Novos inquilinos

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“Matreira, fagueira e lambisqueira” assim era Salta-Pocinhas, a raposeta de Aquilino, cujas aventuras me encantaram em miúdo, sendo que o seu “Malhadinhas” também foi dos meus primeiros livros e talvez por isso cedo me rendi à sua prosa, e muito pela riqueza de vocabulário, tão contrastante com o mísero uso que hoje se faz da nossa língua. Mais tarde, muito mais tarde, andava eu nas teatradas e tive a oportunidade de representar “O Romance da Raposa”, numa produção do Teatro do Nosso Tempo, uma companhia vocacionada particularmente para o público infanto-juvenil. Quem ali se estreou, profissionalmente, foi a Paula Mora (a Joaninha de “Duarte e Companhia”), actriz que acabou por integrar o elenco do Teatro D. Maria II. Pena não ter fotos que testemunhem o que digo, não sou muito de as guardar, tão pouco os recortes de imprensa, confiante que sou na memória, mas era um espectáculo lindo e muito pelo cenário, obra de um jovem arquitecto, de quem não posso precisar o nome completo para além de Antão. Em palco, um imenso livro abria-se em folhas de esferovite recortadas e cenografadas consoante a acção, para delas saírem os actores vestindo as mais diversas personagens aquilinas. Fez sucesso o espectáculo aqui e lá fora, que levámo-lo ao Luxemburgo e a Bruxelas, no âmbito do Dia de Portugal, nos idos da Revolução e a convite do MFA. Foi a primeira vez que andei de avião.

Se já simpatizava com o bicho pelas fábulas mais fã fiquei e ainda hoje quando vejo que uma ou outra jazem nas estradas alentejanas não deixo de o lamentar. Imaginem só a euforia quando percebi que há um casal que tem morado na herdade, para lá das silvas. Sempre que a tarde cai vão à charca saciar a sede. E foi numa dessas idas que as “apanhei”, o melhor que pude dada a lente e o local afastado em que me encontrava para não atrapalhar. O Alentejo tem destes encantos!

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30 comentários a “Novos inquilinos

  1. Maria Ilidia Neutel

    Adorei as fotos que o Manuel Luís publicou, os animais sabem sempre quem lhes quer bem.
    Acompanho o seu trabalho desde que começou na RTP com 1 programa de culinária para crianças.
    BEM HAJA PELA PESSOA QUE É!

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  2. Ana Marques

    São maravilhosas e tenho pensado muito nelas e não só, os incêndios devastaram o seu habitat devem ter falta de alimento e muitas devem ter desaparecido. Acho que vamos vê-las a deambular pelas aldeias à procura de alimentos para elas e para a crias que conseguiram sobreviver.

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  3. Lurdes marques

    Sou uma amante da Natureza e sobretudo quando se trata de animais. Tenho uma grande admiração por si por ver que sente o mesmo que eu no que se refere a animai. Tudo de bom para si. Um abraço

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  4. Alice Lopes

    Raposas…
    Vi tantas quando fazia a distribuição do pão. São lindas. Infelizmente, algumas morrem a atravessar a estrada.
    Coelhos, lebres, sacarrabos e ginetas também costumo ver.

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  5. Clara Marques

    Que fotos tão lindas ;;que lugar maravilhoso adoro todos os animais e tbm lamento imenso o mal que em Portugal a eles fazem ,; só pessoas especiais como você teem o privilégio de desfrutar de tais ocasiões desejo que continue a ver as suas visitas por muitos e longos anos bjinhos ,,,,,,,,,,P.S.. deviam existir no mundo só pessoas assim como nós ,; que amam e respeitam o espaço de todos os animado

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  6. maria marcos

    Adoro todas essas coisas tão simples da mãe natureza, como somos felizes por esses seres magníficos selvagens, livres de escolhas como por exemplo virem tão próximo de nós, adoro onde vivo houve uma altura em que uma perdiz alimentava~se todos os dias da ração que eu punha para um gatito sem dono que alimentava do meio da rua e raposa também temos uma que se houve durante a noite por aqui a passear.

