Até que a morte nos separe?

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Trinta e duas mulheres perderam a vida às mãos dos namorados ou companheiros e ainda o ano não se finou. O número dá que pensar: em que falhámos na luta, já de décadas, contra a violência doméstica? O que falta às mulheres moídas de pancada para que entendam, de uma vez por todas, que têm de vencer o medo de apresentar queixa, de denunciar, de dizer basta, antes que a morte aconteça? Em nome de quê suportam a humilhação e aniquilação? Em nome do amor que os seus algozes juram? Que amor? O amor é o que temos de melhor a propor, não o pior. O amor transcende, não mata. E nós, os que estamos, ou nos colocamos, de fora, que fazemos? Pactuamos através da nossa apatia ou antes agimos delatando a agressão que sabemos existir na casa de amigos, familiares ou vizinhos? É crime público, sabemo-lo desde 2007, e então? Reduzimo-nos, covarde e criminosamente, à condição de cúmplice ou assumimos, na prática, a nossa indignação?

E que apoio efectivo é dado às mulheres vítimas de agressão? Sabemos do trabalho das várias associações no terreno, mas será este suficiente? E a Justiça? Terá ela mão pesada para com estes criminosos? Depende de quem julga, mas ouvir de um juiz que “uma bofetada dada numa mulher nem sempre é violência!” não me deixa grandes dúvidas. Há toda uma pedagogia a fazer, na escola, nos locais de trabalho e até em altas instâncias, onde muitos vestem a “pele de cordeiro”.
Quantas perguntas e inquietações! Certeza, mesmo, só tenho uma, abjecta, implacável:
trinta e duas mulheres foram mortas, este ano, pelos “seus” homens. Homens?
Homúnculos é o que são. Ser Homem é outra coisa!

www.apav.pt
Linha de apoio à vítima
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43 comentários a “Até que a morte nos separe?

  1. Mónica de Carvalho

    Boa Tarde MLG,
    Já tentei deixar dois comentários vs “testemunhos” e não aparecem.
    Será que recebeu?
    Muito Obrigada,
    Mónica de Carvalho

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  2. Lídia

    Esta menina , que por sinal é muito bonita,chama-se Cecília,deu a cara por esta grande causa, na realidade é uma mulher forte, cheia de garra, como todas devíamos ser, não se deixem vencer pelos medos, sei que por vezes na vida há muitas situações que podem gerar dúvidas e impasses, mas mais tarde poderá ser tarde demais!!!!
    Força a todas as mulheres que estejam a passar por horas difíceis!

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  3. Daniel Vieira Luís

    Boa noite MLG, já tentei varias vezes concorrer o passatempo do livro sobre Salazar e não consigo comentar. Posso enviar a minha resposta para outro sitio? Obrigado

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  4. Maria

    Ola,os cobardes fogem ao ouvirem este tipo de debates na TV,infelismente calamos anos a fio e depois desistimos por medo por chantagem e amiaças,as vezes fugimos para outro lado do mundo mas por amor aos filhos voltamos…Mas o pesadelo continua e amam ,amam mt,juras e mais juras,no meu caso ja nao acredito perdi a esperança,tlvs um dia deus faça justiça por mim eu cansei,de chorar vivo debaixo do mesmo teto,mas trancada,mas mtas vezes ou abro ou a porta é rebentada,ja vivi tudo de mau em relaçao a este tema e ficaria aqui a noite toda.mas ja nem as palavras me saeem,estes cobardes matam ,ou se matao,estou a preparar -me para fugir de novo ,mas poder levar o que amo comigo meus filhos,e perdelo de vista para sempre Gocha bg por estes progarmas.O ademiro mt por ser tao direto nestes temas.

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    1. admin Autor do artigo

      Boa tarde, Filipa. Todos os comentários são validados e publicados, excepto quando se tratam de ofensas. Caso contrário, são sempre aprovados. Obrigado.

