Foi assim que me ajanotei há precisamente uma semana, apesar de estar em férias, lembra-se? Mas o convite não deixava que fosse de outro jeito, que entendo haver um código de vestuário a cumprir consoante cada ocasião. Uma cerimónia militar de homenagem aos antigos combatentes de Monforte, presenciada na tribuna de convidados não é propriamente para ser encarada como uma ida a uma feira ou arraial. Optando por uma certa formalidade e até contenção, estava também, desse modo, a honrar quem ali, naquela manhã, foi homenageado, homens de têmpera que em nome da defesa dos interesses da Pátria partiram, um dia, rumo ao desconhecido sem a certeza do regresso, deixando na terra o negro da saudade.
Há muito que os Monfortenses reclamavam um monumento de homenagem aos seus combatentes. Foram mais de quinhentos, na Índia e em África, sendo que sete perderam a vida em nome do Império que alguns cegamente procuravam manter. Gonçalo Lagem era naquele dia um homem feliz, por uma vez mais ter conseguido materializar um sonho da comunidade que serve enquanto autarca, juntando a este evento outro de monta para os da terra, a inauguração de uma sala polivalente que permita a realização, como a própria definição o indica, dos mais diversos eventos. Contou para o efeito com a presença do Ministro da Defesa Nacional, do Chefe do Estado Maior do Exército entre outras altas patentes militares, presidentes das autarquias vizinhas (Fronteira, Estremoz e Avis) e convidados ligados às mais diversas áreas da vida de Monforte e até deste vosso escrevinhador! Confesso que fico sem graça por me ver numa tribuna e no meio de tal aparato, que sendo verdade que gosto da teatralidade do poder, é sempre numa perspectiva de observador, função que acabei por não conseguir castigar.
Vi-me, assim, atento às mesuras habituais nestas coisas com protocolo e aos discursos da circunstância, uns mais arrebatadores que outros, sendo que a frase do dia pertenceu ao presidente da Câmara de Monforte, tomada de Paul Valéry (filósofo e poeta francês), quando sobre a guerra disse “ser um massacre entre pessoas que não se conhecem para satisfação de interesses de pessoas que se conhecem mas não se massacram”. Seguiu-se a inauguração do monumento com oração e benzedura, bem como se guardaram momentos de recolhimento pelos militares falecidos em combate, tendo tudo culminado com o sempre avassalador desfile das forças em parada. A dado momento, ainda estávamos nas oratórias, havia estranhado um certo frenesim na tribuna entre as mais altas individualidades (não é assim que se diz?), percebi depois que foi quando chegou a notícia da morte do segundo jovem militar do curso dos Comandos. Já as câmaras de todos os canais televisivos se perfilavam para obter a reacção do Ministro.
Dali fomos a pé, convidados e quantos assistiram à cerimónia militar, para a Junta de Freguesia onde decorreriam outros momentos protocolares, mas confesso que fiquei na rua entre os Monfortenses, tirando “selfies” e dando “chochos”, num terno contacto com quem habitualmente me vê no ecrã, ainda que sabendo que agora também sou da terra.
Só faltava a inauguração da sala polivalente e o almoço aprazado para a uma. E eu a atrasar-me pelo caminho, indevidamente, entre abraços e mais beijocas, a ponto de ter sido o próprio Ministro a vir cá fora, simpaticamente, quase “puxar-me por uma orelha”, que a cerimónia não podia atrasar-se e queria que eu também assistisse. Ademais, ele e o Chefe do Estado Maior do Exército teriam de seguir logo para Lisboa, por razões óbvias dada a notícia que ensombrou o dia. Seguiu-se copiosa almoçada tendo eu desertado a meio da tarde para outros compromissos, estes mais pessoais, mas a festa ao que vim a saber prolongou-se até a noite cair sobre a vila. Despido o fato era altura de regressar à “lanzice”.
(À excepção das minhas fotos com os populares todas as demais foram retiradas do mural do facebook do Município de Monforte)
Manuel
Elegante como sempre, bonita reportagem.
Carla
Olá, Manel!…os meus parabéns, onde quer que esteja esse lugar fica mais rico, até pelos afectos que distribuí…todos os monfortenses “não sei se chamam assim” que estiveram junto de si ficaram decerto mais ricos, eu falo por mim. Ao chegarem junto dos amigos ou familiares de certeza a primeiro assunto foi: Sabem então não é que tive ao lado do MLG e até tirei uma selfie ele é mesmo como o vemos na tv, nunca me esquecerei.
Bjnho
Olá MLG
As cerimónias militares tocam-me sempre. Tenho assistido a muitas, todas com muito simbolismo para mim!
Também já estive numa tribuna de convidados, para receber um prémio destinado a um familiar.
Partidas e chegadas para missões – ficam na memória para sempre!
O Goucha estava muito bem na tribuna, certamente irá recordar no futuro, assim como estavam muito bem na mesa e não só! Penso que estava feliz – foi um dia diferente!
Obrigada pela partilha,
Obrigado Madalena
Um beijo
Gostei das fotografias, e gostei mais ainda dos cumentários de um homem sábio.Obrigado Manuel Luis, é o maior. Um abraço
Obrigado José.
Não há o maior em coisa alguma. Mas quero passar por esta Vida sem ser uma pessoa menor.
Abraço
Ola Manel uma vez mais a levar Monforte mais longe . E uma honra te-lo entre nos, pessoalmente agradeço-lhe todas as suas partilhas e toda a sua simpatia. Um grande Senhor sem sombra de duvida. Beijinho Manel
Uma vez mais obrigado Antónia (Tonita)
Celeste
Obrigado pelo comentário. Tenho como objectivo para 2019 viver mais tempo no monte mas continuando a
fazer televisão ainda que noutro ritmo. Não faltam projectos mas nenhum deles passa por uma carreira política.
Vou repetir o que já escrevi : O Manuel Luis Goucha ainda vai acabar a fazer carreira … em Monforte !!!!!!!