Em chegando Agosto era dito e sabido: um carro de praça ia-nos buscar a Coimbra para nos levar para a Figueira onde haveríamos de passar o mês todo, isto eu, o meu irmão e a avó Palmira, que a mãe, quando muito, tirava uma semana para ficar connosco, o mais andava numa fona entre cá e lá. Ficávamos sempre numa das várias casas que a tia Laura tinha para alugar à época, todas a darem para um pátio onde pela noite, à sexta, se descamisava o milho em grande algazarra. É que quem tirasse o milho-rei ganhava as beijocas da ordem. De manhã ia-se à praia, larga e clara, afamada também por isso, dividida consoante as posses dos banhistas, tal qual a sociedade salazarenta da altura. Num dos topos, frente ao Grande Hotel e junto à torre do relógio, que nunca funcionava, instalava-se a burguesia de Coimbra. No topo contrário, frente a Buarcos, terra de pescadores e varinas, os menos abonados. Ficávamos-nos pelo meio, que esse era o areal dos remediados. Em chapéu, com saiote a guardar-nos do vento da serra, entre a fiada de barracas listadas a azul a branco e os toldos, mais junto ao mar. Mar bravo e frio onde éramos obrigados a mergulhar. Bem podíamos gritar e esbracejar que o latagão do banheiro levava sempre a melhor. Devia ganhar ao mergulho o sacrista e ainda estou para perceber onde é que a minha mãe tirou a ideia de lhe “encomendar” tal “sermão”.
Afora os banhos forçados, tudo o mais guardo no arquivo das memórias gratas: as voltas do prego, a bolacha americana, o “olá” fresquinho, as bolas a esbarrigarem-se de creme, os bolos de Ançã… Pela tarde dormia-se a sesta, ora cá está outra coisa que me encanitava, mas lá que se ganhava energia para o mais que viesse… À noite batia-se perna, rua do Casino acima e abaixo, verdadeira feira de vaidades. E na esplanada bebia-se uma laranjina C . No dia seguinte seria mais do mesmo, mas para mim era como se tudo fosse novidade. Em cada Agosto cabia todo o possível. E mesmo aquilo que estava longe de ter como adquirido. Que do que gostava, mesmo, era quando, em conluio com o mar, imaginava o tamanho da minha Vida. Sempre soube o que quis para Ela.
Boa tarde Sr. Goucha,
A propósito deste seu post sobre o mês de Agosto lembro-me de um desafio que fez no programa Você na Tv em que as pessoas mandavam fotos e vídeos relativos às festas das aldeias/vilas/cidades que acontecem por todo o país durante este mês.
Eu gostaria de saber se já acabou o desafio… No dia 21 de Agosto mandei o vídeo para o email que deu da festa da minha aldeia mas nunca mais o vi ou nem nenhum outro no programa relativamente a esse desafio.
Obrigada,
Beijinhos
Quanta gentileza Raquel. Obrigado.
Meu Querido Mês De Agosto do saudoso Dino Meira, que deu origem ao filme com o mesmo nome, recordando a o refrão da letra: –
Meu Querido Mês de Agosto
Por ti levo o ano inteiro a sonhar
Trago sorrisos no rosto
Por que sei que vou voltar
Por ti levo o ano inteiro a sonhar
Trago sorrisos no rosto
E trago Deus para me ajudar.
Beijinhos para si Manuel Luís Goucha
Gosto de tudo k o Manel põe em fotos,espero agora pelas das férias em Setembro,acha k antes de ir e a Cris voltar das férias ainda vão trabalhar?eu gostava de vos visitar antes do Manel ir.UMA pergunta´conhece alguma família Toscano em Coimbra’?um grande abraço e bjo
Tem imensa graca…..nós morávamos um pouco mais longe em Figueiró dos vinhos. Vínhamos durante o mês de Agosto até à figueira. Tínhamos um carro que o meu pai atestava de pêssegos, nós e a criada. O dia era passado entre a praia ventosa e a água fria de que tinha um pavor que me impedia até de molhar os pés. À tarde íamos para a piscina do hotel onde podia aí banhar me na piscina das crianças. Ainda ouço o meu papá dizer” para o ano trago um sobretudo….” ,ainda cheiro o aroma deixado pelos pêssegos nas gavetas dos móveis na casa que alugavamos. …que saudades . Concerteza cruzamo nos algum dia entre o casino e o picadeiro.
Com 5 anos descobrimos o Algarve e aí foi se o frio e o medo das águas do mar.
Hoje com 59 anos só tenho pena de não ter o papá para me levar todos os meus baldes de praia, carregados com recordações cheias de saudadinhas dele….jokas
Diz se que recordar é viver de novo, nem que seja um bocadinho.
Muito bonito.
Obrigado Cristiana
Que lindas recordações gostei muito de ver … obrigada por ter partilhado…
Obrigado eu Ana, pelo seu comentário.
O passado é um livro de memórias , onde as coisas boas e ruins da nossa história estão guardadas. A vida também se resume às memórias…
Obrigado pela partilha de seus momentos de infância….
É bom ter memórias. Obrigado Francisco.
Estimado Senhor Manuel Luís Goucha. Tenho 29 anos e sou quem mais me deparo parada a apreciar a sua elegancia,profissionalismo e delicadeza. Ė sem duvida uma grande figura do nosso país,de inextimavel cultura,e de que me orgulho de ter o privilegio da sua presença no mundo virtual e visual. Obrigada por partilhar connosco tambem um pouco daquilo que foi. E parabens á senhora sua mae :ė realmente muito bela.