Dez anos depois

O lugar de primeira-dama, institucionalmente, não existe em Portugal, mas desde Manuela Eanes que as mulheres dos Presidentes da República têm procurado também deixar a sua marca através da visibilidade e apoio que dão a muitas causas da sociedade civil. Se Manuela Eanes tem, até aos dias de hoje, um trabalho notável desenvolvido na área da protecção aos direitos das crianças, as senhoras que se lhe seguiram souberam encontrar noutras problemáticas o norte para o seu trabalho, segundo a personalidade de cada uma e as
exigências de cada decénio.

Maria Cavaco Silva 1 Maria Cavaco Silva 2

Fotos de Luis Filipe Catarino/Presidência da República

Que fez Maria Cavaco Silva, entre 2006 e 2016? A pergunta que se impõe, agora que a Presidência muda de mãos, levou-me a Belém, uma vez mais, para uma conversa descontraída numa sala informal da zona privada do Palácio, a mesma que serviu de residência ao casal Eanes, o único a viver ali em permanência, após a instauração da Democracia, e muito por razões de segurança.

Quis que a deficiência fosse pedra de toque de todo o seu trabalho, disse-mo orgulhosa do que julga ter conseguido. Tinha na memória o que havia visto em Londres, quando ali viveu, com o marido, durante alguns anos, quanto ao apoio institucional aos sectores mais fragilizados da sociedade, com particular enfoque nos portadores de deficiência. Sentia que aquele era um outro mundo de humanidade e cuidados, bem distinto da nossa realidade de então, e por isso quis que, através de si, as portas de Belém se abrissem, sem reservas, a quantas associações promovem o apoio ao cidadão com deficiência.

Interessando-se, de facto, pelo trabalho de cada uma, dando-lhes visibilidade através dos chamados Encontros de Belém, Maria Cavaco Silva sente que alguma coisa fez pela mudança de atitude da sociedade em geral face aos que antes eram, muitas vezes escondidos pelas próprias famílias, consciente, contudo do caminho que há ainda a percorrer. A esta muitas outras causas se juntaram, de igual modo desafiantes: como a dos jovens desamados à espera de um novo futuro ou a dos pais em luto. Soube ouvir, apoiar e promover. E por isso sente-se uma pessoa melhor, mais enriquecida num país que acredita mais moderno e competitivo, apesar de todas as dificuldades. Recusa a desgraça que muitos alardeiam com avidez, antes prefere o sucesso de quantos triunfam em áreas tão inspiradoras como a Ciência, a Investigação, a Literatura… E promete seguir de perto quantos tem apoiado, agora que o seu marido está prestes a “recolher” ao Convento do Sacramento, onde irá funcionar o seu futuro gabinete (“para onde ele vai, vou eu! Ele já me prometeu um cantinho para que eu possa continuar a trabalhar!”), consciente do papel privilegiado que, em querendo, vai continuar a poder desempenhar como mulher do ex-Presidente da República.

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Naquele dia em que conversámos, Maria Cavaco Silva, tinha encontro marcado, no Palácio, com os representantes de todas as organizações com quem trabalhou ao longo dos últimos dez anos, como que em jeito de despedida das suas funções não oficiais. Perguntou-me se eu queria assistir e em boa hora o aceitei, que assim pude durante uma hora confirmar o apreço que quantos ali eram têm por ela. Foi dos encontros mais tocantes a que pude assistir, marcado pela linguagem dos afectos. Muitos falaram, até pessoas que dificilmente imaginaríamos ali, como Alice Vieira, Leonor Xavier… (eu mesmo), dando conta de uma verdade e autenticidade que nos une, independentemente das ideias que, aparentemente, nos separam.

Pode ver aqui o encontro que Maria Cavaco Silva organizou:

2 comentários a “Dez anos depois

  1. Carla

    Manuel
    É bom saber que existem pessoas que pensam no outro, que usam aos seus conhecimento para apoiar instituições que carecem de tanto, e são cada vez mais a precisar. Desejo que o trabalho de Maria Cavaco Silva continue a dar frutos. Bem hajam a todos que contribuem para fazer do mundo melhor. Gostei de a ver no seu lado afectuoso, as aparências enganam .

    Carla

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  2. Elvis Coimbra Gomes

    Bom dia sr Goucha,

    não sei se você se lembra de mim. Há um ano escrevi-vos algumas mensagens a promover o meu projeto caritativo para apoiar a pesquisa sobre os TOC.

    É com um imenso prazer que vos anuncio que consegui atingir o meu objetivo. Está aqui o produto final:

    https://www.youtube.com/watch?v=r-BxGy88hic

    Cada visualização é uma doação!

    Se quiser saber mais sobre este projeto aconselho-vos de ir á minha página: http://www.ocdletmego.com (traduzida em quatro línguas).

    Espero que esta mensagem capta a vossa atenção.

    Com os meus melhores comprimentos,

    Elvis Coimbra Gomes

    P.S: Desculpe pelo meu Português…

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