Fujo de casórios como “o diabo da cruz”. Até gosto da cerimónia religiosa, que lá por ser agnóstico não deixo de apreciar a celebração de um ponto de vista da estética teatral, nem as palavras do celebrante, se inspiradas e galvanizantes, em vez de bafientas e entediantes. E então se a Igreja, palco do acontecimento, for das que tem história e muitos anos, perco-me na arte que ostenta e nem dou pelo tempo passar. Já o mesmo não digo do “copo d’água”, quase sempre a acabar com elas descalças e eles de gravata à banda, depois de muita bebida, graçolas e bailanças. Por isso, só obrigado é que me apanham em tal evento. Foi o que aconteceu e tudo por causa do MasterChef, que resolveu que, nesta segunda edição, haveria de celebrar um matrimónio.
A igreja só não estava toda iluminada, como diz a cantiga, porque a cerimónia decorreu, pelo civil, na Quinta do Roseiral, ali para os lados da Ericeira, o cenário ideal para festas do género. Mas nem por isso faltaram as luminárias, as flores e tudo o mais necessário a criar um ambiente propício a um momento que se quer único na vida de duas alminhas, isto se a união for mesmo para durar, que é o que, sinceramente, desejamos ao casal Sandra e Rui, que muito nos cativou pela sua simpatia e elegância.
Pus fatinho azul e borboleta toda pintas a condizer e lá gravámos a segunda prova do terceiro programa desta nova série, sendo que foi a primeira de equipas. Escaldado com a edição anterior, confesso que quando soube o que seria a prova, temi pelos convidados da boda. É que quanto a desafios do género, no ano passado, só começámos a comer bem na nona semana. Lembro-me, perfeitamente, de como nos impressionaram as apresentadas receitas de cabrito no forno e de ensopado de borrego (qual delas a mais saborosa), a ponto de repescar agora dois parágrafos da prosa que então aqui publiquei, com foto da mesa da refeição na Companhia das Lezírias, lembra-se?
“Sentámos-nos sobre fardos de palha, cobertos com mantas riscadas, as mesmas que os campinos usam quando passam a noite na lezíria, guardando o gado. Já a mesa corrida era primorosamente ataviada, de acordo com as características da refeição e do local. Por isso imperavam os barros, entre pratos e púcaros. De realçar, uma vez mais, o magnífico trabalho da “Food Team”, por nada deixar ao acaso, cuidando dos mais pequenos pormenores.
Também na prova de equipas a decisão não foi fácil. Melhor mesmo só o facto dos jurados não terem de escolher qual a vencedora, tal a qualidade das receitas apresentadas. Por uma mera questão de gosto pessoal optaria pelo cabrito no forno, mas igualmente me deliciei com o ensopado. Lembro-me de ter aconselhado a equipa vermelha a não servir arroz quando se sabia que havia batata e pão a acompanhar a carne. Em boa hora acataram o conselho, que o arroz em nada acrescentaria o ensopado. Que mania esta de atafulhar o prato de hidratos de carbono!…”
Voltemos ao presente: estava a contar-lhe do receio quanto ao que pudesse acontecer com os pratos principais do repasto nupcial. As entradas e sobremesas estavam garantidas pelo “catering” da Quinta do Roseiral, mas os pratos de peixe e de carne eram da responsabilidade dos concorrentes, os mesmos que na prova anterior, a da Caixa Mistério, “assassinaram” um dos produtos mais caros, delicados e saborosos da cozinha internacional (o “foie-gras”), se bem que resulte de uma prática cruel que muitos compreensivelmente condenam, a da hipertrofia forçada do fígado do ganso. A Marta, por exemplo, liquidificou-o, reduzindo-o a uma mistela sem préstimo… Muitas das más opções apresentadas advieram do facto dos concorrentes nunca terem provado o produto, nem o conhecerem e por isso não se entende que não tenham escolhido outro, dos que a caixa escondia. A Vânia fê-lo, ao preferir o difícil chocolate cem por cento cacau, trabalhando-o com inteligência, de modo a resultar num suculento e delicioso bolo, mas quem ganhou o desafio foi a Silvia que, apesar de não gostar de “foie-gras”, ao remeter-se às memórias da casa de família, soube reproduzir os procedimentos que via ao seu pai quando este o preparava.
Não é que, apesar dos temores, as equipas até que se desenvencilharam do desafio! Tirando um tabuleiro da equipa azul em que o peixe ficou um pouco aquém do ponto desejável de cocção, tudo o mais colheu elogios dos convidados da boda. Ganhou a equipa vermelha, aparentemente menos forte que a azul e com menos um elemento. O MasterChef é muitas vezes surpreendente e inesperado. Habitue-se, que vai ter muito disto ao longo da série.
Antes de nos despedirmos do local saudámos os noivos, desejando as maiores venturas enquanto casal, se bem que boda molhada (já que a tarde se revelou chuvosa) seja meio caminho andado. E ainda houve tempo para as fotografias da praxe. O que me ri quando uma ultima convidada veio ter comigo para tirarmos uma selfie” e… não é que estava descalça?! Eu não digo?!
Melado continuaria este terceiro programa, de novo na cozinha do MasterChef. Agora o que se pedia na mais temível das provas, a da eliminação, era uma sobremesa em que
o protagonista fosse o mel. Outra das surpresas destes concorrentes é que há vários perfeitamente à vontade nos doces, quando é sabido que eles exigem uma prática meticulosa quase laboratorial, bem distinta da que se pode assumir no domínio dos salgados onde, afora técnicas há muito que estabelecidas, há uma maior margem para a criatividade e até improviso.
