Por caminhos reais

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Foi uma tarde daquelas para mais tarde recordar. Ando em maré de “descobertas”, por vontade própria ou por trabalho para o “Você na TV”, que se há coisa de que gosto é esta de dar a conhecer o que temos de melhor em património histórico e natural. Na Tapada Nacional de Mafra casa-se a história com a natureza em toda a sua riqueza de fauna e flora, e se por um lado percorremos caminhos usados por D.João V, o criador da Tapada, para seu belo prazer, da sua corte e de quantos monarcas se lhe seguiram, com especial relevo para D.Luis e seu filho D.Carlos, por outro embrenhamo-nos no verde e num jogo único de sombras e luz, fazendo com que o tempo pare. Carro eléctrico, comboio, cavalo ou charrete qualquer meio serve para entrarmos na floresta encantada, mas é a pé, vagarosamente, entre bosques, matos e linhas de água que melhor apreciamos este sortilégio da Vida, num êxtase de espanto e algum receio do que se possa encontrar.

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No pavilhão de caça usado por D.Carlos para receber convidados e almoçar, antes ou depois das caçadas, a mesa está posta com um serviço completo da antiga Fábrica de Alcântara (fundado em 1885, inicialmente como “Fábrica de louça inglesa”) decorado com uma pintura de D.Amélia, representando o pavilhão e parte do espaço envolvente.

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Em frente, um pequeno espaço museológico onde se concentram alguns veículos de tracção animal, com particular destaque para a “jardineira” em verga usada pela rainha D.Amélia nos seus passeios pela Tapada e nas suas idas à praia das redondezas.

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Diz-se que neste tanque de pedra terão os infantes Luis Filipe e Manuel (futuro rei D. Manuel II) apreendido a nadar.

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Revelar-se-ia infundado qualquer receio, já que não houve encontros indesejáveis. Ao caminho saltam-nos apenas javalis, gamos e seus parentes veados, habituados à curiosidade de quantos visitam a Tapada.

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Francisco e Maria são actualmente os reis do pedaço. Dão pelo nome e, com jeito, até vêm comer à nossa mão. Ocupado que andei em gravar tudo para lhe mostrar, em breve, no programa da manhã, esqueci-me de captar o momento da lambança mas para que não me tomem por trafulha acrescento o registo do momento em que, na Tapada por outras razões, fui apresentado ao gentil casal de cervídeos.

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Regozijo-me por ver que está bem entregue a direcção da Tapada, sob a tutela do Ministério da Agricultura, tal o entusiasmo e paixão com que Paula Simões fala do seu trabalho e do muito que tem para fazer, convocar e incentivar. Com ela não há vícios instalados que resistam, a bem de um património de que nos devemos orgulhar.

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9 comentários a “Por caminhos reais

  1. Márcia Augusto

    Boa tarde Manuel Luís Goucha.
    O Município de Salvaterra de Magos vem por este meio convidá-lo a visitar a Falcoaria Real de Salvaterra de Magos, edifício único na Península Ibérica, que disponibiliza ao público visitas guiadas, durante as quais poderá conhecer a história da Falcoaria em Portugal, pormenores sobre a fixação da família real em Salvaterra de Magos por longas temporadas devido à sua predileção pela caça com falcões e as mais de 25 aves de presa que habitam na Falcoaria, assim como demonstrações de alto e baixo voo.
    No dia 16 de setembro teremos o lançamento de um livro infanto/ juvenil de Isabel Stilwell intitulado “O Príncipe D.Luís e o Mistério do Mapa Roubado – Salvaterra de Magos ano de 1515”, assim como a abertura de uma exposição alusiva à Moda do Séc.XVI, iniciativas estas no âmbito das Jornadas de Cultura promovidas pela Câmara Municipal de Salvaterra de Magos.
    Muito nos honraria poder contar com a sua visita.
    Muito obrigada pela atenção disponibilizada.