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    2. RAQUEL SILVA

      Olá, Manuel Luís estive a ler “Até que a morte nos separe” como sempre está muito bem escrito
      e como admiro a sua escrita. Realmente não se percebe como estas mulheres se sugeitam anos
      a fio com medo do companheiro e continuam continuam à espera de quê, o que vai na cabeça destas mulheres, nos tempos que correm é quase impossível comprender. Muitas casam depois
      de um namoro com estaladas, e entam num casamento porquê elas sabem o que lhes espera por
      isso se namora, mesmo nunca se conheça completamente a pessoa a que nos unimos, mas pelos menos sabem que vai haver violência doméstica, porque já foram vítimas. O que se pode
      fazer para estas mulheres que já sabem ao que vão. Outras serão surpreendidas, porque nada faz supor que vão ter uma vida de inferno. Outra coisa é engravidarem ao fim ao cabo também são umas inconscientes, elas sabem que vão trazer ao mundo inocentes que vão sofrer.
      Li aqui comentários de algumas senhoras que se anularam completamente.
      Todas temos que agradecer pela voz activa do Manel, eu agradeço em nome de toda a sociedade
      em que estamos inseridos com tos estes pproblemas. OBRIGADA.

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  5. Associação Portuguesa de Apoio à Vítima - APAV

    Caro Manuel Luís,

    A APAV quer cumprimentá-lo por este gesto de cidadania ativa. Nunca é demais tudo o que se possa dizer ou fazer contra a violência a doméstica. Sabemos que contamos consigo neste combate, dificil mas não impossível. Dar a Voz às vítimas é reforçar os seus direitos e a sua proteção. Falarmos todos deste assunto, é educarmos todos para o respeito e para a iguladade.

    Conte connosco. A luta é de todos.

    Um grande bem haja.

    Associação Portuguesa de Apoio à Vítima

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  6. maria amália

    eu acho que desde que não seja feita justiça muitas das mulheres nem denunciam o parceiro com medo do que vem a seguir. Será que tudo melhora depois dum homem destes ter passado alguns meses ou sómente dias na cadeia? eu acho duvidoso e por isso muitas das mulheres permanecem caladas. É triste mas é a realidade…
    bjos
    m. amália

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    1. Lindalva

      Amália é tão simples como isto,a razão porque as Mulheres têem medo de denunciar o agressor,é que por vingança são mortas de seguida! E porque isso acontece? Porque a Nossa Justiça está mal orientada. Só condenam (e pouco) em caso de morte,ou seja tarde demais! Deviam mudar a Lei,para que no exacto momento da primeira denúncia,prendessem o agressor e o Tribunal o condenasse á pena máxima…Mas para ser cumprida na totalidade,de preferencia em trabalhos forçados,perdiam a (folia)e prestavam serviço á Comunidade prisional cultivando o que comem. Atenção isso seria feito em grandes terrenos que cultivariam,e seriam cercados por redes eléctricas para que não fugissem. Não hesitem denunciem,e lutem pelos direitos da Mulheres ´
      a defesa da sua integridade Fisica e mental. Enquanto se espera a mudança que todos exigimos da parte do Governo,Mulheres,não aceitem viver com esses menos que nada,não são homens são feras furiosas. Tenham sempre convosco algo com que se defender em caso de perigo de vida,apliquem um golpe com força nas partes intimas,pois causa tanta dor que vos largará por um tempo o que vos permitirá fugir. Se tiver filhos leve os consigo.Va para bem longe,é melhor começar do zero que acabar antes da vossa hora…Unidas devem lutar para que uma nova lei seja elaborada no Diário da Républica. Porque esperam os sucessivos governantes para implementar essa Lei,que tire de circulação essas bes…? Será porque também existem nas classes ditas superiores? Que existem bem o sabemos,espero que não seja por isso,o Estado somos todos Nós,merecemos ser defendidas e repeitadas.

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  7. Sandra Carvalho

    Há poucos HOMENS como o Manuel Luís! Eu casei com 16 anos, e durante quase 20 sofri de todo tipo de violência doméstica,á 8 anos finalmente consegui ” fugir” vim dos Açores pra Gaia e vivo longe da minha família e amigos. :/ mas ganhei paz de alma! Obrigada Manuel por defender nos!!!!

