O polvo é quem mais ordena!

fotografia1

E no caso da primeira prova foi ele a ditar a passagem do Manuel directamente para a final, juntando-se assim à Ann-Kristin. Victor Sobral, o chef convidado, fez as honras na cozinha do MasterChef, já que desta os jurados tiveram de provar as propostas culinárias “às cegas”, não sabendo, no momento da degustação, a quem pertencia cada uma delas. Bem que desconfiei que aquele polvo seria do Manel, pela maciez não diria,  antes pela escolha e equilíbrio de sabores e pelo tipo de empratamento. As batatas no prato, ainda que assadas a murro, é que não faziam falta alguma, quando já havia amido suficiente através das migas, por sinal deliciosas. Já parece aqueles  restaurantes manhosos que seja qual for a proteína servem-na sempre com batata e arroz e há muito boa gente que vai nisso, que do que gosta mesmo é de enfardar. Nesta “altura do campeonato”, depois de tantas Masterclasses, e quando estamos a uma semana da consagração de um(a) concorrente, não se pode desculpar a apresentação de um arroz cru. Pois foi o que aconteceu com a proposta do Pedro, o que não invalida o reconhecimento que nos merece a sua nítida progressão ao longo da competição, bafejada também pela sorte, é certo, mas sobre isso ainda haveremos de prosar.

Gostei de rever o chef Victor Sobral. Conheço-o e admiro-lhe o trabalho desde inícios da década de noventa, quando ele oficiava no “Gare Marítima”, em Alcântara. Deu que falar na altura, por ser dos primeiros a trazer a modernidade para a cozinha, seguindo o movimento que uns quinze anos antes havia revolucionado a cozinha francesa, pela mão do inspirado e celebrado Paul Bocuse, traduzindo-se num acto de libertação culinária contra o imobilismo de uma cozinha clássica, ao mesmo tempo que assumia a sua condição de artista ao vir à sala falar com os clientes e colher os aplausos pelo seu talento e visão gastronómica, o que, convenhamos era encarado, por alguns, com estranheza. Até ali, o cozinheiro confinava-se ao bastidor ou, como se dizia usando da gíria, ao “buraco,  nunca se atrevendo a subir ao proscénio, lugar que lhe é  devido por direito enquanto oficiante de uma arte maior: a da gastronomia. A sua cozinha-verdade mantém-se fiel aos princípios que já então a balizavam: respeito pela qualidade do produto, acomodamentos saudáveis e um particular cuidado no empratamento, os mesmos que ao longo de todas estas semanas de competição MasterChef procurámos estimular nos concorrentes.

fotografia2 fotografia3 fotografia4 fotografia5

Com a Ann-Kristin e o Manuel já garantidos na final, seguimos para a Penha Longa com a Joana, o Leonel e o Pedro, para uma prova que os ia deixando “à beira de um ataque de nervos” ( que o diga o Leonel que não “aguentou” com a gritaria!) . Ali se viu como é o ambiente sob pressão numa cozinha profissional de grande gabarito. E quem assistiu ao chef Sergi Arola lidando com os concorrentes, imprimindo-lhes nervo, procurando espevitar o que cada um tinha de criatividade, poder de observação e destreza, terá percebido que afinal a postura dos chefs jurados nunca foi descabida ( convenhamos até que nesta edição foram muito suaves, mais ao jeito australiano, como uns quantos reclamavam desconhecedores, certamente, do que é uma cozinha profissional em pleno horário de laboração. Isto não é para meninos!).

O nome de Sergi Arola está associado a quatorze restaurantes espalhados pelo mundo. Como é possível gerir tudo isto? – perguntar-me-á. Indo quatro vezes por ano a cada um deles e estando em permanente contacto com cada uma das suas fiáveis brigadas, coisa simples hoje em dia através das novas tecnologias. No Penha Longa Resort, em Sintra, propõe-nos uma cozinha de partilha, contemporânea, desafiante, mas sempre sustentada na história e na tradição. Catalão, discípulo  de Ferran Adriá , foi ele o primeiro a levar o conceito de cozinha molecular para Madrid, não sem a controvérsia que toda a revolução, mesmo a culinária, suscita.

fotografia6 fotografia7 fotografia8 fotografia9 fotografia10

O almoço, uma vez mais fora de horas, entendamos-nos, foi servido a um conjunto caprichado de convidados: homens, nos quais me incluo orgulhosamente, que na hora de defender a igualdade de direitos da mulher não hesitaram em calçar uns sapatos de salto alto, símbolo de uma campanha, em boa hora, lançada pela revista “Máxima” e que resultou posteriormente num livro e numa exposição de fotografias que esteve patente, com grande sucesso,  no Centro Cultural de Belém, mantendo-se agora em itinerância.

