Fala-se em Borba e tenho a certeza que muitos pensarão na pinga, e com razão, que toda a região tem muito bom vinho, mas encanita-me a ideia que por vezes é passada, até em certos programas de televisão, que Portugal é apenas vinhaça e enchidos. É muito mais que isso, independentemente da riqueza da nossa cozinha tradicional, a começar pelo facto de diferir consoante a região, e da superior qualidade dos nossos vinhos. Já é sabido que à cabeça das minhas preferências vem sempre a Arte, por isso não se estranhe que seja o património artístico o que mais me interessa em cada terra e o que me faz a ela voltar. Em Borba, gosto dos Passos Processionais, monumentos ainda hoje importantes na religiosidade do povo, magníficos exemplares do barroco alentejano, esculpidos em mármore branco e isso ter-se-á ficado a dever a José Francisco de Abreu. São do século XVIII e quatro há na cidade, os maiores tendo em conta os que existem em Évora, Vila Viçosa e Estremoz. Gosto das suas Igrejas, poderia falar da Matriz mas desta entrei na de São Bartolomeu, magnificamente cuidada, vestida a azulejos do século XVII, de padrão de tapete, com retábulo barroco em talha dourada do século XVIII e todo um tecto pintado com cenas da vida do orago. Gosto dos antiquários e já foram muitos a encher a rua. Dos dezoito restam três, estóicos sobreviventes, sendo que o único embaraço será o da escolha entre milhentos objectos com passado. Gosto das suas casas senhoriais, imaginando seus dias gloriosos.
Gosto das pessoas, outro património inestimável, que me abordam com generosidade e simpatia. Há sempre um sorriso, um abraço e palavras de boas-vindas. Saciado o espírito então, sim, pensarei na paparoca!
Em breve falarei aqui de algumas casas alentejanas de bom comer e beber.
Memórias
“Esta não está para venda!” disse-me Humberto, o antiquário, com quem passei aquele final de tarde. “É que pertenceu a Apeles”, amado irmão de Florbela Espanca. Cadeira de aviador assim é chamada, talvez pelas suas linhas mas ao certo não sei porque é assim conhecida, por muito que tenha pesquisado. Também não a queria comprar, se bem que sabendo a quem pertenceu ela tenha ganhado dobrado interesse. É que tenho uma, em melhor estado convenhamos, junto ao forno do pão, cá do monte.
Mal pousei os olhos neste utensílio e logo recordei a algazarra que foi quando a minha mãe comprou coisa assim. É que lá em casa era eu quem acastelava as claras, com um garfo e pouca força braçal. Havia ainda um batedor em espiral mas a trabalheira ia dar no mesmo. Esta maquineta, sim, veio revolucionar o manejo das claras, antes do aparecimento da primeira batedeira eléctrica.
E que dizer desta vara feita de vime dobrado e atada com um cordel? Rudimentar, sem dúvida, mas eficaz para misturar, fruto do engenho popular.
Tomei a liberdade de divulgar no nosso Blogue um artigo seu sobre Borba. Está na Página Inicial do mesmo em “Respigando…Borba”. Grato pelo trabalho que desenvolveu e vai continuar.
Os meus agradecimentos
Com elevada estima
Adriano Bastos
https://sites.google.com/site/amigosterrasborba/
aproveito para retribuir com este Vídeo sobre esta Vila agora Cidade.
https://youtu.be/C5EUEPOWDzo
Ola luis ,sou escultor de Borba ,estou a recriar a batalha de montes claros em miniaturas de mármore da região uma obra de 600 pecas que ira servir de interpretação de uma das mais importantes batalhas portuguesas.
Isto vem de ter visto as fotos da nossa cidade e de gostar de poder dar mais um contributo para escrever parte da nossa historia .
Podem ver algumas das pecas no link abaixo
https://www.facebook.com/Leonardoescultor/. E um dia destes se voltas por estas terras terei todo gosto em que possas ver pessoalmente .
Boa tarde, “amigo Manuel”. Quando estive num concurso de TV do canal público, foi com Todo o orgulho que representei esta cidade, esta que por si foi visitada, esta mesma que viu grandes homens e mulheres nascer, posso não ter ganho o concurso, mas quer eu pessoalmente quer a cidade saiu vencedora, pois não é só quando vencemos que somos acolhedores, que somos amigos uns dos outros, acima de tudo somos pessoas humildes, carinhosas, acolhedoras, claro que existe sempre alguma euforia quando alguém reconhecido nos visita, estivemos na “caixa” da superfície comercial local, lado a lado, mas como em tudo…… também sabemos respeitar a privacidade de cada um.
Como Borbense que sou, quero deixar um OBRIGADO pela visita e pelas mesmas palavras que escreveu da minha cidade, e desde já dizer que terá sempre “uma porta aberta” na cidade de Borba.
Manuel
Preciosas fotos, 2 igrejas com brazões interessante, vou mostrar ao meu marido um estudioso em Heráldica.
A sua cadeira é linda, tem uma forma diferente, gostei de ver esse cantinho do seu monte. Espero ver más, soy muy cotilha!
Um dia tem que vir à feira das antiguidades em Azeitão, no 2ª domingo de cada mês. Mesmo no largo do palácio, um palácio em ruinas parece que os vários proprietários não tem possibilidades de restauro é bastante grande. Pessoalmente gosto mais das feiras das antiguidades de rua, do que das lojas, os preços são mais acessiveís e encontram-se maravilhas. Comprei em Azeitão uma coluna em talha lindissíma talvez com 1,70 altura, um pote de chão pintado à mão azul/branco motivos caça esse ficou a minha mãe com ele. Neste caso foi regateado o preço das 2 compras em conjunto, mas uma pechincha em compraração com o que valem.
Aqui estão algumas fotos
http://quintaisisa.blogspot.pt/2014/04/feira-de-azeitao-em-abril-acordou-com.html#!/2014/04/feira-de-azeitao-em-abril-acordou-com.html
Abraço ao 2
Carla
Olá, bom dia.
Como o povo costuma dizer, “Nem só de pão vive o homem”, nos últimos anos fomos buscar forças ás nossas origens, e talvez a paparoca falasse mais alto, daí tanta coisa nova que surgiu, e ainda bem. Mas realmente somos tão ricos em tantas outras coisas que é bom que alguém nos vá mostrando outras facetas do nosso povo, há tanta coisa por esse país fora a precisar dum outro olhar e de lhe deitarem a mão para que as futuras gerações também as possam visitar.
Helena
Olá MLG,
Não sou alentejana, mas subscrevo o seu texto integralmente e gosto muito do Alentejo.
Já lhe disse e repito – adoro as suas fotos e os textos que as acompanham!
Obrigada pela partilha!
Muito obrigado por partilhar a minha terra! Continue a visitar o Alentejo e a fazer este excelente trabalho e a dar a conhecer o nosso Portugal e a nossa história… Espero que volte lá mais vezes e que eu tenha a sorte de o encontrar por lá! Beijinhos
Grande Manuel! Se há coisa que a nossa terra precisa é de abordagens e projeções mais amplas, como a que agora fez, para que se perceba que somos mais que tinto e mármore, peças fundamentais no nosso traçado económico, entenda-se, mas não únicas! Meu caro, para além do respeito e simpatia que nutrimos por si, queira igualmente aceitar a nossa amizade. Volte sempre!
Lugares,peças antigas que nos sussurram histórias aos ouvidos. E nós, deixamo-nos levar nesse encantamento!..A contínua aprendizagem que todas estas coisas me possibilita é o que mais me fascina.Boas descoberta Senhor Manuel Luis Goucha