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  8. Sonya

    Olá Manuel Luís Goucha,

    Venho dar o testemunho de uma situação que se passou com a minha irmã quando estava em processo de divórcio, um dia o ex-marido esperou por ela à porta de casa e no meio da via pública deu-lhe uma violenta chapada na cara que a fez ‘rodar’ e onde ficou marcado os dedos na zona da cara e pescoço. Depois abandonou o local. A minha irmã quando chegou a casa ligou-me de imediato a pedir ajuda. Percebi que as testemunhas no local nada fizeram como posteriormente não queriam testemunhar. Ela fez de imediato queixa na polícia e não achou necessidade de ir ao hospital. Eu, inocentemente fui a casa dos pais dele para perceber o que se tinha passado. Tive que fugir porque naquela altura se ele me pusesse as mãos matava-me ! Ele achava que o motivo do divórcio era Eu ! Essa agressividade foi testemunhada pelos meus sobrinhos que ficaram em pânico! Nesse dia ambas tivemos que dormir em casa dos meus pais para nossa segurança porque o meu ex-cunhado estava completamente desnorteado. Eu nunca tive medo de nada, mas durante imenso tempo andei insegura na rua com medo de ele me querer fazer mal. A queixa seguiu para o Ministério Público e quando chegou a sentença ficámos em choque: A AGRESSÃO NÃO FOI SUFICIENTEMENTE PREVERSA PELO QUE ABSOLVEMOS O RÉU !

    Agora diga-me, como se estabelece um limite daquilo que já é fora do limite?

    E assim vamos no nosso país onde parece que nada funciona. Na minha opinião era deveras importante penalizar, denunciar e condenar qualquer tipo de violência doméstica.

    Obrigada, um abraço

    Sonya

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  9. Sophia

    Se abres a boca levas.
    Não te esqueças que sou eu que te meto a comida na mesa.
    Não vales nada, o que seria dos teus filhos senão fosse eu.
    Quem manda sou, vê se te calas…
    Mas ela fala, fala e leva…
    E programas de televisão que ela vê, amiga que diz para apresentar queixa.
    No meio de mais pancada ela diz:
    -Ou paras ou vou à policia!!!
    Ele ri, diz:
    Andas muito esperta.
    Ela vai, apresenta queixa, fica tudo escrito e volta para casa com as mesmas marcas negras.
    Ele espera por ela lá no mesmo sitio onde lhe bateu vezes e vezes sem conta enquanto os filhos se escondiam no quarto.
    Ou tiras a queixa ou…
    Cheia de força, força que não tem mas houve alguém que lhe disse que ela tinha(programas de tv, instituições de apoio à vítima, aquela amiga)mas ela diz:
    -Não tiro e não me bates mais senão vais preso.
    Nesse dia ela leva murros, pontapés, empurrões, puxões de cabelo arrastando-a pelo chão entre nomes feios… Há o golpe fatal.
    Porque lhe deram uma força que ela não tinha, nem física, nem familiar, nem financeira, nem policial…
    Não precisava de força, nem de dizer “BASTA”….
    Precisava de quem lhe desse a mão, lhe protegesse as costas ao chegar a casa no fim de apresentar aquela queixa.
    Podemos dar a MÃO à vítima mas ninguém tem MÃO na fera.
    Apresentar queixa neste momento significa assanhar a besta.
    Minha opinião: Sim é preciso dar a mão a vítima mas e preciso uma mão maior e mais pesada para por “homem” no lugar dele, nem que tenha de provar o que andou a servir lá por casa.
    Tv mostrem o que acontece aos homens que bate na mulher não o que acontece à mulher que leva do homem. (Há pois pouco acontece só quando elas morrem e mesmo assim)

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  10. Berta Veiga

    Não sei se se lembra mas já fez 2 anos em julho que estive aí no você na tv e na véspera de ter ido aí o meu filho caiu e fez uma ferida na perna passado 2 dias aquilo infecionou e teve de ser internado,como este país é um ervilha quem é que esteve internado na mesma altura na pediatria do s.joão?aquela moça que levou 23 facadas do namorado.Uma menina franzina que de idade tinha 16 anos mas aspeto de 13.Magra,mas tão magra que até hoje me pergunto como sobreviveu a tal ataque.O seu ar de assustada cada vez que um rapaz passava por ela naquela área de pediatria.Cheia de pensos que tapavam as facadas que tinha levado.Um dos curativos era no pescoço,ainda hoje me pergunto como sobreviveu.E que pena levou o namorado? 3 anos de prisão porque palavras do juiz “quis magoar mas não matar a vítima” que juiz é este?e que justiça é esta???????acha que se pode mudar ?não me parece….