fotografia11

Da Penha Longa, um dos mais belos cenários que poderemos encontrar entre a serra de Sintra e o mar de Cascais, seguimos para o estúdio, sem que os concorrentes soubessem quem havia ganho o desafio, deixando-os assim  em suspenso até ao dia seguinte, que uma coisa é o programa emitido onde as provas se colam umas às outras, outra coisa são as gravações, onde cada prova decorre num dia diferente. Safadeza! – dir-me-á. Pois … ninguém disse que isto do MasterChef seria fácil!

O veredicto surgiu antes da terrível prova de eliminação, mais a mais agora que é o tudo (chegar à final) ou nada (“morrer na praia”). Foi a Joana a juntar-se à Ann-Kristin e ao Manuel,  por ter apresentado as melhores receitas na prova anterior e por ter colhido os maiores gabos dos convidados e do chef Sergi Arola. É realmente inspirador o percurso da jovem de Esposende que já havia saído da competição e que ao ser repescada, segundo as regras internacionais do programa, se apresentou com um novo fôlego e completamente focada num único objetivo: chegar longe. Mais do que isto só mesmo a vitória final. Sem nunca perder o norte, a Joana mostrou estar à altura dos melhores, em capacidade criativa e  discernimento no momento das dificuldades. Quem diria, no inicio de tudo?

Seria uma corvina cozinhada a vapor de algas, seguindo a receita passo-a-passo do chef Vincent Farges, há dez anos estrela Michelin pelo seu trabalho na “Fortaleza do Guincho”, a ditar a saída do Leonel e em comparação com a receita apresentada pelo Pedro. Cedo percebemos que o peixe era o “calcanhar de Aquiles” do concorrente, já em provas anteriores o havia mostrado com resultados muito aquém do esperado. Peixe cru, outra vez, na última prova antes da final?! Por muita simpatia que a personalidade e compostura do concorrente, bastas vezes enaltecida, nos mereça, estamos ali para avaliar o desempenho culinário dos concorrentes e o do Leonel foi uma vez mais desastroso,  talvez também  pela pressão acrescida a que esta ultima prova o(s) sujeitou. Quem trabalha, diariamente, numa cozinha profissional, sabe como a pressão faz parte, e de que maneira!

Na próxima semana:

fotografia12

Aqui chegados, podemos dizer que todos são vencedores, tantos os obstáculos que tiveram de enfrentar ao longo de quatorze semanas. Mas, dos quatro heróicos finalistas (Ann-Kristin, Manuel, Joana e Pedro) só dois é que terão a oportunidade de cursar na mais importante escola de alta cozinha do Mundo, sendo que desses um(a) será o(a) próximo MasterChef Portugal 2015.

Não perca a grande final no próximo sábado e não deixe, depois, de me ler aqui, que hei-de aproveitar a ocasião  para responder a quantos “treinadores de bancada” foram falastrando nas redes sociais, ao longo dos últimos três meses. Até lá!

20 comentários a “O polvo é quem mais ordena!

  1. Sofia

    Bom dia: Não gostei mesmo nada do programa de Sábado. Não gostei do chefe sempre aos gritos com o Leonel. Pareceu-me muito parcial. O Pedro pareceu-me muito ajudado nessa prova. Da arrogância da Anne não se fala pois não é de agora. Mas o que dizer da Joana que respondeu mal ao Leonel durante a prova e nem respondeu ao Pedro, quando na primeira prova do programa se fartou de pedir opinião (nº de folhas de gelatina por exemplo). Se calhar era bom manter um registo mais humilde pois ainda é muito nova para se dar aqueles ares. Servir um peixe cru parece-me mal, mas servir um arroz cru parece-me ainda pior. De louvar a atitude dos chefes. E claro que é uma prova de culinária em que só as aptidões contam. Mas e o carácter e o exemplo que passam para a sociedade, Já nada disso conta?

    Sofia

    Responder
  2. MLG

    Obrigado pelos vossos comentários e opiniões. Não gostaria de me repetir mas sobre o MasterChef posso adiantar-vos que os dois finalistas que vão disputar o título são os melhores a cozinhar. Apenas isso interessa numa competição como esta. Um abraço a todos.

