Aquivos por Autor: admin

Uma manhã com Fernanda Serrano

O auditório da Universidade Sénior de Monforte estava completamente lotado para receber e ouvir Fernanda Serrano. O convite partiu de Gonçalo Lagem, o presidente da autarquia, sempre simpático, diligente e atento às necessidades da sua comunidade. Com ascendência estremocense, a Fernanda encara cada vinda ao Alentejo como um regresso a casa, como fez questão de frisar com um sorriso doce e rasgado que a todos conquistou. “Que simpática que é!”, e “que bonita!”, foram dos comentários que mais ouvi do meu lugar, ao longo de toda uma conversa franca, ao mesmo tempo animada, que a actriz estimulou entre todos os presentes, maioritariamente senhoras, utentes da Universidade, que assim tiveram oportunidade de a conhecer melhor. Ao mostrar interesse em perceber o que ali aprendiam, foi um desfiar de emoções e experiências, que a Universidade enche-lhes os dias com partilhas e saberes, criando novos objectivos e “proibindo-os” de envelhecer. Lembrou o presidente que em tempo de férias há quem adoeça pela falta que as aulas (de dança, pintura em azulejo, teatro, informática, inglês,…) fazem, tendo logo alguém sugerido que é melhor começarem a pensar em criar alternativas para maiores de sessenta. Muito se disse, muito se contou, muito se riu… mas o momento mais tocante foi quando uma senhora da terra, Maria Helena de sua graça, se levantou de livro em riste (um dos escritos pela Fernanda) para dizer-lhe sobre o que nele havia lido: “Foi a estas suas palavras, a esse seu exemplo, que me agarrei quando me vi sem uma mama e antes de cada sessão de quimioterapia. Estou aqui para lhe agradecer e para dizer que é bom viver!”. Se dúvidas tivesse sobre o impacto positivo que para outros pode ter a partilha que algumas figuras conhecidas fazem das suas fragilidades, em termos de saúde, elas ter-se-iam ali dissipado com tão sentido testemunho. Basta tocar e ajudar uma pessoa que seja para que já tenha valido a pena.

Tudo por causa de uma fatia de bolo!

É verdade, foi há um ror de tempo. Num livro de receitas de sobremesas famosas do Mundo, descobri a da Sacher Torter, um bolo de chocolate recheado e coberto com doce de damasco e ainda a levar por cima deste uma ganache de chocolate preto. Naquelas páginas, contava-se a história da sua origem, há sempre uma história por detrás de uma receita e descobri-la é para mim tão ou mais interessante que degustá-la, o que não seria o caso já que por doces de chocolate me perco. Percebi, então, que a receita se deve a um inspirado aprendiz de pasteleiro, de apenas 16 anos, Franz Sacher, a pedido do seu patrão, o Principe Clemens Metternich, já que este queria presentear o seus convidados à mesa com uma sobremesa diferente. Estávamos em 1832. Trinta e três anos depois, seria seu filho, Eduard Sacher, quem abriria um café, junto àquela que viria a ser a Ópera de Viena, onde o bolo de chocolate criado pelo seu pai fazia grande sucesso. Empreendedor, Eduard Sacher quis mais, muito mais, e por isso acabaria por abrir um hotel, em 1876. À morte do marido, é sua mulher Anna quem assume a gestão do negócio por quatro décadas, com pulso firme e talento suficiente para criar uma unidade hoteleira de grande elegância e qualidade. Pelo Sacher Hotel já passaram todas as grandes figuras que possa imaginar, da realeza, da literatura, do cinema, do teatro, do canto lirico… da sociedade em geral.

O Hotel não está mais nas mãos da família Sacher, mas continua a ser um dos poucos hotéis de cinco estrelas, a nível mundial, geridos por uma família, neste caso e desde 1934 os Glüters e Sillers. Na primeira vez que fui a Viena não tinha ainda possibilidades económicas para me hospedar no Sacher Hotel mas já a levava fisgada: sentar-me-ia, pelo menos, no seu café, aberto também aos da cidade e visitantes, para saborear uma fatia do tão famoso bolo. Confesso que eu próprio tenho outras receitas com chocolate que me agradam mais mas cá está: cada garfada deste bolo acrescenta-nos uma história de mais de cento e cinquenta anos, o que lhe empresta um sabor muito especial. No dia seguinte jantei no restaurante do hotel, de frente para a Ópera, e jurei a mim próprio que ainda haveria de ali pernoitar.