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  11. Mafalda

    É triste a realidade do nosso país, enumeras campanhas são feitas mas as autoridades pouco fazem para ajudar uma mulher vitima. Que país é o nosso em que uma mulher que leva um pontapé no peito do homem com quem vive há 18 anos e é ameaçada de morte, ameaças causadas pelos ciúmes doentios do cônjuge, ao pedir auxilio na polícia é-lhe recomendado que volte para casa e tente aguentar a situação, não podem atuar porque não foi apanhado em flagrante… as marcas no corpo e principalmente as da alma não servem de nada, porque as autoridades só decidem atuar quando já pouco há a fazer por estas mulheres. É ainda mais triste ver as autoridades nos meios de comunicação a pedir às vitimas que denunciem o terror em que vivem… e para quê? Para serem aconselhadas a voltar para o inferno de onde querem sair, é dificil arranjar coragem para sair dessa situação, mas torna-se ainda mais dificil quando os apoios não são os suficientes.

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    1. admin Autor do artigo

      Olá Berta, não aparece nenhum outro comentário seu neste post (talvez tenha havido um problema técnico). Pode enviar novamente, sff? Obrigada 🙂

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  12. Celia Ramos

    Oh Manel além da gravidade deste comportamento dos homens, há outro que eu não compreendo, mulheres supostamente instruidas com rendimentos próprios, mulheres que não dependem dos maridos , nem dos amantes financeiramente e deixam-se manipular e agredir como uma coisa natural.
    Há miúdas novas nesta situação….Não comprendo nem o comportamneto dum homem que agride, nem duma mulher que permite. E pelos vistos estamos a exportar este comportamento…
    http://araparigadoautocarro.blogs.sapo.pt/

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  13. Soraia César

    Boa Tarde,
    Eu sou aluna da escola profissional Agostinho roseta e encontro-me no 11ºano no curso de animação sociocultural, eu e o meu grupo encontramos-nos a realizar um projecto contra a Violência Doméstica mas ninguém quer vir a nossa escola falar sobre o tema, ja tentei contactar a apav mas ninguém me responde e cada vez mais existem mulher a morrer e homens e temos todos que tentar acabar com isto