    Noites houve em que passei alguns minutos a admirar uma coruja no telheiro ao lado meu, maravilhoso, bem aja por pertencer ao clube dos humanos amigos de todos os animais um xi e um bj.

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  7. Alexandra Aleluia

    Há 2 anos pelo início do verão também tive uma perto de casa. Encontrámos uma morta na beira da estrada, e ficámos a pensar como teria vindo ali parar, porque moro junto a uma estrada municipal, onde tem muitas casas pela beira da estrada, e muitas outras espalhadas pelos terrenos, sendo que não há habitat para raposas naquelas redondezas. Só depois demos com a outra junto á vedação do terreno de um tio meu, e pensámos que poderia ser um casal em viagem á procura de comida ou outro local para habitar. Como o terreno ao lado do meu tio estava abandonado e é atravessado por uma vala real, que estava cheia de silvas quase até à vedação do meu tio, descobrimos que esta vivia ali, provavelmente na esperança de recuperar a companheira. Começámos a ir todos os dias ao início do por do sol, levar-lhe carne, ovos, algo para lhe matar a fome. Ficávamos á espera que aparecesse, e normalmente viamo-la aparecer, mas escondia-se logo. Como não éramos de desistir ficámos um bocado á espera para ver se ela vinha buscar a comida na nossa presença. A certa altura começou a perder a vergonha e já saía das silvas e ficava a observar-nos também, até que depois deste ritual diário, começou também a vir buscar a comida na nossa presença. No início houve um tio meu, que queria ir buscar a caçadeira… só lhe disse que o terreno dele também está vedado, que às galinhas dele, ela não iria, e que se ele o fizesse o denunciava às autoriades… tomou consciência do que lhe disse, e passado algum tempo também começou a aparecer para apreciar tão bela criatura. No entretanto liguei para o Sepna para que viessem retirar o animal dali e o levarem para o habitat próprio, porque junto de um aglomerdado de casas seria uma questão de tempo até que alguém a apanhasse no galinheiro e a matasse… a reposta que deram, foi que não podiam fazer nada, que ela podia bem viver ali… fiquei fula da vida… o Verão foi acabando, os dias diminuindo, e o frio foi chegando, e começámos a deixar de a ir ver, só lá íamos levar comida. Até que deixou de desaparecer a comida que deixávamos… Não sabemos se se foi embora, ou se teve outro destino… esperamos que tenha só decidido mudar de casa…

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  8. Rita Ferro

    Boa tarde, por aqui também tenho dessas visitas !! Mas a visita que mais mexeu comigo, foi mesmo de 18 javalis quase à porta de casa !
    Beijinho RF

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    1. Manuel Luis Goucha

      Olá Rita
      Sabemos que anda por ali javali por vermos as pegadas junto à charca, mas calculo que passem pela herdade. Nunca vi algum. Um beijo

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  9. Madalena Ferreira

    Olá!

    Se há um casal?! O mais certo é qualquer dia haver bébes!
    Boas fotos, excelente texto. Obrigada pela partilha.

    Continuação de bom domingo,

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  10. São Matrins

    Gosto muito de raposas e de lobos, por qualquer razão que desconheço fascinam me desde criança. Nem as histórias do lobo mau me evitaram esta simpatia…
    Perdi a conta das x que li “O Romance da Raposa” e a Salta Pocinhas para mim era uma heroína matreira descarada e cheia de recursos. “O Malhadinhas” também li umas quantas x mas menos sem dúvida
    Manel fotografe os seus hóspedes sempre que puder para nos mostrar…e seja feliz nesse seu e meu Alentejo.

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  11. Antónia Marques

    Lindos visitantes que se apresentam sem serem convidados … ahahah ! Sabem bem onde moram pessoas amantes da natureza e sem fome são animais inofensivos. Qualquer dia, ainda aparecem uns veaditos, eles habitam, ou habitavam na Serra de Ossa e iam ao Convento de S. Paulo matar a sede … Bjns e até 3a. feira !

    Maria Antónia

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