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  2. Victor Peres

    Meu caro Manuel,
    Já conheço a Tapada de Mafra e realmente é uma pequena pérola que vale a pena visitar. E claro, a reportagem está feita com o esmero habitual
    Mas não é por ela que aqui venho, mas sim pelo tema do dandyismo apresentado por si
    no seu programa de ontem. Peço desde já desculpa por ser um off-topic, mas como gostava de dar a minha opinião sobre este tema, e como não o abordou aqui…mais uma vez
    desculpa
    Desde que me conheço como gente que aprecio o modo como as pessoas se apresentam. Foi-me este gosto transmitido pelo meu Padrinho. Ele, apesar de ser um modesto mas excelente jardineiro, tinha uma enorme casa de banho e ao domingo – decerto o Manuel sabe que hà meio século era comum o banho semanal, apesar de ele, e dado a sua profissão, fazer lavagens gerais muito completas – e após o banho e vestir a sua roupa interior e envergar o seu velho roupão de flanela, abria a porta da casa de banho e iniciava um rito imutável que eu observava quase maravilhado, sentado no antigo bidet metálico com tampa: 1º escanhoava a barba e nem um pelo ficava na cara, excepto um aristocrático bigode alvo como a neve. Desinfectava a cara, penteava o fino cabelo de velho da mesma cor do bigode, e a seguir, numa pequena “bowl” de prata punha a arder, um bola de algodão onde aquecia as pontas finas de um pequeno alicate com o qual puxava com todo o cuidado, as guias do bigode para cima. Compunha-se e quando se virava parecia, não o modesto jardineiro, mas um aristocrata. O resto, era feito no quarto: vestia um fato de bom corte, camisa, gravata, chapéu, sapatos feitos por medida – na altura era comum quase tudo feito por medida, excepto a gravata ou algumas camisas – No Inverno, as imprescindíveis polainas e o excelente sobretudo. Depois, pegava-me na mão e levava-me invariavelmente ao Museu Nacional de Arte Antiga, ou a outro local de cultura. Duas notas: as minhas recordações dele, vêm desde os meus 5/6 anos, tendo ele portanto, 72 anos. A segunda, o meu padrinho era analfabeto.
    Feito este preâmbulo sobre a pessoa que sempre me dizia que tomasse nota que deveria sempre apresentar-me decentemente vestido.
    Sei que o movimento dandy se iniciou talvez nos finais do séc. XIX com origem naInglaterra de Oscar Wilde
    Este renascimento com origem em Florença é muito curioso e eu sigo algumas das “regras”, como calças algo justas mas não incómodas sempre 1cm acima do sapato para ficar perfeitamente direita e sem gelhas, que aparecerão sempre se a calça bater no sapato, boas gravatas e sapatos de muito boa qualidade (continuo fiel ao sapato inglês).
    Mas o que interessa aqui é o que foi mostrado no programa e como se viu, há diferentes tipos de dandyismo, uns agradam-me, outros menos. Aliás, e sem querer julgar o gosto de cada um, digo que daqueles 4 exemplos, não teria problema em usar qualquer um de 3 dos presentes. O Paulo estava excelentemente bem vestido (omito o corte de cabelo porque a minha idade já não me permite certas ousadias). Em contrapartida, o seu parceiro que se vestia de azul com alguns amarelos, o seu mais do de vestir pareceu-me demasiado confuso, a conjugação de cores e de demasiados acessórios acaba por tornar o todo o que causa muita distração.
    E pronto é a minha opinião sobre uma uma rubrica que apreciei sobremaneira.
    Muito obrigado pela atenção, e desculpe o tempo que lhe tomo.

    Melhores cumprimentos e felicidades para a sua vida pessoal e profissional

    Victor Peres

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  3. Ana Margarida Silva

    Fiz o passeio de comboio no final de julho, é realmente muito bonito viajar por aquele verde lindíssimo, assisti a um workshop sobre apicultura e por fim o voo das aves, lindíssimo, levei a minha neta ficou muito contente, recomendo.

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  4. Carla

    Manuel
    5*
    Magnifica reportagem, fotos, texto!!

    Ando em maré de “descobertas”

    Achei piada a esta sua frase, é preciso ouvir o som da vida o que ela nos tem para dizer. Há alertas que nos fazem despertar, adotar filosofias de vida, abraçar o presente no ” aqui e agora”.
    Sei que é lê muito já deve ter lido o Siddharta de Hermann Hess, caso não o tenha lido vai adorar.

    Só há felicidade se não exigirmos nada do amanhã e aceitarmos do hoje, com gratidão, o que nos trouxer. A hora mágica chega sempre.”
    Hermann Hesse

    Gostei do seu traje, também ontem andei de calças brancas e túnica amarela 🙂

    Abraço
    Carla

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  5. Margarida Carvalheda

    Adorei as fotos estão espectaculares, reparei que um dos cervos parece ter um galho cortado, pode ser impressão. Vou aguardar a reportagem. Um Abraço

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  6. Ana Simão

    Manel fiquei maravilhada penetencio-me por morar á tantos anos relativamente perto e de não conhecer essa maravilha muito obrigada pelos esclatecimentos e pelas maravilhosas fotografias toda a sua explicação acrecenta muito para o meu conhecimento mais uma vez obrigada beijinhos para dois

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  7. Fatima Fao

    Tenho a certeza que vai ser mais uma excelente reportagem, feita por um grande comunicador, como o Senhor Manuel Luís Goucha. Parabéns

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