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  14. Maria Dias

    Enquanto em Portugal um indivíduo como o “Palito”, que matou 2 mulheres e feriu gravemente outras duas é aplaudido á porta do tribunal, como se de um herói se tratasse, como se tivesse feito algo de muito bem para o país, isto nunca vai mudar, nesse dia senti uma vergonha profunda do povo português que estava á espera daquele monstro…
    A V.D é uma forma de mentalidade, de tal forma incrementada em toda a sociedade que não escolhe estatuto social, nível de riqueza ou educação…e Mentalidades não se mudam de um dia para o outro, mentalidades só mudam com a educação das camadas mais jovens, mostrando que estas atitudes são crime e que quem as pratica são real e severamente punidos, mas na realidade todos sabemos que não são….
    O elo mais fraco, normalmente mulheres, mães com filhos pequenos aguentam, porque precisam, porque cada vez é mais difícil sobreviver só nesta selva, pensam que estão a dar uma família aos filhos, mas estão a tiraras-lhe a inocência e a sujeita-los ao pior dos horrores dentro de 4 paredes. Na maioria das vezes a vítima tem que deixar a casa, a vida, começar de novo longe do agressor, enquanto que o agressor continua bem na sua casa no seu emprego e com a sua bela vidinha de sempre, a vitima tem que fugir, vive atormentada, passa dificuldades e nada nem ninguém intervêm porque a nossa sociedade tem mecanismos de apoio, mas se virmos bem a vitima é sempre vitima duas vezes, uma do agressor, outra da injustiça que se diz justiça mas na realidade penaliza ainda mais quem sofre….
    Muitas vezes as vítimas apresentam queixa, depois voltam para a mesma casa do agressor, ou mesmo que separados acabam por ser mortas, porque a protecção que deveria existir ou não existe ou não é accionada, existem falta de formação dos magistrados e da polícia que não sabe ainda muito bem o que fazer, e no nosso país as ameaças muitas vezes não são levadas a sério, mas são cumpridas…
    A V.D. não é só física, existem muitos casos de violência psicológica, eu própria fui vítima disso, sei o que é ser-se humilhada, rebaixada em frente de todos ser-se tratado abaixo de cão, eu senti isso, ao ponto de ter tentado o suicídio 2 vezes, ter estado internada em psiquiatria, ter feito tratamento, só me consegui “curar” quando um dia disse basta já chega… Nessa altura era uma sombra de mim mesma, não sabia sorrir, tinha medo de falar de andar, de conversar, enfim de tudo, tudo era motivo para uma nova discussão… Aguentei durante 18 anos porque tinha 2 filhos(uma rapaz e uma rapariga) e achava que era o melhor para eles, mas hoje á distância vejo que estava tão errada e todos os dias em pensamento peço perdão aos meus filhos, quando sai de casa, comecei a viver, deixei de ter a vida desafogada, que tinha, não posso comprar certas coisa que comprava, mas tenho paz e o reconhecimento e o amor dos meus filhos que sei que olham para mim e sentem orgulho, mas também sei que se continuasse a viver aquela inferno eles hoje não me respeitavam, e nada pode ser mais penalizador do que perder o respeito e o orgulho dos nossos filhos… No divorcio fiquei sem nada, sem casa, sem carro, sem dinheiro sem bens , sem nada, mas não me arrependo, conquistei o respeito e a paz que eu tanto queria e que me faz feliz, por isso compreendo muito bem o que as mulheres sentem quando vêm que têm que largar tudo, não é nada fácil.
    Mas quando hoje chego a casa e sinto aquela paz, sento-me á mesa com os meus filhos e conseguimos rir das banalidades de cada dia, quando eles dizem mãe adoro-te o meu coração enche-se de força e coragem para mais um dia….
    Abri mão dos meus direitos, dos bens materiais em nome de uma vida nova, em nome de uma paz, sei que não foi correcto deixar o meu ex com tudo mas não tinha outra alternativa, foi o preço que tive que pagar pela minha vida, pela minha segurança e dos meus filhos, quando descobri que se ele ficasse com tudo me deixaria em paz, não confiei na justiça na alegada Protecção e não pensei duas vezes, andava a ser ameaçada, tive que fazer queixa na PSP, mas nada foi feito, foi aberto inquérito, mas o meu ex continuou sempre por perto e decidi que seria melhor deixar de lutar pelos bens materiais…
    No inicio foi muito complicado, ele levou o meu filho rapaz e mais velho para viver com ele, comprou a criança, com 13 anos na altura com roupas de marca e prendas, passado 2 anos o meu filho passava fome, ia da escola a pé 3 Km para casa e ficava lá toda a noite até o pai chegar sozinho sem comer, ao fim de semana o pai saia e não deixava almoço ao filho, fui alertada por um familiar, e com muita esperteza e inteligência trouxe o meu filho para junto de mim, hoje com 21 anos agradece a mãe que tem… ainda vive comigo… e posso dizer que os meus filhos são os meus melhores amigos, somos uma família feliz.
    Por tudo isto apenas quero dizer ás mulheres como eu que vale a pena lutar, vale a pena deixar tudo, começar de novo, porque mais vale sozinhas do que mal acompanhadas…

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    1. monica antonio

      olá boa tarde, não poderia concordar mais com a sua opinião, em Portugal prevalece o velho e péssimo ditado “entre marido e mulher não se mete a colher”. Neste momento vivo esta situação e sinto na pele que a minha opinião ( e a sua) infelizmente sempre esteve correcta, o sistema defende o agressor e não as vítimas.
      Os meus pais sempre tiveram uma espécie de relação turbulenta, marcada por discussões e até agressões… lembro-me de a partir dos 10 anos pedir à minha mãe para se divorciar. porque é indescritível o sentimento de medo e terror que as discussões repercutem (lembro-me de nos momentos mais críticos passar noites em claro por achar que de manhã teria um dos meus progenitores mortos em casa, ou largar o meu cepticismo e render-me a uma fé que até hoje não consigo integrar em mim… e rezar, pelas palavras dos outros, mas rezar realmente com o coração a pedir que o meu “pai” não regressasse a casa).
      Actualmente deparei-me com a magnífica cena de ter a minha mãe encharcada à porta do meu trabalho a pedir-me abrigo porque o meu pai não a deixava entrar em casa. Sem pensar duas vezes (apesar de saber em que buraco negro me ia enfiar) dei abrigo à minha mãe, tenho-a comigo; pedi-lhe para que apresentasse queixa… fui com ela à Apav em Santarém (onde a minha mãe proferiu algo como “ele não é assim tão agressivo”). Fui ameaçada e perseguida pelo meu suposto “pai” apresentei também queixa – 16 de Agosto – (em que a própria polícia me desencorajou)… até hoje ainda nem sequer fui chamada a prestar declarações. Por desespero dei comigo a ir ao tribunal pedir para não arquivarem as queixas porque me sentia ameaçada e afins, ao que me respondem algo como “vá ter com a delegada de saúde , mas não lhe diga que ele sempre foi assim… diga-lhe que ele agora está assim” ao que respondi em pranto , mas respondi “não vou a delegada nenhuma de saúde, mentir…. anular todo o inferno que foi a minha vida. Simplesmente cheguei à fase de já não ter paciência, de já não acreditar que as pessoas podem ser mais do que mostram”. Tive de pedir auxilio a cruz vermelha e cáritas para acolher a minha mãe com as mínimas condições… e de facto terei de prescindir de uma alimentação cuidada e de alguns luxos (que nem deveriam ser considerados luxos)… mas sei que não voltarei atrás apesar de até o meu trabalho estar na berlinda… eu quero viver, eu tenho esse direito… se tiver de fugir (contra senso) fugirei…
      Continue com o seu bom trabalho e que nunca ninguém o cale…

