevem e já se acham os maiores.

O melhor de tudo é quando nos sentamos à mesa com quem estimamos e este baile não foi excepção. Malato, Lili, Alexandra, Cinha, José Alberto, Teresa… fizeram da noite uma festa espumante de  risos e graças.

Depois é a simpatia com que sou sempre recebido no Porto a deixar-me emocionado.
Logo à entrada foi o que se viu entre beijos, abraços e auto-retratos.  Depois são as senhoras da festa, caras, sorrisos e falinhas doces , que lembro de anos anteriores,  e alguns cavalheiros, menos efusivos mas de igual modo amáveis. O que não impede que haja sempre uma meia dúzia que julgam que pondo um smoking já ficam uns senhores. Longe disso ou não fosse o povo a dizer, na sua infinita sabedoria, que “o hábito não faz o monge”. Vale mais sê-lo que parecê-lo.

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smoking Nuno Gama

Para o ano haverá mais. Mas tenho que para mim que já excedi a conta… Afinal, não é o povo, sempre o povo, que diz que “três é a conta que Deus fez”?

1 comentário a “Eu e o(s) Baile(s) da Rosa

  1. Inês Bustorff

    Bravo Manuel Luis Goucha!
    Gosto imenso de te ver feliz e com imenso sucesso. Bravo
    Tenho vivido em Bath, Inglaterra, nos ultimos 7 anos. Tudo a correr pelo melhor.
    Vou regressar em Outubro e levo um projecto na bagagem.
    O teu blog é fantástico. Clean. Brilhante.
    Muitos parabéns por tudo o que já alcançaste e o que ainda te espera.
    Sê feliz.
    Beijo enorme com saudade

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