O Manel foi ao mercado

Fui ao Mercado de Campo de Ourique.
Já não é novidade que o lugar do mercadejo se soube renovar e assim escapar a uma morte anunciada. Fê-lo de forma engenhosa, cativando um consumidor jovem e conservando os do bairro sempre fiéis, seguindo os bons exemplos de fora, o mais perto dos quais talvez seja o mercado de San Miguel, em Madrid. Uma praça central oferece-nos muitas opções gastronómicas, das mais clássicas às alternativas, sendo que me fiquei por um prego do “Atalho” em bolo do caco, de uma suculência irrepreensível dado que o corte escolhido foi do lombo maturado, que é quando este perde água e, consequentemente, peso e ganha em sabor. A tal ponto que apenas leva umas pedrinhas de sal, sem nada mais que estrague. Escusa de pedir mostarda ou ketchup, que não lho servem, se tiver escolhido essa peça de carne. Babei, e logo eu que há muito me deixei de carnes vermelhas.

As bebidas, sejam quais forem, servem-se noutras bancas e se quiser, ainda, fruta para completar o lambisco é ir até às vendedeiras que dali não arredaram pé, mesmo quando o mercado agonizava. Fruta da melhor, cheirosa e saborosa. Já as clementinas anunciam os frios que não hão-de tardar. Na banca dos frutos secos encontrei pêras-passa ou pêras secadas, um produto tradicional com raízes na Beira Baixa, que muitos desconhecem, até porque é pequena e familiar a sua produção. Sou dos que o têm como produto gourmet, de altíssima qualidade, e faço-o entrar em algumas receitas cá de casa. Aliás, quando as comprei, tinha em vista uma receita agridoce, ligam muito bem com magret de pato, mas fiquei-me pela intenção, que o mal foi ter comido a primeira, no regresso a casa. É que elas são como as cerejas…