Os anos passaram, ganhei um outro poder aquisitivo, e o Sachel Hotel passou a ser a minha “casa” sempre que vou a Viena ou a Salzburgo (são deste último as fotos que se seguem). E claro, não prescindo nunca de uma fatia do bolo de chocolate mesmo continuando a achar que tenho receitas melhores. Ainda hei-de fazer esta à minha maneira. Fica prometido!

www.sacher.com

Um almoço com Salzburgo aos pés!

Gosto de cozinha de conforto, tal qual as receitas da avó, de gestos demorados e muito amor, apurada em terno lume. Em estando fora, gosto da cozinha local, que um país também se aprende pelo que se come. E volta e meia procuro uma refeição de autor, que, salvo raros e condenáveis dislates, é quando a cozinha se eleva a um patamar superior de criatividade e excelência. Nestes casos a exigência é absoluta, que o preço não é meigo, e quase sempre são restaurantes celebrados com prémios, distinções e outras pomposidades. Apeteceu-me um desses, estrelados, no último almoço desta ida a Salzburgo, ainda por cima com a cidade a meus pés, que o “Glass Garden” fica no alto, na montanha, ali bem perto do Museu de Arte Contemporânea, e a sala refeiçoeira toda ela rasgada em amplas vidraças permite o deslumbre da vista.

Chegar lá só foi o “cabo dos trabalhos”, porque decidi a ir a pé, recusando o carro e esquecendo-me que um “funicular” nos bota lá em cima em “menos de um fósforo”, mas também vale a caminhada e mais os degraus galgados (perdi-lhes a conta) pelo exercício que habitualmente não faço. Tudo compensou o “esforço”, desde o ambiente, simpatia e profissionalismo de quem nos atende até, o mais importante, quanto se apresenta para prova. A começar pelo pão, de mistura, miolo fofo subtilmente perfumado de erva-doce, e côdea estaladiça, a pedir carícia de toda a sorte de manteigas, ali trabalhadas com afinco e sabores, um então perdidamente fumado. Um delicado bonsai traz-nos junto ao tronco uns quantos divertimentos de boca, cortesia do chef, mas é assim mesmo na cozinha de autor, por vezes até exageram, que o que queremos é começar nos pratos escolhidos e eles tardam com tanto paparico. Ainda fomos mimados com um guloso aveludado de cogumelos antes de abrirmos as hostilidades com o que cada um escolheu. O Rui vai sempre para as carnes, desta optou pelos “rilletes” de pato, terminando num peito de pombo com purê de couve-flor. Já eu eu, pasme-se, escolhi duas sugestões vegetarianas: um creme de tomate perfumado de coentros, até aqui nada de transcendente, apesar da sua irrepreensível veludez, mas logo o sabor do caril e do coco acrescentados em perfeita harmonia o elevaram a um outro nível (hei-de tentar um dia destes, que é só acertar nas dosagens e acrescentar-lhe uma “quenelle” de iogurte e nata, ou esta trabalhada com queijo de cabra, que também deve ligar bem) e um taboulé de bulgur, especiado na perfeição, com legumes-bebé e molho de cenoura. Já não havia estômago para sobremesas, mas mesmo assim não resisti a um macarron de limão, de entre o que a caixa de gulodices, apresentada com o café, nos oferecia.

Magnificamente almoçados, repetimos o percurso da ida agora de regresso ao centro histórico, com calma e fruição, pela beleza da floresta e por sabermos que a descer todos os santinhos ajudam!

www.monchstein.at

Natal é quando um homem quiser!

