O auditório da Universidade Sénior de Monforte estava completamente lotado para receber e ouvir Fernanda Serrano. O convite partiu de Gonçalo Lagem, o presidente da autarquia, sempre simpático, diligente e atento às necessidades da sua comunidade. Com ascendência estremocense, a Fernanda encara cada vinda ao Alentejo como um regresso a casa, como fez questão de frisar com um sorriso doce e rasgado que a todos conquistou. “Que simpática que é!”, e “que bonita!”, foram dos comentários que mais ouvi do meu lugar, ao longo de toda uma conversa franca, ao mesmo tempo animada, que a actriz estimulou entre todos os presentes, maioritariamente senhoras, utentes da Universidade, que assim tiveram oportunidade de a conhecer melhor. Ao mostrar interesse em perceber o que ali aprendiam, foi um desfiar de emoções e experiências, que a Universidade enche-lhes os dias com partilhas e saberes, criando novos objectivos e “proibindo-os” de envelhecer. Lembrou o presidente que em tempo de férias há quem adoeça pela falta que as aulas (de dança, pintura em azulejo, teatro, informática, inglês,…) fazem, tendo logo alguém sugerido que é melhor começarem a pensar em criar alternativas para maiores de sessenta. Muito se disse, muito se contou, muito se riu… mas o momento mais tocante foi quando uma senhora da terra, Maria Helena de sua graça, se levantou de livro em riste (um dos escritos pela Fernanda) para dizer-lhe sobre o que nele havia lido: “Foi a estas suas palavras, a esse seu exemplo, que me agarrei quando me vi sem uma mama e antes de cada sessão de quimioterapia. Estou aqui para lhe agradecer e para dizer que é bom viver!”. Se dúvidas tivesse sobre o impacto positivo que para outros pode ter a partilha que algumas figuras conhecidas fazem das suas fragilidades, em termos de saúde, elas ter-se-iam ali dissipado com tão sentido testemunho. Basta tocar e ajudar uma pessoa que seja para que já tenha valido a pena.