    Responder
  3. Mena Coelho

    Sou fã do programa e de todos os outros MC’s (Austrália e Nova Zelândia, os preferidos)..
    Não pondo em causa as competências dos concorrentes no seu desempenho, atrevo-me a dizer q não aprecio especialmente o carácter (ou falta dele) de Ann Kristin e a sua enorme facilidade de manipular …
    Ontem, tivémos a prova (provada e descarada, q chegou a irritar alguns elementos do júri) de quão má colega e da sua falta de espírito de grupo… ou, será … insegurança ou falta de auto estima… ou será formação desviada para a soberba e falta de humildade…quiçá???
    O Pedro não será exímio em requinte… mas é humilde e disponível… e merece O respeito que não vimos os outros concorrentes terem por ele, privilegiando sem decôro ou qualquer constrangimento o Leonel… este, um cavalheiro!
    Mera opinião de quem tira o chapéu a quem sobressai por mérito próprio… que, neste caso (a existir, e não tenho grandes dúvidas q sim) é completamente ofuscado por um comportamento (espero) não alastre aos outros participantes.
    Desculpem se me engano …

    Responder
  4. Almeida

    Olá MLG .Pude assistir atentamente ao programa de ontem .Presenciei um momento de pura humilhação com o Pedro que me indignou profundamente .Não se compreende este tipo de atitudes e que a televisão não possa dar uma justificação a quem segue com afinco este programa.Viu-se sem duvida da parte dos jurados um total desinteresse pelo assunto, colocando de parte um dos chefes que conseguiu de alguma forma tocar na questão .Um chefe deve ter as suas qualidades culinárias ,não duvido disso ,mas em qualquer profissão o carácter,a humildade e o respeito pelos outros deve manter-se uma prioridade …qual dos 3 vai conseguir gerir uma equipa numa cozinha profissional ,quando não existem os valores fundamentais .Tristes atitudes tiveram aqueles reles concorrentes.Não são estes os valores que as televisões devem passar para o seu público .Esperava do Manuel uma repreensão,como em outras alturas o fez .Desta vez infelizmente passou em branco .Viva o Pedro e a sua humildade.Para mim já é o justo vencedor …

    Responder
  5. filomena

    O MLG TEM RAZAO. A PROVA É DE CULINARIA E NAO DE COMPORTAMENTOS. CLARO Q NAO FOI NADA BONITO MAS HA PESSOAS ASSIM. QUE GANHE O MELHOR

    Responder
  6. Lea

    Adoro o Masterchef e o MLG.
    Hoje tenho de concordar com os comentários aqui deixados!
    As atitudes dos restantes concorrentes para com o Pedro foi lamentável! Espero que se envergonhem da atitude que tiveram ao terem visto o programa de ontem.
    Desejo que seja a Joana a ganhar pois parece-me aquela que mais evoluiu e mais criatividade mostra!
    Beijinhos e bom domingo!

    Responder
  7. Carolina Carmo

    Bom dia,
    Tal como já foi referido nos comentários anteriores, ontem à noite achei deplorável a atitude dos colegas para com o Pedro. Apesar de terem laços mais fortes com o Leonel do que com o Pedro, não foi justo o que fizeram. Há algum tempo para cá sempre tive a opinião que seria a Anne Kristin a ganhar esta edição do Masterchef. Não ponho em causa o facto de ser boa cozinheira, mas acho que há atitudes que se sobrepõem a isso. Mostrou o ar de superioridade que ela pensa ter e tanto a caracteriza. E também a Joana que depois de ser confrontada, refere que só não ajudou porque não sabia.
    Não ponho em causa o trabalho de cada um, mas há coisas mais importantes. Isto é uma competição e só um poderá ganhar. Acima de tudo e após terminar o programa, terão provavelmente um mundo de oportunidades à espera deles no mundo da cozinha e que poderão aproveitar. E mais do que bons cozinheiros, interessa a postura e o companheirismo com que vivem a vida. E se a Anne teve uma postura minimamente coerente ao longo do programa, na minha opinião estragou tudo ao longo de 14 semanas e provavelmente mostrou mesmo um pouco da personalidade dela.