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    2. MLG

      Obrigado Maria por ter partilhado a sua história de vida. É um exemplo de grande coragem e dignidade. Fiquei mais rico por a ter lido. E tem razão quando diz que estava errada por ter suportado tantos anos, pensando nos filhos. Nenhum filho agradece crescer num ambiente de hostilidade entre os pais. Nenhum filho pode gostar de ver um dos elementos do casal a ser humilhado e maltratado. Um beijo

      Responder
  15. Vanda

    Na minha opinião, próprio sistema não funciona, por muito que existam queixas na APAV, ou, outras associações similares o Sistema de Protecção às Vitimas de Violência Doméstica não funciona, e , reforçando, na minha opinião é aí que se deve insistir: no Sistema de Protecção às Vitimas de Violência/Maus Tratos. O Estado português deveria avaliar estes problemas sociais mais afincadamente, e não colocar apenas responsabilidade social e civil nas vitimas, ou seja, não havendo denuncias não há soluções, por exemplo, isto é o que eu acho que o Estado pensa hipoteticamente, não são só, e, apenas as vitimas de Violência Doméstica que devem denunciar, até porque é muito complicado para as próprias vitimas denunciarem os casos, principalmente quando existem crianças no meio familiar, ficam confusas entre as ameaças aos filhos, as agressões de que são alvo e as falsas promessas de melhorar o comportamento por parte do/a agressor(a). Todos estes factores fazem que num espaço de segundos a vitima recue de um acto de denuncia para um acto de desculpar a situação esperando sempre que o/a agressor(a) modifique o seu comportamento. As vitimas de Violência Doméstica vivem, constantemente, em ilusão permanente, vivem aterrorizadas, sentem que não podem confiar em ninguém e que ninguém as consegue ajudar e por isso se “sujeitam” a este tipo de agressões, sentem vergonha e muitas vezes não partilham e não pedem ajuda. Todas as pessoas têm o Dever Cívico de denunciar uma caso de Violência Doméstica e Maus Tratos a Menores e e casos similares. Não cabe à consciência de cada um fazer ou não a denuncia de um caso de Violência e Maus Tratos, é um DEVER que temos para connosco e para com a sociedade em que vivemos, DENUNCIAR qualquer tipo de Violência.

    Responder
  16. Filipa Cardoso

    “O amor deveria perdoar todos os pecados, menos um pecado contra o amor. O amor verdadeiro deveria ter perdão para todas as vidas, menos para as vidas sem amor.”

    Quando aprecio ou tenho conhecimento em meu torno um ato tão cobarde, o meu interior estremece. Não sei, se de medo por reagir, ou por raiva, revolta e perca de qualquer sentimento positivo pelo agressor.
    Meu sangue ferve e minha boca fala.
    Não à violência, seja ela de que forma for.