E ainda que a frase do poeta Ary tivesse um sentido mais profundo, foi dela que me lembrei ao entrar, ontem, primeiro de Fevereiro, num pequeno e inesperado museu de Salzburgo, todo ele dedicado ao Natal e suas tradições austríacas. Digo bem, tradições austríacas e de toda esta região da Europa central, que se em Portugal não celebramos o São Nicolau (santo inspirador da figura do Pai Natal), que é com ele que começam os festejos natalinos por estas bandas, menos ainda conhecemos o tinhoso Krampus, seu parceiro chifrudo, a ter como missão a de atazanar todas as crianças que não tenham andado nos conformes no mais do ano. Uma e outra são figuras presentes em muitas das vitrinas que enchem todo o espaço, duas alas distintas onde, desde os calendários e coroas do advento até aos enfeites do pinheiro, de tudo há: soldados quebra-nozes, cartões de boas-festas de abrir a três dimensões (em miúdo, deixavam-me deslumbrado!), presépios de vários andares,… até formas para moldar os bonecos de gengibre. Dei com o museu por mero acaso, que o que procurava era o café Demel, que antes era ali mesmo na praça grande que celebra em bronze Mozart, filho dilecto da terra. Claro que é um museu kitsch, afinal tal como a própria quadra natalícia, não na sua essência, claro, mas no jeito de a celebramos com excesso de brilhos e luminárias, mas também por isso uma experiência irresistível. É que dá ganas que chegue Dezembro para repetirmos gestos e promessas num triunfo de cores, cheiros e sabores. Que bem me soube este pedaço de Natal fora de tempo!

www.weihnachtsmuseum.at

Bilhete postal

Quem me disse que Hallstatt era imperdível foi o João Montez, meu colega de Televisão, e estava carregadinho de razão! Uma vez que voltei a Salzburgo apenas para assistir a um concerto esta noite (é sempre a música, a ópera ou a dança a levarem-me a viajar) tive mais que tempo para tirar a limpo a sugestão do João, ainda por cima estando a aldeia tão perto, a menos de uma hora de carro. Hallstatt é um verdadeiro “bilhete postal”, seja vista de que perspectiva for, seja lá no alto, bem na montanha, seja no morro da Igreja católica, que outra há luterana na pracinha central, seja junto ao lago que a acaricia. Nas lojas, nas casas por toda a parte, ainda se mantêm as luminárias do Natal, pelo que a aldeia ao cair da noite, o que acontece cedo nesta altura do ano, ganha um ambiente ainda mais encantatório. Apetece ficar na rua, numa esplanada, embrulhado numa manta de pele, que não há poiso que a não tenha, bebendo um chocolate quente e tendo o silêncio por companheiro. Não admira que Hallstatt e a sua região alpina sejam Património da Humanidade, desde 1997, quando ainda não era leviana a atribuição pela UNESCO de tal distinção.

Na cidade da música!

Que “raiva”! Já é a terceira vez que venho a Salzburgo em pleno Inverno e de neve nem um floco! A cidade austríaca é lindíssima, está associada a Mozart e sua família, justamente
decorre neste momento a semana da música a ele dedicada, o motivo aliás que aqui me traz neste fim de semana que decidi alargado, e não menos importante, antes pelo contrário, é o seu festival de ópera, que todos os anos se realiza por alturas do Verão (o nosso Presidente era “habitué”, antes das suas funções em Belém), para além do muito que tem para nos oferecer a nível de património religioso, ou não tivesse Salzburgo sido cidade estado da Igreja, por mais de mil anos, onde os príncipes-arcebispos tinham todo o poder, mas imagino-a coberta de branco, cenário de uma beleza indescritível, por isso a “frustração” de a ver galante, arrumada, limpa, harmoniosa, tal como sempre a vi, sem aquela alvura que me deixaria que nem criança numa fábrica de guloseimas. Também comigo tristeza não vinga mais que cinco minutos, é perda de tempo. Lá fui, então, começar o dia no Tomaselli, café há mais de trezentos anos, que em cada cidade tenho os meus rituais que repito sempre que a elas regresso, isto antes de entrar na Catedral, que conheço apenas de uma noite de Natal, onde assisti à mais bela de todas as missas do galo, imagine só, acompanhada com orquestra e coro, de ir à abadia de São Pedro, de visitar um pequeno e inesperado museu de que lhe falarei um dia destes, de passear por ruelas e praças graciosas com suas lojas de marca, outras nem por isso, que há para todas as bolsas, de antiguidades, jóias, outras de bugigangas, se bem que a cidade prime, toda ela, pela elegância. Depois do almoço, um pulo a Hallstatt, apenas a uma hora de carro, um verdadeiro “bilhete postal” de tirar o fôlego, só por si a merecer um escrito à parte. Fiquemo-nos por aqui, que já me chamam para a janta e por estas bandas não resisto a bisar um Wiener Schnitzel.

