Qual é a medida da sua cabeça? Perguntou-me a Paula Ramos, a nossa editora, logo acrescentando que quem a solicitava era uma empresa de chapéus que havia sido convidada para o programa. Os dias foram passando e eu sem verificar o tamanho dos chapéus que tenho lá em casa, para assim informar a produção. Por isso, naquela manhã, houve mesmo que tirar medidas com uma fita métrica, éramos a dois dias da produção para a revista Cristina e eu longe de imaginar que iria então ser surpreendido com farpela feita à medida e chapéu alto, e que afinal não havia empresa alguma ligada à chapelaria para ir ao “Você na TV”. De outra forma eu teria descoberto tudo antes de tempo e o que a Cristina queria era mesmo registar o meu espanto ao perceber que ia enfarpelar-me a preceito para ser capa, com ela, e miolo central da sua revista.
A casaca, já o disse na altura, foi feita em dois dias pelo alfaite Paulo Battista e foi o próprio a tratar do chapéu alto, adquirindo-o na mais famosa chapelaria da capital, no Rossio desde 1886, a “Azevedo Rua”. Só a loja, pela história e por quanto exibe, é de se lhe tirar o chapéu! Lá vai tempo em que o chapéu era um acessório tão importante do vestuário quotidiano como ainda hoje são os sapatos, por exemplo. E este, alto e preto, é o mais formal de todos, reclamado para ocasiões festivas e muito especiais. Diz-se que foi o chapeleiro inglês John Hetherington, quem o usou pela primeira vez em Janeiro de 1757, não sem ter sido multado pelo escândalo que provocou. O povo ridicularizou o chapéu, chamando-o de “chaminé”, de “canudo” ou de “cartola”, porque “quartola” é o nome dado a uma pequena pipa, correspondente a um quarto de tonel, tudo por causa da sua copa alta. Certo é que sempre que me vejo assim pinoca, imagino-me personagem queirosiana, numa carruagem a caminho do São Carlos para uma noite de ópera e sedução.
É com imenso prazer que trabalho na Chapelaria Azevedo Rua! Obrigada pelo elogio que fez à chapelaria! Está maravilhoso!
Vá dar banho aos cães não fale do que não sabe
N
Adorei a entrevista , em relação á vestimenta é completamente maravilhosa. Estão de parabéns!!!
Manuel
Sempre gostei de chapéus, dá um toque elegante, fica-lhe bem. Adoro ver os chapéus nos casamentos reais, tenho 2 de praia aba larga lindíssimos.
Permita-me um devaneio fora do tema.
Já refletiu nisto? .
Tanto o Paulo Battista como o Manuel tiveram percursos de vida duros, e hoje são 2 homens de sucesso. Parece que existe uma forma de superação de tudo o que passaram e venceram. Fazer acreditar na força da vontade , quando queremos algo temos que lutar por ela, mesmo que não tenhamos objetos de força ( linguagem psicanalítica). Objetos de força são todos aqueles que nos impulsionam em algo mas construtivo . Os pais são os faróis dos filhos , mas quando não existem faróis é preciso ter uma qualidade intrínseca, que sem ela não seria possível chegar a onde chegaram. Esse mérito ninguém o pode tirar, independente de não agradarmos a gregos ou troianos. Os 2 foram o próprios objetos de força, aí reside a verdadeira essência.
Gosto muito de ver os 2 juntos.
Abraço
Carla
Que dizer, elegância em todos os detalhes!
Ou como dizem os putos hoje em dia “Um cota a espalhar charme” :p
Célia Ramos
Há amizades assim, na minha opinião, improváveis.São as verdadeiras.Esta última foto é retrato da vossa.Estão os dois completamente felizes com a companhia do outro e o tempo parou ali.
Muitas vezes são um só, a cumplicidade é tal que dá gosto.