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  17. mihaela pasca

    ola Manuel.admiro-o muito pelo que faz para as mulheres!as vezes e complicado ajudar essas mulheres quando elas próprias não querem ser ajudadas. tenho uma amiga(vou chamar-la A) que sofre muito por a irmã(vou chamar-la B) ser vitima de violência domestica e que não consegue convencer-la deixar o marido .uma vez o marido bateu na irmã B) em casa dela(A) e quando interveio,se não fosse um amigo comum,tinha levado por tabela também.a irmã B ficou zangada com a irmã A algum tempo,por essa contar ao marido dela (de A) o que que aconteceu e esse,por sua vez,contou aos pais das ambas.a irmã B .a irmã B tem uma mentalidade de “homem machista” ao dizer que : “homem que e homem não lava a loiça e não lava o chão” e critica sempre as mulheres que “chamam atenção ” aos parceiros( por algumas atitudes deles) ,em publico.queria tanto ajudar a irmã A mudar a mentalidade da irmã B,mas não sei como…..beijinhos e obrigada por ser a pessoa que e !

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  18. manuela

    Manuela Luis,(compreendo)o medo que as mulheres que passam por isso têm em denunciar os seus companheiros…pois infelizmente também passei por isso.
    Aguentei em silêncio todas as humilhaçôes psicologicas e ameaças até ao dia em que o (animal)é assim que me refiro a ele, tudo mudou ,quando ele me tentou matar com uma faca de coz,inha.
    Sendo Eu irmã de um agenteda P.S.P. não podia continuar numa situação destas sem a denunciar…mas do dizer ao fazer vai uma diferença grande.
    Fugi então para casa dos meus pais,mas as ameaças por telefone tanto a mim como aos meus pais continuaram…sofria perseguissões para qualquer lado que fosse,mas eu nunca ia sozinha para lado nenhum a minha mãe acompanhava-me sempre que podia,parecia impossivel como é que ele sabiapara onde eu ía.
    Foi então que um dia quando eu vinha para casa do trabalho ,que ele tentou abalrroar o carro que eu conduzia,muito aflita quando pude liguei para o meu irmão,e ele disse-me:”ou vais tu fazer queixa dele ou trato eu do assunto”.Foi então que apresentei queixa dele na P.S.P…Posso dizer que foi um dia abençoado,nunca mais aquele (animal) me ameaçou ou perseguiu depois de ter sido chamado ás autoridades.
    Mas ainda hoje passados 7 anos,quando me cruzo com ele ,sinto o medo e a senssação de terror que tive quando me tentou matar,mas se Deus quiser há-de passar.
    Deixo aqui o meu testemunho para todas as mulheres que estão a passar pelo mesmo,que tenham coragem para denunciar esses (animais).
    Bem hajas Manuel Luis por seres como és…beijinho!!

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  19. Fernando Pais

    Sr. Goucha – Concordo em absoluto com a sua opinião e sobre os programas onde este assunto e o da pedofilia são discutidos; mas…. “Quanto mais se fala, mais lembra o assunto”. Não seria preferível não mexer tanto nestes assuntos ? Os monstros que praticam estes actos vêm o que acontece aos outros, as penas que lhes são aplicadas e não hesitam em fazer o mesmo. – Melhores cumprimentos

    Responder
    1. MLG

      Não concordo de todo consigo Fernando. A discussão destes temas pode mudar mentalidades. Não falar é como se esses problemas não existissem, é como ignorar. Um abraço.

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  20. Graça Martins

    É muito fácil um ser, que habitualmente se designa por homem, usar o seu tamanho e força para subjugar alguém mais frágil. Ninguém nunca, a não a própria, saberá o que sente uma mulher que é pontapeada, esbofeteada e agredida por alguém contra quem pouco pode fisicamente. Mas pode muito psicologicamente, embora muitas não o saibam. Os agressores são cobardes, seres que só se impõem pela força, mas confrontados com pessoas que os denunciam, frequentemente “metem o rabinho entre as pernas” e acobardam-se. A mim, o meu agressor bateu-me uma vez. Uma única vez foi o suficiente para perceber que não podia continuar naquela relação. Infelizmente muitas mulheres ficam, têm esperança de que eles mudem, que se tornem pessoas melhores, ou simplesmente pessoas. Para mim, uma vez chegou. Mas ninguém pense que é fácil. Na esquadra ainda recordo o ar do polícia: “Então e não fez nada para provocar a agressão?”. A sério? Há alguma coisa que justifique a agressão? Foi a minha pergunta. Mas o polícia viu uma “miúda” de 30 anos, com bom ar e achou “se apanhou é porque deve ter merecido”. É a mentalidade que ainda temos. Passaram 18 anos sobre esse dia e ainda me dá um nó na garganta quando falo nisto. Foi um período terrível, mas hoje sou uma pessoa mais forte e mais em paz comigo por não ter permitido que continuasse, por ter saído à primeira. Magoada, mas mantendo a coisa mais importante que todos nós temos, o respeito por mim mesma. Porque quando não nos respeitamos, nunca poderemos respeitar o próximo. Bem-haja Manuel Luís, por erguer tanta vez a sua voz em defesa das mulheres, por ser tão HOMEM. Bem-haja!