Foi um regalo vê-los a trabalhar sob pressão, com precisão e objectivos bem definidos, no tempo estipulado para a prova, fazendo o melhor uso do equipamento da Kenwood posto ao dispôr. E já que estamos “com a mão na massa”, destaquemos a ultima grande novidade da marca, a nível de electrodomésticos: o surpreendente Cooking Chef da Kenwood, o primeiro robot de cozinha que, de facto, cozinha, devido ao seu sistema de indução. Trata-se de um robot de cozinha notável que lhe permite mexer, bater e cozinhar, ao mesmo tempo e na mesma taça.
Muito boa a proposta da Cátia: um bolo/pudim com mel, com molho do mesmo e gengibre e “quenelles” de mascarpone.
A Olga arrasou com o empratamento e com a tarte de queijo. Parecia coisa de pastelaria profissional, de tal modo perfeita e finíssima era a sua casca.
Gostei do bolo de noz e mel do Manel com molho de ovos e aguardente de mel… o mesmo Manel que pôs em causa a prova da Marta ao, inadvertidamente, dar-lhe um toque, o que fez com que a sua sobremesa desmoronasse. Em minutos, a Marta recupera grande parte da receita e apresenta-nos um merengue e crocante notáveis. Nota-se que os concorrentes desta edição sabem lidar bem com o imprevisto.
E podia ainda enunciar outras tantas gulodices feitas de modo a agradar aos jurados… mas fiquemos por aqui, não me venha a enjoar a prosa. É que, apesar de lambareiro confesso, isto de provar doces de empreitada, e logo quinze, deixa mossa.
A prova não correu de feição à Eva que optou erradamente por um bolo de chocolate e mel, onde este não se fazia notar, com um molho de frutos vermelhos (já não se aguenta esta mancebia!). Por isso, foi a primeira baixa do grupo dos quinze que honrosamente entrou na cozinha do Masterchef. Para a Eva terá sido importante esta experiência, depois do desaire do ano passado, quando a tensão tomou conta do discernimento, impedindo-a de apresentar o que quer que fosse na segunda prova de apuramento. Digamos que ajustou contas com o MasterChef, ultrapassando com garbo todas as etapas até entrar na cozinha grande da competição. Talvez voltemos a tê-la connosco se, a exemplo da edição anterior, houver prova de repescagem. Será?
No próximo programa uma questão se impõe, desde já: quem é que nos vai dar um grande bigode? Não perca.
Há mais cenas do casamento e da preparação da prova, neste vídeo que também preparei para si.
Muito boa noite Manuel Luis Goucha. Sempre que posso vejo o programa do MasterChef. Ontem não podia deixar de ver porque foi feito no meu local de trabalho. Adorei que o programa tivesse sido feito na quinta do roseiral, no fundo adorei a vossa presença lá. Estava tudo muito bonito como sempre. Adorei o video que fez e publicou. Continuação de muitos e muitos bons programas como este do MasterChef. Beijinho
Obrigado Ana pelo seu comentário.
O Manel, tenho um critica em relação ao programa quando é emitido, aquela música que acompanha os vossos comentários acho que está muito alta, por vezes não se ouvem bem os as vossas criticas aos pratos apresentados, por a música se sobrepor!!!!! . (claro que isto deve ter termos técnicos, mas como não os conheço espero que o Manel entenda o que quero dizer!) Tirando isso, está tudo 5*!
http://araparigadoautocarro.blogs.sapo.pt/
Olá Célia
São varias as pessoas que se queixam do mesmo. Já dei conta dessa reclamação a quem de direito. Obrigado.
Obrigada!!
Bom dia Goucha, eu vi ontem o MasterChef e gostei de ver. Mas fico com algumas duvidas quando vejo estes programas com CHEFES, (falando também da outra serie) sobre as gorduras , sobre primeiro fritar no tacho ou frigideira,( não me estou a lembrar qual o nome correto ) e outras fases…etc. Eu vejo todos dias o Você na TV, (se tiver que ir sair gravo) e ao ver os Médicos e vendo o que dizem Nutricionistas, fico e não só eu , também amigas e colegas . Já agora aproveito para lhe dizer que gosto muito de vos ver (claro incluindo a Cristina-tenho a revista), muitas vezes gostava de poder falar convosco, já cheguei a falar para as Relaçoes Publicas.
Ana Maria
Obrigado pelo seu comentário.
Manuel Luís, gosto muito do seu programa Masterchefe, só que a música de fundo, está muito alta, na altura em que estão a fazer a avaliação dos pratos, tanto os jurados como os concorrentes, por vezes não se consegue ouvir o que dizem, tentem que a música não esteja tão alta. obrigada e um abraço. M. Emília
Gosto muito do Manuel, sou fã. Quanto ao programa não perco. Estava a torcer pela equipa azul, uma vez que a equipa vermelha teve a ajuda e aconselhamento do chefe, mas o pêlo…o peixe mal assado….enfim! Parabéns à equipa vermelha. Quanto à sua apreciação sobre bodas, estou de acordo. As mulheres levam sapatos que depois não aguentam e ficam sem eles…muito deselegante! Parabéns pelo programa. Aliás, parabéns também pelos programas em que entra. Beijinhos e tb à Cristina
Maria da Luz
Foram os convidados e noivos que decidiram qual a equipa vencedora.
Obrigado pelas suas palavras.
E hoje houve casamento!!! E eu que ando a dizer ha tanto tempo que gostava que o Manuel estivesse no meu!!! Nao sei porquê mas tenho o feeling que se o convidasse aceitava… Ia gostar muito de me conhecer! Ninguém me leva a serio quando digo isto….
Aceitava? 🙂