Dá gosto andar na baixa lisboeta, tantos são os que a calcorreiam de máquina fotográfica a tiracolo. Parece que o país está na moda e cada vez mais é escolhido como destino turístico. Que continue assim por muitos e bons anos, e que continuemos também a investir na criação e recuperação de pólos de interesse, seja ao nível patrimonial, cultural, paisagístico e até gastronómico. Por este último me fico, desta vez, que me deu ganas de um pastelinho de bacalhau. Pastelinho, é como quem diz, que os que se vendem nesta Casa Portuguesa (1) são avantajados e ainda levam recheio copioso de queijo da serra.
Pode parecer estranha a mancebia mas olhe que resulta a contento do mais exigente dos paladares. Curioso é saber pela pena de José Quitério (2), grande sábio dos prazeres da mesa, que das primeiras receitas de pastéis de bacalhau codificadas em livro, este de João da Mata, a “Arte de Cozinha” de 1876, uma existe que os apresenta fritos à Holandesa, levando queijo ralado. A que aqui se prova com agrado é a bem dizer, fora o queijo da Serra, a receita de Carlos Bento da Maia, no seu “Tratado de Cozinha e Copa” de 1904. Tudo, ou quase, é feito à vista do freguês, da moldagem do pastel à sua franca fritura em azeite, a melhor das gorduras, o que não deixa de ser um chamariz para quem nos visita e ali entra com certeza para perceber este nosso gostinho tão especial.
(1) Casa Portuguesa do Pastel de Bacalhau
Rua Augusta 106-108
(2) “Bem Comer & Curiosidades” de José Quitério (editora Documenta)
Logo subi ao Camões, para entrar no 2 da rua do Loreto, onde antes foi a sede da Manteigaria União (3). Mantém-se a fachada e parte do nome, que agora esta Manteigaria o que fabrica e vende são pastéis de nata, onde o lacticínio é usado, em detrimento de manhosas margarinas, e entre outras matérias-primas de qualidade. Assim se entende porque a massa folhada mantém o seu “cantar”, no dia seguinte, isto se nos sobrar um pastel que seja. O recheio é cremoso e delicado e, por isso também, é impossível resistir ao pecado da gula. Gosto deles tépidos, com polvilho de canela.
O negócio vai de “vento em popa” para Aristides Rocha Vieira e seu sobrinho e sócio, o chef Miguel Rocha Vieira (este nome não me é nada estranho! – que todos os dias se fazem milhares de pasteis e nada sobra. É o triunfo do empreendedorismo com qualidade.
(3) Manteigaria Fábrica de Pasteis de Nata
Rua do Loreto, 2
A Manteigaria rescem inaugurada em Sao Paulo é de voces?
Gostaria de saber se o pastel de natas que comomemos aqui, vendidos nessa Manteigaria, é o mesmo que voces fazem aí em Lisboa
Manuel Luís bolo de bacalhau é bolo de bacalhau e queijo da serra é queijo da serra. Agora a mistura é insípida. Já provei e não quero voltar a repetir.
Faço minhas as palavras da Diva Maria de Lourdes Modesto.
Da parte de Maria de Lourdes Modesto recebi este texto que urge chegue ao conhecimento de todos os que se interessam pela nossa gastronomia. Aqui vai publicado na íntegra.
Socorro, que isto dói.
Levantei os olhos, e deparei com uma verdadeira obscenidade no ecrã do meu televisor: um pastel de bacalhau a esvair-se em queijo Serra da Estrela. Não pode vir mais a propósito é “com uma cajadada matar dois coelhos”. Duas das mais queridas e conseguidas especificidades da nossa gastronomia, numa pornográfica e ridícula figura! Julgo que vi, e foi-me confirmado, que a ideia seria do Turismo de Portugal. Chamar a atenção para o nosso católico e recatado País com aquela obscena imagem, parece-me obra do diabo, quiçá, do estado islâmico.
O queijo Serra da Estrela já está habituado a estas diabruras o que me leva a pensar que pessoas com responsabilidades nunca o conheceram na sua pujança: maduro e cortado à fatia; mas o inocente pastel de bacalhau,
Senhores! Porquê?
Não desconheço que as autoridades, por desespero da população, estão muito preocupadas com os toldos que abrigam a referida aberração, mas… e na Cultura, não há ninguém com papilas saudáveis, bom gosto e que saiba que o pastel de bacalhau é uma das joias mais perfeitas e mais queridas da nossa gastronomia popular?
Ninguém com poder toma conta “disto”?
Maria de Lourdes Modesto
Estamos curiosos pra provar esta iguaria! A casa já está no roteiro de visitação.
Pastéis de nata. Hummmmm….tão bom. Já fiz muitos na padaria de Alpiarça (se soubesse o que sei hoje jamais teria ido para lá. Trabalhei dois meses e meio e não me pagaram. Mais de 1500 euros !) A massa folhada não sei fazer, ninguém me ensinou. Mas o recheio sim.
Gostei desta visita guiada aos pastéis.
Beijo.
Bom dia adoro-o, charmoso como sempre adorei esta visita guiada aos pastéis.
Continue com esta alegria bem haja.