Ontem fomos à Bola!

Foi a própria quem, no programa, delineou um plano para que não deixássemos de ir à estreia do seu monólogo: “Ana Bola sem filtro”. E levámos tão a sério o desafio que tudo fizemos tal e qual o sugerido. Digo nós, não num sentido majestático, que tontaria tem limites, apesar dos meus serem rasgados, mas porque a noite foi vivida por mim e pela Cristina, minha companheira de paixão, a da televisão.

Então: paparoca antes do espectáculo, e nem precisaríamos de sair do Estúdio Mário Viegas (Teatro São Luiz), já que o chef José Avillez ali abriu um mini-bar. Mais uma inspirada alternativa gastronómica a acrescentar a outras suas de alto gabarito, todas elas nas redondezas, por alguma razão o chamam de senhor Chiado. Apaixonado que sou pelo seu estrelado “Belcanto” e pelo “Cantinho”, do qual não esqueço os melhores peixinhos da horta que alguma vez provei, logo me rendi, igualmente, a esta nova proposta onde o conceito de petiscar é elevado a um patamar de excelência. O menu de degustação é composto aí por uns quinze momentos de puro prazer. Nunca comer com a mão foi tão elegante.

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Depois seria o monólogo, confesso que aguardado com expectativa, afinal o motivo maior desta noitada, perfeito desvario para quem diariamente se tira da cama às seis.
Eu diria até que a excedeu, já que Ana Bola se apresenta mesmo sem filtro. Destravadamente diz tudo quanto pensa de um país onde quem tem responsabilidade pouco respeita a Arte e seus artistas, numa saudável e louca reflexão. E não se pense que o filtro da amizade que nutro pela actriz, desde o tempo em que trabalhámos juntos no Adoque, condiciona a minha apreciação, quando não gosto ou fica aquém digo-o sem reservas. O texto da autoria da actriz arranca-nos, sem esforço, fortes gargalhadas e o mais irónico ou agridoce, que ainda estou a pensar no menu do Avillez, é que tudo quanto é dito é pura… verdade!
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Por fim, para que a noite terminasse em beleza, teríamos de dormir no Bairro Alto Hotel, nas ventas do Largo de Camões, a dois passos do Teatro, para que não perdessemos horas de descanso no regresso a casa. Assim o fizemos, pernoitando então num edifício de 1845 transformado num “Boutique Hotel”, íntimo e delicado, e onde é bem presente a cultura do pormenor.
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Jubilo por ver que há quem saiba destrinçar estada de estadia. Boa estada, que é assim se deve dizer da permanência de uma pessoa num local. Estadia é também permanência mas de um barco num porto. Claro que, hoje em dia, o sinónimo da palavra estadia evoluiu e tornou-se mais abrangente, mas isso sobretudo pelo uso indevido, pelo que me mantenho fiel à palavra originalmente correcta. E boa estada foi aquilo que eu tive no Bairro Alto Hotel apesar de tão breve. Mas há prazeres que são assim, fátuos.
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Aqui fica o vídeo com a reportagem apresentada no Você na TV:

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