Chinelos feitos de pano e memórias

Gostei de receber a Rita no “Você na Tv” para falar do seu negócio de chinelos, nascido do acaso e das memórias ligadas à sua família e à do seu marido, gente boa da serra. Era a sogra que os fazia com desperdícios das fábricas de têxteis onde os da terra trabalhavam e a ela juntavam-se as vizinhas no labor da agulha e do dedal. Hoje a Rita não tem mais a medir, recuperou este saber de gerações, melhorou-o em termos de acabamento e visual e já exporta para alguns países.

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Com a conversa da Rita acabei por regressar ao passado, já que a minha avó materna também os fazia, por isso tem cabimento neste sitio que é tão meu, esta quase inconfidência. Começou a fazê-los para uso próprio, depois para os da casa e logo acabou por ter encomendas de fora, tantas que passou a ser conhecida pela Palmira dos chinelos. Era vê-la, sempre que tinha vagar, de óculos na ponta do nariz fazendo chinelos e pantufas. Primeiro tirava as medidas do pé da cliente, desenhando-o a lápis num cartão. E a partir daí começava o trabalho, lembro-me que a “sola” era de corda, sabiamente enrolada e cozida, a não ser que a encomenda exigisse que fosse de borracha. Assim acabava por ganhar para mais uns escudos, uns quantos para a caixa de esmolas da Igreja de Santa Cruz, já que era toda dada às beatices, o restante  para os seus “alfinetes”. Ia longe o tempo era que era endinheirada, que o muito que havia tido estoirou o seu amado Manuel em mulheres e jogo.foto5

(A avó Palmira a 25 de Dezembro de 1910)

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