O bairro está em festa, como tantos outros de Lisboa, que é mês de se celebrar o santório popular. Santo António já se acabou, está por dias o São João. Há cheiro a manjerico e a sardinha assada. Há festões ao alto e roupa a pingar das cordas sobre quem passa. Sorrisos cariados mas ainda assim capazes de nos encher a alma, que aquilo é boa gente, de braços abertos a quem for por bem, sejam dos nossos ou da estranja, que cada vez mais há quem, de fora, se apaixone por tais becos e ruelas onde vadia o fado.
Fui à Mouraria para falar com o padre Edgar Clara sobre o notável esforço, que junto com a comunidade, está a desenvolver para travar o estado de degradação em que a Igreja de São Cristóvão, do século XVII, e o seu património se encontram, através do “crowdfunding” e de muitas outras iniciativas. Que isto em não havendo resposta dos poderes há que mobilizar a paróquia, não dá é para cruzar os braços e esperar que a ajuda caia do céu. Há mealheiros nos cafés, licores e biscoitos à venda, na lojinha ao lado, bem como o que a dona Esmeralda consegue costurar, cada um faz que o pode e sabe, que o que importa é recuperar o telhado, antes que cheguem as primeiras chuvas, e restaurar as trinta e cinco telas de Bento Coelho da Silveira que vestem a Igreja. É coisa para um milhão, mas em dois meses já se conseguiram alguns milhares. É uma fé que todos têm, esta de que se há-de conseguir, que a Igreja é linda e quer-se aberta a todos, “para que o Belo possam ver e sentir”.
Acabei por entrar na drogaria da D. Laurinda, pegada a São Cristóvão, onde ainda se vendem a potassa, a soda caústica, o borato de sódio, e assim fica-se mais perto do passado, bem como no tasco da Mento (Maria do Livramento), a primeira a trazer para o bairro os cheiros e sabores da sua África, onde se soltam as mornas, por ficar à conversa com o “Pichas”, que foi jogador da bola e lutador de boxe, e bem se vê que o corpo pagou, figura das típicas sempre pronta para a fadistice e por me misturar com um grupo de turistas que tudo fotografavam enquanto havia quem lhes contasse as estórias das ruelas secretas, “onde o ciúme é uma seta e o amor uma taça”.
Tudo para ver, em breve, no “Você na TV”.
DE FACTO A MOURARIA É UM BAIRRO APAIXONANTE. TENHO UM ALOJAMENTO LOCAL NO LARGO DA SEVERA E OS TURISTAS FICAM APAIXONADOS POR O LOCAL.
Lindas fotos Manuel , só quem tem um coração grande faz um trabalho
Tão lindo, gostei muito de ver ,o Manuel é o maior, por isso gosto muito do Manuel ,
Um bom domingo beijinhos .