Em Monserrate

Tinha estado no Palácio, ainda em obras de restauro, há precisamente dez anos, para uma conversa com Teresa Salgueiro no âmbito da série “Mulheres da Minha Vida” (como o tempo voa!), mas não passei da sala da Música. Já então havia ficado com ganas de passear pelos jardins, de tão extraordinários me parecerem, e de mais saber acerca do local, por isso trouxe livros que agora me deram jeito, já que a Monserrate finalmente voltei. Falam de Francis Cook, e sua família inglesa, rico pelo negócio dos têxtéis e coleccionador pelo gosto da Arte, de como comprou a quinta de Monserrate, tão da cobiça de D. Fernando, segundo de seu nome, e mandou reformar a casa já existente e onde outros haviam vivido, até William Beckford, escritor e aristocrata, também ele rendido aos predicados naturais de toda a propriedade. A James Thomas Knowles, arquitecto das relações da família, coube o plano de reconstrução do Palácio, imponente e algo estranho pela dificuldade em individualizar um estilo dominante. Gótico? Sim, talvez por respeito ao estilo da construção primitiva. Fala-se em gótico veneziano, que há pormenores, como o pórtico axial, que fazem lembrar os palácios de Veneza, já a cúpula octogonal do corpo central leva-nos para a Toscânia, tão inspirada que parece ser na da Catedral de Florença. Arábico? Também, com certeza, tantas as referências bizantinas e mouriscas, nos azulejos, e nas infindáveis fantasias geométricas que ornam galerias e átrios, fazendo-me lembrar o Alhambra de Granada. Dá gosto perceber o notável trabalho de restauro e recuperação ali levado a cabo pela Parques de Sintra Monte da Lua, empresa criada em 2000, e em boa hora, para atender às necessidades de gestão patrimonial que advieram do facto de Sintra ser Paisagem Cultural e Património da Humanidade desde 1995 (que isto com o IPPAR
não ia lá!).

Pelos jardins deambulei por umas duas horas, entre verdes luxuriantes e o cantar das águas, mas de novo me ficou a vontade em regressar, para mais absorver e registar. Acanham-se-me as palavras para descrever o que ali a Natureza nos oferece, entre caminhos que nos doem, flores e cactos exóticos, lagos encobertos, cascatas ruidosas, troncos que se retorcem… apetece ali ficar até que a noite caia, o luar coalhe e a madrugada se estenda, fimbria de solidão.

Quis que o Tiago Charrua, o mesmo que cuida do meu instagram, jovem fotógrafo de sénior talento, tudo captasse com o seu olhar, que sou dos que acha que a sensibilidade artística se sobrepõe à qualidade e domínio da máquina e da objectiva. É da sua autoria a foto à cabeça do escrito, bem como as que se seguem.

Mas também não sei castigar esta minha vontade em fotografar. Foi mesmo com o telemóvel…
desculpa lá, Tiago, mas as que se seguem eu tinha de acrescentar.

www.parquesdesintra.pt

Brownies de chocolate e café

Pré-aqueça o seu forno a 180 graus.

Misture uma colher (sopa) de café em pó, com uma colher (chá) de canela em pó, sementes de
uma vagem de baunilha e uma colher (café) de noz moscada ralada no momento.

Derreta 200 gramas de chocolate, partido em pedaços, com 125 gramas de manteiga, em banho-maria ou no microondas. Junte a mistura de café, canela, baunilha e noz moscada. Misture bem.