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  21. Patrícia

    É uma realidade que a mim me causa nervos bastante fortes… calar e esconder nunca!!! E todos deviam ajudar a denunciar! Continuo sem perceber porque é que tantas mulheres ainda hoje não tomam certos passos na vida…. há medo sim eu sei, mas há uma vida que nos pertence e temos de a viver intensamente…. porque o hoje sabemos como está a correr, o amanhã não….!

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  22. manuela

    Manuela Luis Goucha:quero em primeiro lugar agradeçer-lhe o que tem sido incansável em (alertar) as pessoas para esta triste realidade,em Portugal…
    Eu entendo o medo que muitas mulheres têm em denunciar essa situação por que passam….entendo porque infelizmente passei por essa situação. O terror era tanto que Eu não conseguia contar a ninguem,Ele conseguiu colocar-me no fundo do poço,até ao dia em que aquele (animal, é assim que eu lembro),tentou matar-me com uma faca de cozinha… fugi então de casa e fui para casa dos meus Pais.
    Mesmo assim não consegui apresentar queixa,omeçaram então as perseguissões.
    Sendo o Meu irmão agente da P.S.P.,Eu tinha ainda mais receio,tinha medo que o Meu irmão perdesse a cabeça e depois dava cabo da vida dele,porque o (animal)também ameaçava os meus pais por telefone.
    Mas um dia depois de uma das persegissões dele.Eu ganhei coragem e denunciei-o.
    Posso dizer DIA ABENÇOADO!!!Nunca mais me perseguiu.
    Mas o medo ainda continua cá dentro porque cada vez que me cruzo com ele de carro,(como de costuma dizer cai-me tudo),e já se passaram 7anos. Mas um dia tudo vai passar.
    Que todas as mulheres que passam por isso ganhem coragem para os denunciar(o que não é fácil).
    Bem hajas MANUEL LUIS por seres como és!!

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  23. cristina duarte

    O mundo é belo de mais, as pessoas não o sabem apreciar, não é com guerras que se chega a uma boa solução, á que amar, deixemo-nos de ódios, se as pessoas não se entendem á que partir deixando viver cada um como quer, ninguém é objeto de ninguém, ninguém tem o direito de tirar a vida a ninguém.

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  24. Fátima Santos

    Horrendo e abjeco, é o que se me apraz dizer sobre os homems que violentam as mulhres. Penso que esta atitude de violência e domínio sobre as mulheres, infelizmente ainda tem muito de cultural, e por muitos anos que se passem, continua no subconsciente de muitos homens, a ideia, de que a mulher é sua propriedade! Só a educação e a formação cultural podem mudar esta forma de pensar, e tomarem também a consciência, de que, a justiça é justa e corretiva para com aqueles que praticam estes crimes! Sabemos que há juízes que não têm feito o seu trabalho de forma exemplar, por isso há que ter mão pesada! E a polícia deveria ter um departamento de apoio para estas situações. Eu vi à minha frente, em criança, uma vítima do marido, não foi familiar meu, mas era como se fosse…e a imagem é terrivel, ainda hoje não me sai da cabeça…ira descontrolada, desamor, cíumes, o que seja, somos animais pensantes e podemos ser civilizados em vez de sermos selvagens..! Acredito que os tempos conturbados, instáveis, inseguros que se vivem, levam muitas pessoas ao desespero e a atos tresloucados numa tentativa de acabar com os problemas, arranjando outros ainda maiores! Tenho especial respeito pelos orfãos pequeninos, que nunca conseguirão entender o porquê…tenho pena das mulheres que morrem sem terem tido oportunidade de se defenderem e seguirem com as suas vidas! Temos obrigação de denunciar, mas temos de ter consciência que é uma luta que está longe de ser ganha!

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  25. maria santos

    o medo é que faz nós calarmos . já sofri com maus tratos psicológicos ,verbais e físicos . do primeiro e do segundo marido.,são sequelas que fica para sempre no nosso cerébro mas hoje me encontro sozinha

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