    Responder
  8. Jose carlos

    Desde ja deixo aqui os meus parabens pelo optimo programa que tem sido este Masterchef apesar de ter gostado mais do primeiro. E aproveito para deixar os meus parabens ao pedro pela sua vitoria, e espero que ganhe o programa pois ele merece pela pessoa que foi. Enquanto ao restantes 3 concorrentes (Ann-Kristin, Manuel, Joana e Pedro) sao completamente falsos principalmente a Ann-Kristin so aquele palavra que ela disse ao Pedro (nao podemos falar ) e na televisao ve se logo a maneira dela. Desejo-lhe as maiores felicidades pelo Programa e pelo Blog que tem aqui Manuel Luis .
    Cumprimentos

    Responder
  9. Claudia morao

    Detestei o comportamento dos colegas para com o Pedro foram de mal carácter a Anne Kristene sempre pos o Pedro para baixo e destei o que o Joaninha fez e disse pois o Pedro foi sempre o que mais a apoiou os finalistas deviam ser mais humildes pois aí são todos iguais .

    Responder
  10. Marlene

    Adoro o programa mas hoje não gostei Pedro foi umilhado abaixo de cão pelos os colegas principalmente anne cristin! Horrivel havia de ser proibido falar para os comcorrentes que estão a fazer a prova! Anne cristin deveria a dar espulsão. Força Pedro!

    Responder
  11. Hugo Santos

    Caro Manuel Luis Goucha, sinceramente não percebi a prova final. Porque não fazer como na versão australiana em que se destapa o prato e dá-se a receita aos concorrentes e eles têm de a fazer? Seria muito mais difícil e daria melhor para ver as suas capacidades. Além disso no Masterchef Australia (o meu preferido, confesso), nestas provas em que têm de “copiar” um prato/sobremesa aparece cada um que só de olhar uma pessoa fica a suar. Já vi lá doces em que a receita tinha páginas e páginas, sendo a prova de mais de 3 horas. A prova final da última temporada do Masterchef Austrália foi surreal, aquilo tinha passos que nunca mais acabavam e alguns extremamente técnicos. Será que os concorrentes daqui seriam capazes de criar esses pratos super difíceis? Tenho muitas dúvidas…

    Responder
    1. MLG

      Olá Hugo
      Os nossos concorrentes desta série eram muito bons. E os dois que irão disputar o primeiro prémio são os melhores dos melhores. Não temos dúvidas. Em relação a eles serem capazes de uma prova ainda mais exigente, acredito que o sejam. Agora deixe-me dizer que os concorrentes do MasterChef Austrália têm uma formação de um mês antes de começarem a gravar. Os nossos não. Um abraço

      Responder
  12. ANA

    Eu gostava muito de ANN KRISTIN mas daquilo que presenciei hoje em relação ao Pedro para mim perdeu todo o valor,, so por isso ele havia de ganhar

    Responder
      1. Luzia Maia

        Só conta ser boa cozinheira(o)?! Estou pasmada, já agora ela até podia atropelar prepositadamente todos os outros, mas como é boa cozinheira o júri relevava e eram todos felizes!
        A educação, a postura, o companheirismo, a solidariedade, o compromisso, a simpatia, a humanidade… nada disto conta, o que interessa é que seja brilhante a cozinhar, pois meu caro há valores que no meu conceito não têm preço mesmo que sejam brilhantes cozinheiros… mas isto sou eu a pensar!

        Responder
  13. Marco loureiro

    Não se aguenta a arrogância da Anne – Christine…tem de aprender a ser mais humilde…
    espero que o Pedro ganhe o programa.
    Parabéns pelo excelente programa.
    Abraço

    Responder
    1. Rosa Malheiro

      Admiro o seu programa e claro admiro-o a si, mas tenho a dizer que detestei a atitude da Anne cristine, essa concorrente é duma arrogância e frieza que me revoltou, então? Admite-se aquela atitude? Conseguiu virar os colegas contra o Pedro e serem detestáveis para com o colega, aí se vê a formação de educação de cada um, e olhe que com este comportamento desceram mto baixo. Tive pena do Leonel de facto é um ser humano formidável e merecia estar na final, mais do que os hipócritas que no final foram dar palmadinhas nas costas do Pedro. Enfim são estas pessoas extremamente competitivas que põem à frente de tudo e de todos os interesses sem olharem a meios. Espero que ganhe o Pedro os outros podem ser bons cozinheiros mas não prestam interiormente. Muitas felicidades para si, gosto mt de si e da Cristina beijinho!!!

      Responder
  14. Marco loureiro

    Já não se aguenta a arrogância da Anne -Christine…
    tem de aprender a ser humilde…
    Pedro um homem do norte e espero que chegue a vencer o programa

    Responder

Deixe um comentário

O seu endereço de email não será publicado. Campos obrigatórios marcados com *