Bata 4 ovos inteiros com chávena e meia de açúcar. À parte, misture uma chávena de farinha
com uma colher (chá) de fermento em pó. Junte aos ovos batidos com o açúcar o chocolate
derretido. Misture bem. Junte a farinha. Mexa bem. Juntei ainda nozes picadas grosseiramente e passas sem graínha.

Leve a massa ao forno num tabuleiro pequeno, untado de manteiga e forrado no fundo com papel vegetal também untado. Uma vez cozido, desenforme, deixe arrefecer sobre uma grelha e corte em cubos. Polvilhe de açúcar em pó.

A chávena que serve de medida é das de chá.

Pato à moda do monte

Num caçoilo com tampa colocaram-se quatro tangerinas, das de cá do monte, com casca e cortadas em quartos, um fiozinho de azeite, uma cebola ou chalota descascada e cortada grosseiramente e o mesmo se diga de dois dentes de alho. Junta-se ainda um bom cálice de vinho do Porto, um pauzinho de canela e temperos de sal e de pimenta preta moída na altura.

Coloca-se o pato, limpo, no caçoilo, junta-se um copo de água, tapa-se e vai ao forno, a 170 graus, para estufar.

Uma vez cozinhado, retira-se o pato do caçoilo e deixa-se o molho arrefecer completamente para que a gordura solidifique à superfície e possa ser facilmente retirada. O molho já desengordurado é depois coado e levado a aquecer e apurar num tachinho, em lume brando.

O pato é levado ao forno numa assadeira para que a pele toste e fique crocante.

Serviu-se o pato trinchado com o molho e acompanhado com um puré de batata feito com
espinafres e queijo emmenthal. Para se fazer um puré rapidamente descascam-se as batatas, cortam-se em cubos e, depois de lavadas, vão a cozer em água temperada de sal.

Entretanto, numa frigideira, doura-se uma chalota, ou cebola, e dois dentes de alho, tudo descascado e cortado miudamente, num fio de azeite. Juntam-se espinafres em folha, mexe-se e deixa-se saltear rapidamente. Cozidas as batatas, escorrem-se, esmagam-se em puré, junta-se a este, em quente, uma boa porção de manteiga com sal e queijo emmenthal ralado. Mistura-se tudo para que manteiga e queijo derretam. Juntam-se, por fim, as folhas de espinafres no picado de cebola e alho, e mistura-se.

O vinho

Escolhemos um Glória Reynolds, o Cathedral tinto 2004. Para saber desta família inglesa (os Reynolds), em Portugal desde 1820, primeiro no Porto, mais tarde em Estremoz, visite o site

www.reynoldswinegrowers.com

Mesa para dois

A cozinha é de conforto, é das que aconchega, pelos temperos usados e modo de confecção. Por isso, pus mesa para dois com um pouco da nossa tradição, como os individuais feitos com chitas de Alcobaça e os pratos e taças, estas para o puré, da Fábrica Bordallo Pinheiro.

www.bordallopinheiro.com

Hoje deu-me para isto!

Gosto do frio e da sua cor, que a tem há-de reparar, assim a modos que um cinzento anilado, e de tudo o que permite amaciá-lo: uma chávena de chá verde ou preto bem especiado, de chocolate quente, untuoso e perfumado, o cheiro da lenha a crepitar, a manta de pelo de ovelha que depois se deixa esquecida no braço do sofá… e de agasalhos. Vê-se pelo que mostro e não estão todos, faltam as samarras e dois capotes, que são mais de uso quando ando pelos alentejos, digo bem que há vários e distintos, ou se quero causar estranheza quando ando pela estranja, que um capote então é garantia de sucesso. São casacos de e para muitos anos, só a canadiana tem mais de dez, e alguns foram mandados fazer com fazendas que já nem há, oferta de uma senhora que me aprecia e as tinha de um negócio antigo, lembro-me que na altura até botei escrito sobre o assunto.

Hoje deu-me para isto: olha o “top-model!!!”.