Na “casa” de Bernard Magrez

Bernard Magrez, de oitenta e dois anos, tem a quarta maior fortuna de França. Senhor de quarenta propriedades vinícolas, tem nos últimos quarenta anos dedicado a sua vida a elevar os seus vinhos ao patamar da mais celebrada excelência. O seu “Chateau du Pape Clement” é disso exemplo. Este em concreto ganha o nome do primeiro e mais famoso proprietário dos respectivos vinhedos, Bertrand de Got (1305), Clemente V, enquanto papa.

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Bernard Buffet
Depois de Matisse e de Picasso, ele foi um dos maiores pintores franceses do século XX. Bernard Magrez foi seu grande amigo até 1999, ano da sua morte. Vários quadros de Bernard Buffet decoram as paredes do hotel e restaurante.

Outra das paixões de Bernard Magrez é a arte, se bem que um vinho possa ser uma obra de arte. A sua colecção de arte contemporânea é impressionante e pude vê-la no seu Instituto Cultural, fundado em 2011 e sediado num palácio do século XVIII, mesmo em frente de um outro da mesma época, onde recebe à grande e à francesa entre refeições com duas estrelas Michelin, conduzidas pela valiosa equipa de Pierre Gagnaire, e meia dúzia de quartos muito bem decorados e confortáveis.

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A colecção de arte de Bernard Magrez tem sido construída ao longo dos últimos trinta anos, segundo um princípio que lhe é caro, o da emoção. É o próprio quem o diz: “Não é a assinatura o mais importante. Em mais de trinta anos nunca vendi obra alguma da minha colecção. Conservo-as todas, mesmo que as emoções que sinta agora sejam menos fortes que as que senti no momento em que as comprei. A minha colecção é um conjunto de paixões mas acima de tudo de emoções”.

Compreendo perfeitamente o que o coleccionador quer dizer, por isso, da centena de obras que pude ver em exposição, estas foram algumas das muitas que me interpelaram (essa é função da Arte).

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Johan Creten é belga e é um dos percursores da renovação da cerâmica na arte contemporânea. A esta obra chamou “Odore do Femmina” (odor de mulher) procurando com ela levar-nos a uma delicada tensão entre o amor e a morte, inerentes ao erotismo. Nela evoca o perfume de mulher através da representação da flor, sendo que por vezes algumas formas nos levam a pensar no sexo feminino.

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Arman (Armand Fernandez) nasceu em Nice, em 1928, e morreu em Nova Iorque em 2005. A esta obra deu o nome da Ópera de Veneza (La Fenice). Arman interessa-se pelo estatuto do objecto em função das sociedades modernas e brinca com ele entre a sacralização e o consumo ou destruição.

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Chiaru Shiota nasceu no Japão, em 1972 e trabalha em Berlim desde 1996. O seu universo artístico toca os domínios do sonho e das lembranças. Esta sua obra inscreve-se numa série de instalações, começada mal chegou a Berlim, a que deu o nome genérico de “State of Being” (estado de existência). Os fios entrelaçados, uns nos outros, são como um espelho de sentimentos, é a própria quem o diz. Os objectos flutuam, como que libertos da sua função original, possibilitando-nos visões poéticas e sentimentais.

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Wim Delvoye, belga, é conhecido pelo seu humor cáustico materializado através das mais diversas técnicas artísticas. Nesta obra sem título usa um pneu esculpido e gravado manualmente, com motivos florais, arabescos e até formas geométricas, remetendo-nos para um vocabulário ornamental medievo.

Deixei para o fim do escrito a “Macedónia” de Joana Vasconcelos. Jubilei por saber ali a criadora, junto com os grandes da arte contemporânea, representada pelo cão de faiança vestido de croché de lã. Joana Vasconcelos consegue como ninguém elevar os materiais tradicionais e do quotidiano à condição de Arte. Nas notas impressas que acompanham a obra a artista é assumida como francesa, dado o seu parisiense nascimento, mas aí não me contive e fiz saber que é também portuguesa, que muito me orgulho de ver os nossos triunfarem pelo Mundo.

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9 comentários a “Na “casa” de Bernard Magrez

  1. Guilherme

    Boa noite Sr. Manuel Luís,
    É de facto notória toda a elegância tanto da exposição Bernard Magrez como todo o look que exibe nas fotos acima.
    É neste seguimento que lhe questiono, com o devido respeito, onde houve adquirido o seu colete e os seu óculos (4ª foto), ambos de grande garbo. (curiosidade e gosto pessoal)
    Muito obrigado e votos de uma excelente época tanto profissional como pessoal.
    Irei concerteza continuar a assistir todas as galas que a TVI nos transmite Domingo após Domingo, (“That’s entertainment!”) e a ler as suas publicações tanto no seu mural de Facebook como aqui em http://www.cabaredogoucha.pt
    É exemplar o seu excelente trabalho! Obrigado, adoro!

    Cumprimentos,
    Guilherme T.

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  2. Sidalina Moreira Baptista

    Obrigada Manel Luís por mais estas belas reportagens,com que nos brinda.
    As fotos são belíssimas e o resultado,é que nos leva também até esses destinos de sonho.
    Ah! e como sempre muito Janota.

    Boa noite e um beijo.

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  3. Sandra constantino

    Boa tarde,
    Que lindo Manuel…..
    Historia, arte….tem coisa melhor?? Obrigado por partilhar….continuacao de boas ferias…
    Obrigado
    Sandra (Inglaterra)
    Bjs

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  4. Maria Clara Nunes da Mata

    O Manuel Luís e a Arte…na apresentação , no conceito,na cultura e na História. Adoro estas passagens no seu “CABARÉ Do GOUCHA”, bem escritas e bem exemplificadas. Parabéns! Um beijinho Maria Clara Mata

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  5. Ana Simã

    Muito obrigada Manel por partilhar o seu conhecimento é maravilhoso o Manel acrescenta-me, áparte do cão de loiça da Joana de Vasconselos a que não chamo arte comtenporânea de maneira nenhuma toda esta história e visita é muito bela, continuação de boas férias beijinhos e obrigada

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  6. Gracinda Goncalves

    Obrigada Manuel Luis por me dar a conhecer tão bela exposição.Descanse muito e que tudo lhe corra bem.Faz muita falta nas manhãs dá TVI.Mas também tem direito ao descanso.A vida não é só trabalho.Um abraço e Boas Férias.

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